quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

MANDELA, O HERÓI

O mundo perdeu o maior símbolo da luta pela liberdade, igualdade, justiça e democracia. Partiu o último herói do século XX, mas ficará guardado, na nossa história, como um dos homens mais extraordinários.
A obra de Nelson Mandela é um exemplo para o mundo. Milhões de pessoas inspiram-se no homem que foi sempre fiel aos seus princípios, que nunca desistiu de lutar contra um violento regime racista e que teve coragem para perdoar quem o condenou.
Saiu da prisão com 72 anos, mas ainda tinha a força de um jovem. Força para mostrar que a caminhada, para uma nação livre, pode ser longa, no entanto, nunca é tarde para a “terminar”…    
“O estadista mais amado” do mundo, como apontou o “The New York Times”, marcou a história sul-africana com uma liderança política perseverante, tendo tido a capacidade de unir uma nação destroçada pelo ódio racial. O râguebi foi uma das suas armas, mostrando que o sol, quando nasce, é mesmo para todos.
Um líder carismático e inclusivo, nunca sectário, que sonhava construir a “nação arco-íris”. O país perdeu brilho, mas o seu sorriso fascinante vai permanecer eterno.
Mandela é a prova de que a humildade e simplicidade podem levar qualquer homem a conquistar os seus sonhos, num mundo que é, cada vez mais, arrogante e hipócrita. 
Deixou-nos inúmeras frases marcantes, frases que inspiram, sobretudo, activistas dos direitos humanos. O seu legado não pode desaparecer. O mundo e, nomeadamente, os sul-africanos têm de continuar a sua caminhada…
Mandela foi mesmo um herói, um herói de carne e osso, capaz de emocionar a humanidade, ao dizer que, “Os verdadeiros líderes devem estar prontos a sacrificar tudo pela liberdade do seu povo”.
Palavras para quê?

Obrigado, Madiba!

Comentário político na "Rádio Alto Ave" e jornal "Geresão" (09/12/2013).

terça-feira, 5 de novembro de 2013

A DUREZA DO ORÇAMENTO


           No passado dia 1 de Novembro, o Orçamento do Estado para 2014 foi aprovado, na generalidade, pela maioria PSD/CDS-PP.
Por incrível que pareça, não se verificam mudanças na estratégia do Governo que está a sufocar e a empobrecer os cidadãos, a atirar milhares para o desemprego, a afundar inúmeras empresas e a aumentar a dívida pública. Parece que é difícil chegar à conclusão de que, o caminho da austeridade é o caminho da desgraça económica e da destruição do Estado Social.
Até custa ouvir o Governo falar em estratégia quando verificamos que, esta, não baixou o défice de 2013, isto é, aplicaram um violento pacote de austeridade, que não serviu para rigorosamente nada. Sinceramente, para permanecermos nestes moldes, poderia ter continuado Vítor Gaspar. 
Uma das grandes falhas do Executivo de Passos Coelho é, precisamente, o facto de ter começado a legislatura pelo caminho mais fácil, optando por uma consolidação orçamental pelo lado da receita. O “enorme aumento de impostos” arrasou o país e, agora, é que decide reduzir a despesa. Certamente que o país estaria melhor, se tivesse optado, desde logo, pelo corte na despesa.
É verdade que, dois terços da despesa do Estado estão concentrados em salários e prestações sociais, e é inevitável cortar aqui. No entanto, não se afigura grave que, nos salários a partir de 2000 euros a redução ascenderá a 12%, podendo chegar aos 15%. O que inquieta e impressiona é que, vão atacar salários do sector público e pensões pouco superiores ao salário mínimo nacional, o que é absolutamente lamentável, dramático e desumano.
Com um Orçamento que não lembra ao diabo, vemos que o Governo continua a ser forte com os fracos e fraco com os fortes. Lançam uma taxa para as empresas de energia, e aumentam o imposto sobre a banca, mas não “tocam” nas assustadoras Parcerias Público-Privadas (PPP), e não aplicam uma taxa sobre o sector das telecomunicações.
Por outro lado, é um Orçamento que não quer saber do crescimento económico, nem contempla significativas políticas de apoio à criação de emprego. Estranhas prioridades... Se perdessem menos tempo a estudar projectos sobre o limite de cães e gatos, por apartamento!
         Os cidadãos ficarão mais pobres e o défice ficará longe das previsões, a não ser que ocorram “milagres económicos”. O melhor mesmo é que o ministro da Economia, Pires de Lima, passe mais tempo em Portugal, para que se aperceba, verdadeiramente, do estado do nosso país. E, assim, divulgue a reforma do IRC, que tanto promete, e confirme, com os seus próprios olhos, o erro da manutenção do IVA na restauração.
Depois disto, alguns perguntarão: “E valerá a pena tantos esforços?”. Os sacrifícios não vão valer de muito e o Tribunal Constitucional ainda vai entrar em cena...

