quarta-feira, 15 de outubro de 2014

A "CALDEIRADA" DA JUSTIÇA E DA EDUCAÇÃO


A vida política nacional começou a ferver e, agora, está a gerar um maior interesse.
Finalmente, o Governo irá ter uma oposição forte, com a vitória de António Costa nas primárias do Partido Socialista (PS). 
As eleições legislativas aproximam-se, e há sérias desconfianças sobre a continuidade da coligação.
Temos dois ministros - Paula Teixeira da Cruz e Nuno Crato, especialistas em criar colapsos, que só Passos Coelho saberá as razões pelas quais ainda os mantém em dois dos Ministérios mais importantes, como a Justiça e a Educação. 
Primeiro, tivemos um terramoto na Justiça, onde se avançou com uma reforma, e diga-se, feita em cima do joelho, mandando às urtigas, nomeadamente, os interesses de várias populações e os alertas dos dirigentes sindicais do sector. 
Resultado? Um cenário absurdo e preocupante. 
O distrito mais afectado pela reforma é Vila Real (um dos distritos mais pobres do país); 3,5 milhões de processos desapareceram do sistema (Luís de Matos, isto tem o teu dedo?); muitas empresas não conseguem cobrar as suas dívidas, por causa dos graves problemas do sistema informático Citius; inúmeras obras por concluir, nos tribunais, levaram à instalação de salas de audiências em contentores; a maioria dos tribunais continua a trabalhar em serviços mínimos; faltam centenas e centenas de funcionários judiciais, etc, etc. 
República das bananas? Não, isto está mesmo a acontecer, no país de Camões. 
É de realçar que, por estas e por outras, os investidores estrangeiros fogem de Portugal como o diabo foge da cruz. 
O que há a fazer? Fácil: a ministra da Justiça pede desculpa, e lá continuarão a governar com base, essencialmente, na racionalidade económica. 
Depois, temos também o inacreditável, na Educação. Listas de colocação tardias, e, como se não bastasse, um erro na fórmula matemática que levou à colocação de 880 docentes, de forma incorrecta. 
O resultado foi que, cerca de 150 docentes que estavam já a trabalhar, há duas semanas, voltaram ao desemprego. Algo está mal, ou melhor, a mais, na nossa educação. O que há a fazer? Fácil. O ministro da Educação pede desculpa, e fica tudo resolvido. Parece que o senhor ministro anda a brincar às casinhas, desrespeitando todos aqueles que têm a nobre missão de ensinar.
Se Nuno Crato não gosta de professores, porque não ficou, por exemplo, com a pasta dos Negócios Estrangeiros? 
Da mesma forma que eu não aprecio, particularmente, o bowling, logo, nunca aceitaria um pedido para avançar com uma candidatura à direcção da Associação Portuguesa de Bowling. É, assim, tão difícil de entender? 
Mas a situação ainda piora, quando directores de escolas dizem que o erro podia ter sido detectado até por alunos do 7º ano. Bem, parece que mais pessoas obtiveram equivalências... 
Fica, aqui, uma dica para todos os alunos do 7º ano: se o professor de matemática perguntar quanto é 5 vezes 5, e se responderem 30, façam como o ministro Nuno Crato, ou seja, mantenham a calma e peçam desculpa. Pode ser que resulte. 
O que mais impressiona é que acontece tudo isto, e nem a ministra da Justiça, nem o ministro da Educação se demitem. Estão, verdadeiramente, presos ao lugar, e nem dois sismos de magnitude 10, na escala de Richter, são suficientes para os fazer saltar da cadeira. 
Isto é absolutamente ridículo! Não basta pedir desculpas, há que assumir responsabilidades, perante tanta incompetência. A não ser que a estratégia passe por deixarem-se queimar, em lume brando. 
A teimosia de Passos Coelho continua a ser o seu maior defeito. Arrastou, desnecessariamente, Miguel Relvas na lama, e o mesmo quer fazer com Paula Teixeira da Cruz e Nuno Crato. Aliás, o primeiro-ministro exige muito dos portugueses, mas pouco dos seus ministros.

Comentário político na "Rádio Alto Ave", e jornais "Geresão" e "Notícias de Vieira" (10/10/2014).