domingo, 16 de março de 2014

A NATALIDADE E A POLÍTICA


         No dia 20 de Novembro de 2013, o jornal Expresso noticiava que, “Portugal é o segundo país europeu com a taxa de natalidade mais baixa”. Suou o alarme?! O alarme já suou há muito tempo, mas parece que o Governo só acordou agora.
Os números sobre a natalidade, em Portugal, são verdadeiramente impressionantes. O ano de 2013 teve o menor número de nascimentos, desde que há registo, e, segundo o relatório "World Population Prospects: The 2012 Revision", publicado pelas Nações Unidas, Portugal vai perder mais de 3 milhões de pessoas, até 2100.
É óbvio que necessitamos de mais políticas de promoção da natalidade executadas pelo poder central e pelo poder local.
O Governo só agora começou a preparar um plano de acção na área da natalidade, mas importa realçar que, se o número de nascimentos já era baixo, com algumas políticas impostas pelo Executivo actual, ainda desceu mais, nomeadamente, aumentaram o tempo de trabalho e a precariedade; diminuíram o rendimento; retiraram benefícios fiscais na educação e saúde, e cortaram no abono de família.
Por essas e outras, os casais adiam, cada vez mais, a decisão de ter filhos.
Há que esperar que o Governo cumpra o Guião da Reforma do Estado, onde aponta que a reforma do IRS deve "valorizar o trabalho e proteger a família". Aguarda-se, por exemplo, mais estabilidade laboral e também uma política fiscal favorável.
O poder local tem também de fazer a sua parte. As verdadeiras medidas de incentivo à natalidade podem, e devem, surgir de todos os quadrantes políticos. Municípios como a Póvoa de Lanhoso (PSD), Murça (PS) e Mora (CDU) têm posto em prática políticas para aumentar o número de nascimentos. 
No entanto, convém realçar que, atribuir incentivo por escalões de rendimento não pode ser considerada como uma política de incentivo à natalidade, mas sim um subsídio ao nascimento. Uma coisa é incentivar e outra, totalmente diferente, é subsidiar.
Há que ter a noção de que atribuir apoios financeiros, por si só, não é suficiente para “convencer” os casais a terem filhos, mas faz parte de um conjunto de medidas de promoção da natalidade, em que os municípios devem apostar.

Comentário político na "Rádio Alto Ave" e jornal "Geresão" (10/03/2014).