Comentário político na "Rádio Alto Ave" e jornal "Geresão" (04/02/2013).

terça-feira, 15 de outubro de 2013

ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS


PSD
O partido de Sá Carneiro foi duramente derrotado, registando um dos piores resultados de sempre. Pequenos exemplos do desastre: as apostas em pára-quedistas para Porto, Lisboa e Oeiras saíram completamente furadas, e as apostas ridículas em Carlos Abreu Amorim, para Gaia, e Pedro Pinto, em Sintra, resultaram em derrotas humilhantes!
É claro que Passos Coelho é o principal culpado. Todo o processo autárquico foi muito mal gerido e os resultados têm, obviamente, uma leitura nacional (uma resposta dos portugueses aos brutais ataques que têm sofrido).

CDS, Bloco, PS e CDU
O CDS ganhou um pequeno balão de oxigénio, mas a esquerda saiu vitoriosa, com excepção do Bloco de Esquerda, que desapareceu completamente do mapa eleitoral. Confirma-se: o coordenador do Bloco de Esquerda não convence ninguém e o partido está ligado às máquinas! 
O PS e a CDU foram os grandes vencedores do acto eleitoral.
O partido socialista obteve mais votos e mais câmaras, e a CDU conseguiu recuperar algumas câmaras importantes, como Loures, Évora e Beja.
Seguro ganhou balanço para as Europeias, e a CDU mostrou que está bem viva e recomenda-se.

Porto e Lisboa
No Porto, fez-se história. Adivinhava-se a vitória do candidato independente Rui Moreira, desde que se percebeu que derrotaria Pizarro com facilidade, e que Rui Rio “arrumaria” com Menezes.
Em Lisboa, foi um duelo de “David contra Golias”. António Costa andou sempre a grande velocidade e cilindrou Fernando Seara, que nunca teve noção da dura batalha na qual se tinha envolvido.  

Surpresas
A direita ganhou Braga e Guarda. O PS arrebatou a câmara de Vila Real e Coimbra. Finalmente, está à vista o fim da linha para Alberto João Jardim, depois de perder sete câmaras na Madeira; e o candidato independente Guilherme Pinto ganhou em Matosinhos contra o que classificou de “ditadura dos partidos”.
Referência, também, a um aumento considerável das candidaturas independentes e ao enorme e surpreendente voto de protesto contra os partidos.
Realça-se uma clara insatisfação dos eleitores em relação à classe política, e regista-se uma crescente descredibilização dos políticos.
É oportuno recordar uma frase de António Costa: “A vida política não é um concurso de vaidades”.
Os partidos devem, por isso, tirar cuidadosas ilações, sobre este voto de protesto.

Comentário político no "Geresão", "Notícias de Vieira" e "Rádio Alto Ave" (08/10/2013).

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

TC, DÉFICE E RUI RIO


Tribunal Constitucional
O TC tem criado verdadeiras dores de cabeça ao Governo e a resposta de Passos Coelho passa por lançar duras farpas aos juízes do Palácio Ratton.
É óbvio que o TC pode ser criticado, mas há que salientar que Passos Coelho tem ultrapassado os limites do aceitável para um primeiro-ministro, principalmente quando disse: “Já alguém perguntou aos 900 mil desempregados de que lhe valeu a Constituição até hoje?”. É curioso que esta questão tenha sido colocada por um dos portugueses que menos se preocupa com os desempregados.
Entretanto, o TC entendeu que os autarcas podem saltitar. A actual Lei de Limitação de Mandatos está a descredibilizar os políticos e a política, tendo lançando o “caos” em vários concelhos. Não é permitindo a candidatura de autarcas paraquedistas, desejosos unicamente de continuar no poder, que se consegue uma necessária lufada de ar fresco na vida política portuguesa.
Precisamos de uma nova Lei de Limitação de Mandatos que esclareça de uma vez por todas se há ou não há limites.

Défice
O ministro-adjunto, Miguel Poiares Maduro, está a tentar afinar a estratégia e a mensagem política do Governo, no entanto, parece que há quem esteja a faltar às “aulas”. Quando se pensava que os inúmeros erros na coordenação do Governo já faziam parte do passado, eis que Portas e Passos dizem coisas diferentes em relação ao défice para 2014.
Porém, independentemente da meta do défice a alcançar em 2014, é certo que os ataques ferozes aos funcionários públicos e pensionistas vão continuar, não se vislumbrando qualquer sinal de abrandamento na tecla da austeridade.   

