quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O "ALVO" GUTERRES...

A vida política nacional está bastante animada com as primárias do Partido Socialista (PS), porém, as próximas eleições presidenciais já fazem, igualmente, correr muita tinta.
Começando pelos candidatos mais prováveis, à direita, temos Santana Lopes, Durão Barroso, Marcelo Rebelo de Sousa e Rui Rio.
É fácil prever que, tanto Durão como Santana nunca irão sair vencedores das próximas eleições presidenciais.
Santana Lopes até é considerado uma espécie de “gato de sete vidas”, mas o problema é que os portugueses preferem os cães aos gatos (segundo um estudo feito pelo Euromonitor International).
No caso de Durão Barroso, o povo luso não se esquece que o ex-primeiro ministro pôs-se a milhas do país que colocou, verdadeiramente, de tanga (previa um défice de 2,8%, em 2004, mas as contas públicas deram um enorme trambolhão). Já para não abordar o facto de, o ainda presidente da Comissão Europeia ter sido um dos principais impulsionadores da brutal austeridade que nos arrasou.
Compreende-se o facto de o líder do Partido Social Democrata (PSD), Passos Coelho, preferir Santana ou Durão, pois só assim continuaria a “controlar” o Presidente da República, o que dificilmente conseguirá fazer com Marcelo ou Rio.
Sem dúvida que, o Professor Marcelo e o antigo presidente da Câmara Municipal do Porto serão os melhores candidatos da direita. São homens com perfil de candidato presidencial, mas como Passos não deseja um Presidente interventivo, já pode começar a cravar os primeiros pregos no caixão!
À esquerda, é António Guterres quem tem, claramente, as melhores condições para ganhar as eleições, sendo uma figura extremamente consensual. É um homem de diálogo, que facilmente constrói pontes, e o seu humanismo e reputação internacional fazem dele um candidato praticamente imbatível.
Numa altura em que o PS se encontra fortemente dividido, é certo que Guterres irá conseguir arrastar consigo o partido, assim como, outros esquerdistas, e, além disso, tem a capacidade de conquistar votos do centro-direita.
Há um sinal muito importante que leva a crer que António Guterres será candidato. Em Novembro de 2012, pediu desculpa aos portugueses, assumindo que tem uma quota-parte de responsabilidade, pela situação em que o país se encontra. Isto quer dizer muita coisa. Poder-se-á perceber que, o significado deste pedido de desculpas não é mais do que a vontade de querer “fazer as pazes” com todos os portugueses, reconhecendo, com humildade, os seus erros, o que acaba por demonstrar que ambiciona algo mais, num futuro próximo.
Caso Guterres rejeite ser candidato, o PS vai ter muitas dificuldades em encontrar um candidato tão forte.
António Vitorino e Jaime Gama são as melhores alternativas, mas não têm a mesma força mobilizadora que o actual Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados.
A cerca de um ano e meio das presidenciais, já é evidente que estas terão um “alvo”: Guterres. A esquerda deseja-o, mas a direita atirará, certamente, “pedras” a uma “árvore” que dá frutos.

Comentário político na "Rádio Alto Ave", e jornais "Geresão" e "Notícias de Vieira" (11/09/2014).