terça-feira, 13 de maio de 2014

O GOVERNO QUE TEMOS...

Quase tão boa como a irrevogabilidade de Portas, é a afirmação de Passos Coelho, feita em Agosto de 2013: "Não acredito que o país aguente mais impostos".
Aliás, a cerca de 3 semanas da apresentação do Documento de Estratégia Orçamental, o Governo tinha prometido não aumentar impostos. Mas, afinal, o IVA e a TSU irão aumentar, já em 2015. Bem, uma coisa é certa: este Governo não é de fiar, contradiz-se de forma frequente e surpreendente. É oportuno realçar uma frase de um dos fundadores do partido “laranja”, Sá Carneiro: “A política sem ética é uma vergonha”!
Virar a página, com a saída da “troika”, deveria significar mudar de vida, aliviando o elevado peso da austeridade que estamos fartos de carregar, e que tem dado resultados positivos a conta-gotas. Mas isso ainda não vai acontecer.
Uma nota: a austeridade de 30 mil milhões de euros não chegou para cumprir a meta do défice, o que denota um Governo com uma gritante falta de estratégia.
Muito se falou sobre a saída de Portugal do programa de assistência financeira da “troika”. Acabou por ser uma saída limpa, mas o curioso é que a saída com programa cautelar nunca esteve, verdadeiramente, em cima da mesa.
A Europa chegou a isto: a mediocridade dos actuais líderes europeus é notória, e países como a Finlândia não querem saber se a solidariedade está na base da construção europeia.
O Executivo defende que, no ano de 2015, os pensionistas e funcionários públicos vão começar a ser aliviados. É difícil de acreditar que já respirem de alívio, dado não se vislumbrar, num futuro próximo, um descongelamento das pensões, por este depender de factores ambiciosos, e sabendo-se que, só em 2020, a função pública irá recuperar os salários de 2010.
No último congresso do PSD, Passos Coelho garantiu que o país “está melhor” do que em 2011. Com o devido respeito, não sei se será bem assim, senão vejamos o resultado do programa da “troika”: o PIB recuou 6% em termos reais; a economia destruiu 332 mil postos de trabalho; a dívida pública aumentou cerca de 35%; perdemos poder de compra; o risco de pobreza aumentou, e o país ficou mais desigual.
Além disto, a “troika” foi-se embora e as reformas ficaram por fazer, nomeadamente, a reforma do sistema de pensões. Ou seja, a afirmação de Passos Coelho só não dá vontade de rir, porque se trata de um assunto muito sério!

Comentário político na "Rádio Alto Ave" e jornais "Geresão" e "Notícias de Vieira" (11/05/2014).