Rui Rio
Se há autarcas que vão deixar saudades, um deles é Rui Rio. Geriu a Câmara do Porto de forma exemplar, sempre com enorme transparência, seriedade e rigor financeiro.
Rio fez obra, mas deixará o Porto com contas de fazer inveja a muitos municípios, nomeadamente a Gaia, onde sai minhoca sempre que se mexe na terra.     
        Admirado por muitos portugueses, crê-se que o seu percurso político não vai ficar por aqui. O país precisa de políticos como Rui Rio.  

Comentário político no jornal "Geresão" (11/09/2013). 

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

PIRES DE LIMA E STOLTENBERG




António Pires de Lima
Apesar de ser ministro da Economia há pouco tempo, Pires de Lima já recebeu duas notícias animadoras: a taxa de desemprego baixou e prevê-se o fim da recessão. Mas nada de euforias, o país vive momentos de incerteza e Pires de Lima não quer apanhar as canas, à semelhança do que já aconteceu com alguns membros do Governo.       
Dono de um currículo respeitado por todos, não se percebe o porquê de Pires de Lima não fazer parte do Governo desde o início da actual legislatura (teimosia de Passos Coelho?). 
Agora, veremos se mantém o “estado de graça” e avança para a redução do IVA da restauração, como era seu desejo antes de ocupar a pasta da Economia.


         Jens Stoltenberg
        O primeiro-ministro da Noruega disfarçou-se de taxista para ouvir as queixas dos seus eleitores. Uma forma divertida de estar em contacto com a população e que deu resultados.
        Em Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa já o fez quando foi candidato à câmara da capital, mas, hoje em dia, seria um risco porque vivemos num ambiente explosivo. No entanto, caso algum membro do Governo tenha vontade de o fazer, é bom que não seja Paulo Portas…

         Comentário político no jornal "Notícias de Vieira" (27/08/2013).

segunda-feira, 15 de julho de 2013

CAOS POLÍTICO

Temos assistido a episódios verdadeiramente tristes e vergonhosos na vida política nacional quando alguns já pensavam que tínhamos batido no fundo.
Depois de se efectuar um balanço desastroso de dois anos de acção governamental, as peças do dominó começaram a cair assim que Vítor Gaspar se demite, reconhecendo o falhanço da estratégia orçamental recheada da austeridade que aplicou. Gaspar já se tinha perdido no caminho há muito tempo. Deixou o país com uma taxa de desemprego a rondar os 18%, enfrentamos uma grave espiral recessiva e a dívida pública disparou fortemente. É importante realçar que foi o PSD e o CDS que empurraram o país para eleições e que diziam há pouco tempo que o sol brilhava…
Posteriormente, o líder de um dos parceiros de coligação bate com a porta. Depois de tantas humilhações, Paulo Portas pede a demissão, mas não demora a dar sinais de vida porque quer ser promovido. O cheiro do poder é tão intenso que o que é “irrevogável” rapidamente deixa de o ser. Não há forma de explicar esta cartada completamente irresponsável, vinda de um animal político como Portas (ele que tantas vezes falou em “sentido de Estado”). Esta jogada tirou-lhe as vidas que restavam das sete…
Os portugueses estão preocupados com aqueles que vivem num mundo imaginário e não querem mais malabaristas. Vejamos ao estado a que isto chegou: o PSD ganhou as eleições mas, no meio desta embrulhada, até já está disponível para entregar os principais poderes ao CDS. Os últimos acontecimentos feriram gravemente o Governo, a sua credibilidade é zero, e nada se iria alterar caso avançasse uma remodelação.
Do outro lado da barricada, o Presidente da República assistiu a esta calamidade política de forma impávida e serena durante vários dias, decidindo falar ao país apenas no dia 10 de Julho (aguarda-se, agora, uma segunda declaração para explicar com clareza o que foi dito).
A comunicação de Cavaco Silva surpreendeu, não dando aval ao acordo fictício proposto por Passos Coelho e Paulo Portas. O chefe de Estado quer um acordo de “salvação nacional” entre PSD, PS e CDS até a “troika” abandonar o país. Na falta de uma posição corajosa do Presidente da República, nada a que já não estivéssemos habituados, a realidade é que as probabilidades de os partidos aguentarem o barco até Junho de 2014 são praticamente inexistentes. Não percebo como é que os três partidos vão entender-se quando os parceiros de coligação andam às turras e quando se sabe que o PS não apoiará o Governo sem eleições. O Executivo ficou ainda mais fragilizado (não sei o que falta acontecer para Passos Coelho pedir a demissão) e o PS vai livrar-se desta embrulhada.
As incertezas são muitas e o melhor era que Cavaco Silva dissesse algo como isto: “Bem, ultrapassamos os limites. Isto está um caos e agora batemos mesmo no fundo. Vou dissolver o Parlamento e marcar eleições”. É óbvio que há factores que desaconselham a realização de eleições antecipadas, como a entrada tardia do Orçamento do Estado para 2014, no entanto, é uma medida “excepcional” para tempos políticos “excepcionalmente” caóticos e medíocres.
Em suma, Portugal está ligado às máquinas e o pessimismo é assustador ao vermos comportamentos que roçam a garotice, que são pouco responsáveis e que brincam com o esforço de todos os portugueses.

