quinta-feira, 14 de março de 2013

CHÁVEZ, AMADO E ODIADO


O desaparecimento do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, causou enorme impacto um pouco por todo o Mundo. Amado por uns, odiado por outros, o certo é que marcou a história do país e da América Latina, sendo a voz da região.
Chávez foi um líder carismático e populista, que entusiasmou fortemente o seu povo desde que assumiu a presidência do país em 1999. Facilmente se percebe este sentimento quando registamos parte da sua obra: os gastos sociais aumentaram 60,6%; a taxa de pobreza baixou de uma forma estrondosa; a Venezuela passou a ser o país menos desigual da América Latina; o salário mínimo aumentou mais de 2.000%...
“El Comandante” sempre olhou com especial atenção para os cidadãos mais pobres do país e as marcantes reformas sociais melhoraram a vida de milhões de venezuelanos. Mas nem tudo são rosas e o outro lado da moeda é assombroso. Os seus tiques ditatoriais estiveram sempre presentes, reagindo de forma feroz contra quem o criticava (quem não se recorda do encerramento de várias estações de rádio e televisão?).
O estilo de Chávez permitiu-lhe conquistar aliados de peso como Fidel Castro e o perigoso presidente iraniano Ahmadinejad. Deste grupo de amigos espera-se o pior, incluindo momentos pouco democráticos e baterias apontadas para o Ocidente.
A aposta em nacionalizar diversas empresas e “aproveitar” a renda do petróleo levou a que a Venezuela ganhasse muito dinheiro fácil, avançando, nomeadamente, para a concentração de parte do poder numa pequena elite. O problema é que o petróleo não é eterno e depois terminará o “El Dorado”. Juan Pablo, um dos criadores da OPEP, já dizia que o petróleo era o “excremento do diabo”!
Nicolas Maduro é o senhor que se segue. O homem de confiança de Chávez vencerá Henrique Capriles pois será beneficiado de forma decisiva pelo factor emocional, mesmo sabendo-se que muitos cidadãos não querem mais “chavismo”. À semelhança do que aconteceu em Cuba, com a saída de cena do “pai” de Chávez, Fidel Castro, a “revolução” também enfraquecerá na Venezuela. 

Comentário político na "Rádio Alto Ave" e jornal "Geresão" ( 11/03/2013).