sábado, 12 de julho de 2014

"BITAITES" SOBRE O MUNDIAL...

Desde que a bola começou a rolar no país do samba, parte dos portugueses deixou de acompanhar a actualidade política nacional.
Vamos esquecer, nomeadamente, o Governo (às vezes tem as suas vantagens) e, como milhares de treinadores de bancada, há que mandar uns “bitaites”, como dizia o saudoso Professor Hernâni Gonçalves, sobre o Mundial de futebol.
Uma das coisas que marcou o maior evento de futebol do mundo foi as várias manifestações contra os excessivos gastos. Uma pergunta: será que a organização deste Mundial obteve informações, através do antigo director do Euro 2004?
Nós construímos o Estádio do Algarve, para receber super-especiais do Rali de Portugal, e o Brasil construiu a Arena Amazónia que poderá vir a tornar-se prisão temporária, uma vez que Manaus não tem qualquer equipa nas quatro divisões nacionais do Brasil.
Só não dá vontade de rir porque Portugal gastou cerca de 60 milhões de euros, na construção do dito estádio, e o Brasil gastou mais de 200 milhões de euros, na Arena Amazónia.
Em relação à nossa selecção, podemos afirmar que a tragédia começa no dia 19 de Maio. A convocatória não tinha pés nem cabeça, ou melhor, tudo dependia dos objectivos de Paulo Bento. Se o objetivo era conhecer apenas Salvador, Manaus e Brasília, então acertou em cheio nos jogadores convocados! O melhor jogador do mundo bem tentou conhecer mais estádios do país de Machado de Assis…
Mas, sinceramente, até fiquei surpreendido com a nossa prestação. Apontava para a conquista de dois pontos (empate com EUA e Gana), no entanto, conseguimos uns incríveis quatro pontos.
Uma das coisas que não percebo é a razão do porquê da chegada da Alemanha, ao Brasil, bem mais cedo do que nós.
Também não percebo o facto de a selecção da Bélgica ter chegado ao Brasil, antes de Portugal, mesmo só jogando depois da nossa selecção. O único senão é que, como dizia Thomas Edison: "O génio consiste em um por cento de inspiração, e noventa e nove por cento de transpiração."
Paulo Bento, uma coisa é ter punho firme, roçando a arrogância e irritação, outra coisa é ter falta de humildade em reconhecer os erros.
Admiro homens como Cesare Prandelli. Alguns minutos depois de a Itália ser eliminada, o ex-seleccionador assumiu a culpa e demitiu-se. Palavras para quê? 
A equipa da casa também não teve um comportamento positivo. Foi atropelada pela Alemanha, juntando-se aos “históricos” Zaire e Haiti como as únicas selecções que sofreram cinco golos, na primeira parte. Ficou provado que, uma campanha vitoriosa do Brasil dependeria sempre de Neymar.
De realçar o excelente comportamento da Colômbia, de James Rodríguez, da Argélia, de Slimani, e da Costa Rica, de Bryan Ruiz, ao passo que a Espanha nem se equipou.
Escrevo este comentário na noite que a Argentina venceu a Holanda, nas grandes penalidades. Mesmo sem exibições de encher o olho, o país das pampas conseguiu chegar à final.
Messi já chegou a dar um ar da sua graça, mas a Argentina bem precisa de mais genialidade, para tentar quebrar a organização e estratégia alemã.
E agora? Bem, Gary Lineker já havia dito: "O futebol são onze contra onze e, no final, ganha a Alemanha"...

Comentário político na "Rádio Alto Ave", e jornais "Geresão" e "Notícias de Vieira" (09/07/2014).