Comentário político na "Rádio Alto Ave" e jornal "Geresão" (12/07/2013).

segunda-feira, 17 de junho de 2013

O CAMINHO DA DESGRAÇA ECONÓMICA E SOCIAL


Dois anos depois das eleições que ditaram a vitória de Passos Coelho, o balanço da acção governamental resume-se a uma só palavra: falhanço!
As políticas neoliberais deste Executivo estão a reduzir o nosso país a cinzas, tentando iludir os cidadãos com falsas esperanças. É bom recordar algumas previsões do Governo para este ano que foram feitas em Agosto de 2011: taxa de desemprego de 13%, crescimento do PIB de 1,2% e endividamento público de 106,8% do PIB. As previsões falharam redondamente: o desemprego já vai nos 18,2%, caminhamos para uma recessão de 2,3% do PIB e a dívida pública superou os 127% do PIB. Não se percebe como conseguem viver num mundo imaginário, traçando cenários de sonho para um país que respira austeridade.
Os portugueses já não vão em cantigas e a prova disso é o facto de a popularidade do Governo estar a cair a pique, atingindo mínimos históricos… O Executivo não podia esperar outra coisa quando: agravam obsessivamente os impostos; cortam brutalmente na saúde, educação e segurança social; reduzem significativamente os salários dos trabalhadores, reformados e pensionistas. Os resultados destas políticas são o empobrecimento, o aumento do desemprego, a ruína da economia e um maior endividamento. Está difícil chegar à conclusão que este é o caminho da desgraça económica e social.
A coligação PSD/CDS é simplesmente uma farsa. Os dois partidos aproximam-se do ponto de vista ideológico, mas divergem consideravelmente nas políticas. O partido centrista, com Paulo Portas na sua zona de conforto, quer manter-se no poder e está a sujeitar-se a tudo, inclusive a humilhações. Ou seja, a coligação até pode abanar, mas nunca vai cair por vontade dos seus parceiros.
Há uma grande incerteza sobre os próximos dois anos, desconfiando-se até se o Governo de Passos Coelho conseguirá trabalhar para as legislativas de 2015 porque a palavra final é sempre da “troika”. No entanto, mesmo com falta de credibilidade e sem se saber se já batemos no fundo, podem contar de forma segura com o apoio do amigo Cavaco. Felizmente, ainda temos o Tribunal Constitucional…
            Em suma, à excepção de Passos Coelho, Vítor Gaspar, Cavaco Silva e “troika”, haverá alguém que acredite que estamos no bom caminho?

Comentário político na "Rádio Alto Ave" e jornal "Geresão" (11/06/2013).

quinta-feira, 6 de junho de 2013

APROXIMAM-SE AS AUTÁRQUICAS


As eleições autárquicas começam a fervilhar e as sondagens estão a aparecer. Se, por um lado, os resultados das sondagens já premeiam alguns candidatos que têm trabalhado de forma intensa e séria para as eleições que vão decorrer no final de Setembro ou início de Outubro; por outro lado, confirmam que a política não é definitivamente um concurso de vaidades. 

As últimas sondagens do JN sobre as eleições autárquicas só revelam surpresas aos mais distraídos.

Em Lisboa, António Costa pode colocar as garrafas de champanhe no frigorífico. Os lisboetas reconhecem extrema competência ao actual presidente e a vitória será por números muito expressivos. Seara pode “esquecer” a capital porque os eleitores não confiam em pseudo-candidatos.

Menezes lidera as sondagens no Porto, ficando muito longe de conseguir os resultados de Rui Rio, e Rui Moreira alcança um resultado bastante interessante. O independente pode pensar na vitória, verificando-se que os portuenses não apreciam muito a sede de poder de Menezes e consideram o candidato do PS, Manuel Pizarro, um autêntico erro de “casting”.

Em Gaia, o socialista Eduardo Rodrigues segue na liderança e tem todas as condições para ganhar frente a adversários fracos: Guilherme Aguiar quer é um lugar no executivo, tanto faz que seja em Gaia ou Matosinhos; enquanto Abreu Amorim, candidato do PSD/CDS-PP, não acerta uma, ora pedindo a demissão de Gaspar para ganhar votos, ora chamando “magrebinos” aos benfiquistas num momento de loucura…

A direita pode ganhar em Braga, o que seria um resultado histórico, mas é difícil acreditar neste cenário, uma vez que não se sabe para onde caminha Ricardo Rio. O PS perderá claramente em Matosinhos para o homem que afastou, Guilherme Pinto, apostando num candidato, António Parada, que tem ideias perigosas e que roçam a estupidez. Destaque, ainda, para uma luta renhida que se prevê entre os candidatos dos dois maiores partidos à presidência da Câmara de Vila Real.

          É verdade que as próximas eleições serão difíceis para o PSD porque muitos autarcas “laranja” atingiram o limite de mandatos e a forte contestação ao Governo penalizará o partido, mas as sondagens ainda não revelam descalabro à direita.

Comentário político na "Rádio Alto Ave" e jornal "Notícias de Vieira" (04/06/2013).

quinta-feira, 16 de maio de 2013

PARTIDO DOS PENSIONISTAS?


O Governo anda desgovernado e tudo está a acontecer. O primeiro-ministro lançou mais medidas de austeridade e Paulo Portas saiu a terreiro, com grande pompa e circunstância, para manifestar-se contra a “TSU dos pensionistas”. Foi elogiado pela sua atitude, mas eis que há um recuo e a taxa sobre pensionistas é incluída no grupo de medidas apresentado à “troika”.
Está visto que o CDS não é definitivamente o partido dos pensionistas, o que se vê é que o “Dr. Paulo Portas tem duas caras”, como disse Maria do Rosário Gama, presidente da Associação de Pensionistas e Reformados. A palavra de muitos políticos não vale mesmo nada!  
As relações entre PSD e CDS estão muito tensas há bastante tempo e a coligação é uma autêntica fachada. As palavras de Portas não batem com as de Passos Coelho, o líder centrista não tem peso nenhum no Governo e o ministro Luís Marques Guedes chama “líder da oposição” a Portas. O Governo não tem credibilidade nenhuma! O que falta acontecer? Para ajudar à festa, o vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, Carlos Abreu Amorim, pediu a demissão de Gaspar…
(...)
Comentário político na "Rádio Alto Ave" e jornal "Geresão" (13/05/2013).

quarta-feira, 8 de maio de 2013

AINDA HÁ VISIONÁRIOS!


O primeiro-ministro anunciou novas e mais duras medidas de austeridade para reduzir a despesa do Estado, o que é o resultado de uma gritante falta de estratégia governamental… 
As ideias mirabolantes de Vítor Gaspar continuam a avançar, sempre com a cobertura de Passos Coelho, e são mais um forte ataque aos funcionários públicos, pensionistas e reformados. A única diferença é que Paulo Portas foi mais longe e manifestou-se contra a contribuição especial sobre pensões…
As relações entre os dois parceiros de coligação estão tensas há bastante tempo, mas, por incrível que pareça, esta medida é um dos poucos factores de divergência no Governo que o líder dos centristas assume publicamente. Porque será?
Bem, independentemente de tudo, depreendem-se três aspectos fundamentais:
1.º: As palavras de Paulo Portas não batem com as de Passos Coelho;
2.º: Não estão a cortar no Estado, estão a destruir o Estado;
3.º: O primeiro-ministro não conseguirá consensos se o líder da oposição não tiver conhecimento antecipado das medidas.
Numa altura em que precisamos de inspiração vinda de bons exemplos, acho oportuno realçar algumas frases que anotei nas “Conferências do Estoril” e que tiveram a presença, nomeadamente, de dois grandes visionários: Viktor Orbán (actual primeiro-ministro da Hungria, considerado um dos principais responsáveis pela transição democrática no país) e Frederik de Klerk (ex-presidente da África do Sul, vencedor do Prémio Nobel da Paz de 1991 pelo seu contributo para o fim do “apartheid”).
- “Depois desta crise nada será como dantes” (VO);
- “A nossa comunidade não aprendeu com os erros do passado” (VO);
- “Sem a participação das pessoas não se pode fazer nada” (VO);
- “Todos os políticos querem sobreviver às próximas eleições, mas têm uma crise para resolver” (VO);
- “Taxamos o consumo e não os rendimentos. Quem rejeita trabalho perde subsídio” (VO);
- “Ser político é ser entertainer. Tenho um animal político dentro de mim” (VO);
- “Temos de lutar pela liberdade, sou um freedom fighter. Esta geração deve lutar pela própria visão” (VO);
- “A África do Sul estava isolada” (FK);
- “O meu povo que tinha o poder estava preocupado” (FK);
- “Assistimos ao fim do mundo bipolar” (FK);
- “Os líderes políticos devem aceitar a globalização, evitando o seu impacto negativo” (FK);
- “O dinheiro do petróleo poderia ter sido aproveitado para outras coisas” (FK);
- “O apartheid está eliminado. Não podemos permitir que o passado afecte o futuro” (FK).
Em suma, era bom que muitos portugueses se inspirassem em algumas destas frases, porque seria sinal de mudança no caminho que trilhamos…

Comentário político na "Rádio Alto Ave" e jornal "Notícias de Vieira" (06/05/2013).

segunda-feira, 15 de abril de 2013

"QUE FAREI QUANDO TUDO ARDE?"


O Tribunal Constitucional (TC) declarou quatro normas do Orçamento do Estado como inconstitucionais. Demorou muito tempo a decidir e contribuiu para uma mediatização desnecessária, mas fez justiça e não política, demonstrando independência em relação ao poder político (exemplo: a juíza indicada pelo CDS, Fátima Mata-Mouros, chumbou as quatro normas). Aliás, tirando a constitucionalidade da contribuição extraordinária de solidariedade sobre os reformados, nada mais surpreendeu.
A reacção de Passos Coelho ao chumbo do TC foi absolutamente incompreensível e vai muito além do que é aceitável para um primeiro-ministro. Ouvir Passos dizer que a decisão tem “consequências muito sérias para todo o país” e que torna também “problemática a necessária consolidação orçamental para os próximos anos” foi o mais hilariante dos últimos tempos. Ou seja, o sol estava a brilhar em Portugal até ter chegado o maldito TC. Melhor que isto só quando Chávez disse que os EUA foram os culpados pelo terramoto do Haiti de 2010.
Senhor primeiro-ministro, assente bem os pés no chão e verifique que tudo está a correr mal. A taxa de desemprego vai a caminho dos 18%, a economia caiu numa espiral recessiva, as metas do défice não são cumpridas e a dívida pública bate recordes sucessivos. Se isto é correr bem, vou ali e já venho.
Se Sá de Miranda pudesse perguntar a Vítor Gaspar: “Que farei quando tudo arde?”, a resposta seria óbvia: “Rega o fogo com gasolina”. A verdade é que o caminho suicida da austeridade obsessiva prossegue a um ritmo avassalador. Ao golpe nos salários e pensões, juntar-se-ão despedimentos de funcionários públicos e teremos mais cortes na segurança social, saúde, educação e empresas públicas. E onde estão as tais “gorduras do Estado”? E que tal renegociar as parcerias público-privadas? Não conseguem mexer nas rendas excessivas? Se Sarah Palin fosse naturalizada portuguesa, todos saberíamos o que o nosso Governo não tem…
É óbvio que é utópico deixar a austeridade de lado, mas o Governo já deveria ter olhado para muitas outras coisas, principalmente para um dos maiores problemas do país: o desemprego. O programa neoliberal da “troika” não está a funcionar e o Executivo já não tem legitimidade para governar, uma vez que os partidos da coligação estão a fazer exactamente o contrário do que prometeram. E, para piorar, não se vislumbram soluções. É completamente irrealista pensar num Governo de iniciativa presidencial, Paulo Portas não tem peso nenhum na coligação, alguns ministros andam a encher pneus e Seguro ainda procura convencer muitos portugueses.
No meio disto tudo, assistimos a momentos de paródia e estupidez como a demissão do ex-Dr. Miguel Relvas. O seu mandato foi um falhanço total, como comprova o adiamento da privatização da RTP e a “reforma” administrativa feita às três pancadas, e diz que sai por não ter “condições anímicas para continuar”. Já dizia Jorge Palma: “Deixa-me rir”…

Comentário político no jornal "Geresão" e "Rádio Alto Ave" (10/04/2013).

quarta-feira, 3 de abril de 2013

O REGRESSO DO "ANIMAL FEROZ"


José Sócrates teve um regresso triunfante após dois anos de “retiro espiritual” no “país da liberdade”. Depois de tantos ataques de que foi alvo nos últimos tempos, o seu aparecimento era expectável.
É claro que Sócrates não deixa ninguém indiferente e a prova disso é que se instalou logo um grande rebuliço mal se soube que ia ser comentador político da RTP. Foi ridículo vermos milhares de pessoas a assinar petições, recusando a presença do antigo primeiro-ministro como comentador da estação pública, e tudo isto quando encontramos Marques Mendes e Marcelo Rebelo de Sousa nos outros canais generalistas. Certo é que a entrevista de relançamento que concedeu à RTP foi a mais vista de sempre, ou seja, muitos cidadãos que subscreveram as petições assistiram à entrevista, o que não deixa de ser extremamente curioso.
Sócrates teve uma excelente prestação, justificando, principalmente, o seu passado governativo. Obviamente que tem algumas responsabilidades no estado do país, mas não lhe podem ser todas incutidas. Até podem dizer que a despesa pública disparou nos seus mandatos, o que é verdade por muito que o socialista tente “esquecer”, nomeadamente, os primeiros meses de 2011. Contudo, é bom lembrar aos mais distraídos que ele foi o responsável pelo maior crescimento económico da década passada e que tínhamos um desemprego de “apenas” 12% quando saiu do Governo.
Entre “narrativas” e “embustes”, deve realçar-se três pontos:
1.º: Enquanto Sócrates ocupou a chefia do Governo, o PSD ignorou a crise internacional, mas agora aponta a crise europeia como uma das maiores entraves à recuperação de Portugal...
2.º: Ninguém sabe se o PEC IV teria “sucesso” caso tivesse sido aprovado, ou se teríamos, ou não, dinheiro para pensões e salários sem ajuda externa. O que se sabe é que o rolo compressor que se chama “troika” não seria tão destruidor com Sócrates no comando, ou melhor, não seria obsessivamente obediente à “troika” como Passos Coelho e Vítor Gaspar têm sido. Estão a aplicar uma austeridade doentia e um exemplo elucidativo é que o memorando não previa cortes no subsídio de férias e de Natal.  
3.º: As duras críticas a Cavaco Silva já eram esperadas. O nosso chefe de Estado atacou violentamente o antigo ocupante do Palácio de São Bento depois de este ter emigrado. Existiu falta de lealdade institucional quando Sócrates omitiu o PEC IV? Sim, se bem que isso não é nada comparado à quantidade de minas que Cavaco colocou no seu caminho.
Estranhou-se o facto de o antigo primeiro-ministro ter aguentado tanto tempo afastado da cena política, dado que ele precisa destes combates como Jackson Martínez precisa de golos. Os bombardeamentos à coligação serão fortes, “substituindo” Seguro nesse papel.
Ficou mais uma vez comprovado que Sócrates é um excelente comunicador e que entusiasma inúmeros portugueses com o seu estilo muito próprio. Consegue despertar paixões e ódio, não existindo meio-termo, e sabe o que quer, ao contrário de alguns, que não são carne nem peixe. 

Comentário político no jornal "Notícias de Vieira" e "Rádio Alto Ave" (01/04/2013).

quinta-feira, 14 de março de 2013

CHÁVEZ, AMADO E ODIADO


O desaparecimento do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, causou enorme impacto um pouco por todo o Mundo. Amado por uns, odiado por outros, o certo é que marcou a história do país e da América Latina, sendo a voz da região.
Chávez foi um líder carismático e populista, que entusiasmou fortemente o seu povo desde que assumiu a presidência do país em 1999. Facilmente se percebe este sentimento quando registamos parte da sua obra: os gastos sociais aumentaram 60,6%; a taxa de pobreza baixou de uma forma estrondosa; a Venezuela passou a ser o país menos desigual da América Latina; o salário mínimo aumentou mais de 2.000%...
“El Comandante” sempre olhou com especial atenção para os cidadãos mais pobres do país e as marcantes reformas sociais melhoraram a vida de milhões de venezuelanos. Mas nem tudo são rosas e o outro lado da moeda é assombroso. Os seus tiques ditatoriais estiveram sempre presentes, reagindo de forma feroz contra quem o criticava (quem não se recorda do encerramento de várias estações de rádio e televisão?).
O estilo de Chávez permitiu-lhe conquistar aliados de peso como Fidel Castro e o perigoso presidente iraniano Ahmadinejad. Deste grupo de amigos espera-se o pior, incluindo momentos pouco democráticos e baterias apontadas para o Ocidente.
A aposta em nacionalizar diversas empresas e “aproveitar” a renda do petróleo levou a que a Venezuela ganhasse muito dinheiro fácil, avançando, nomeadamente, para a concentração de parte do poder numa pequena elite. O problema é que o petróleo não é eterno e depois terminará o “El Dorado”. Juan Pablo, um dos criadores da OPEP, já dizia que o petróleo era o “excremento do diabo”!
Nicolas Maduro é o senhor que se segue. O homem de confiança de Chávez vencerá Henrique Capriles pois será beneficiado de forma decisiva pelo factor emocional, mesmo sabendo-se que muitos cidadãos não querem mais “chavismo”. À semelhança do que aconteceu em Cuba, com a saída de cena do “pai” de Chávez, Fidel Castro, a “revolução” também enfraquecerá na Venezuela. 

Comentário político na "Rádio Alto Ave" e jornal "Geresão" ( 11/03/2013).

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

"QUAL É A PRESSA?"


Num momento em que o país atravessa uma grave crise financeira, económica e social, que resulta de uma desastrosa estratégia governamental, só faltava mesmo assistirmos a momentos de instabilidade e incerteza no maior partido da oposição, o Partido Socialista.
Toda a agitação começa quando Pedro Silva Pereira é o escolhido da ala “socrática” para defender um congresso no PS “tão depressa quanto possível”. Este acontecimento explica-se porque alguns têm sede do poder e já começaram a sair da toca, uma vez que cheira a eleições. Ou seja, a pressa é de alguns regressarem ao poder o quanto antes e, para tal, têm minado o caminho do líder do partido de forma completamente deplorável. Seguro sofre a bem sofrer por ter herdado um grupo parlamentar escolhido por Sócrates.
No meio de tudo isto, António Costa começou a preparar uma candidatura à liderança do PS. Sim, começou a preparar uma candidatura e andou aos ziguezagues até perceber que o apoio de alguns barões do partido não lhe chegava para vencer Seguro, que tem um apoio abrangente nas bases.
Costa viveu o pior momento dos últimos anos, seguindo o caminho da ala “socrática”. É verdade que “a vida política não é um concurso de vaidades, mas um sentido de serviço em torno de ideias políticas”, como disse e bem António Costa. Assim sendo, deveria ter tido a coragem de avançar de forma determinada e não recuar quando percebeu a inevitável derrota. Deu um passo à frente e dois atrás, ou melhor, deu tiros nos pés que podem comprometer o seu futuro político no PS.
Questiona-se se o percurso político de António Costa terminará sem uma candidatura à liderança do partido, mas estes episódios tiraram-no da “pole position”. 
Por outro lado, o documento apresentado por Seguro sobre a base estratégica para o PS isenta Sócrates como o único responsável pela crise, o que levou à aproximação dos senhores que provocaram o incêndio. O problema é que ninguém sabe o tempo que demorará esta calmaria porque eles têm caixas de fósforos nas mãos.
António José Seguro até pode continuar a ter um discurso um pouco vazio, no entanto, quer queiramos, quer não, acabou por sair reforçado desta “embrulhada”. Aliás, pode ser que ainda venha a surpreender, pois “os grandes líderes forjam-se no calor da batalha” (Sir Terry Leahy).  

Comentário político na "Rádio Alto Ave" e jornal "Geresão" (13/02/2013).

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

CAVACO SILVA: ANO NOVO, VIDA NOVA?


Na mensagem de Ano Novo, o Presidente da República colocou “o dedo na ferida” ao criticar duramente as políticas que Passos Coelho e Vítor Gaspar estão a aplicar. Há muito tempo que não ouvíamos uma intervenção aceitável do nosso chefe de Estado, mas a verdade é que o estado do país está à vista de todos e agora já não deixou de anotar o desastre da política do Governo.
O professor Cavaco Silva, o tal que nunca se engana e raramente tem dúvidas, deu finalmente uns “toques” na “magistratura activa” que havia prometido no ano de 2010. Não se percebe como ainda não tinha tido coragem para criticar a estratégia do Executivo que está a conduzir a economia à ruína, optando por um comportamento passivo. Como disse na sua mensagem de Ano Novo, os “agentes políticos […] têm de actuar com grande sentido de responsabilidade”. É caso para apontar: olhem para o que eu digo e não para o que eu faço.
Além das críticas ao Governo, Cavaco Silva anunciou que vai enviar o Orçamento do Estado para 2013 para fiscalização sucessiva do Tribunal Constitucional (TC), afirmando que há “fundadas dúvidas sobre a justiça na repartição dos sacrifícios”. Sabendo-se que era impensável vermos o actual Presidente da República chumbar um Orçamento do Estado, a solução encontrada passou por enviar a “batata-quente” para os juízes do TC. O mais “curioso” é que Cavaco promulgou o Orçamento de 2012, documento esse que até era mais austero, em alguns pontos, que o deste ano, mas só agora viu inconstitucionalidades.
Espera-se que a decisão do TC seja célere e que não aconteça como no ano passado, quando se esperou quatro meses por uma decisão. Para ajudar à “festa”, o Presidente da República não pediu fiscalização do Orçamento com urgência.
A pressão sobre os juízes do palácio Ratton é muito grande, dispensando-se intervenções absurdas e completamente desnecessárias como as que fez o secretário de Estado do Orçamento, Luís Morais Sarmento, que disse que um eventual chumbo do TC pode pôr em causa a continuação do financiamento a Portugal. Enfim, podia dar-lhe para pior. 
No caso das três normas serem chumbadas, abre-se um buraco de cerca de 1700 milhões de euros. Acontecendo tal cenário, o governo vai aumentar ainda mais os impostos, ou pode demitir-se. Mas, independentemente do que possa vir a acontecer, é certo que o Governo está cada vez mais só. Belém foge de São Bento e Passos Coelho agarra-se a Paulo Portas. 

Comentário político na "Rádio Alto Ave" e jornal "Geresão" (10/01/2013).