domingo, 15 de fevereiro de 2015

POLÍTICAS E POLÉMICAS EM TERRAS DE ARISTÓTELES

Pode ser perigoso juntar as palavras “excitação” e “políticos”, na mesma frase, mas vou correr esse risco: a excitação tomou conta dos nossos líderes políticos europeus.
Nos últimos tempos, aborda-se tanto o país de Aristóteles que até já sonho finalizar a maratona de Atenas, e ser premiado com uma coroa de pequenos ramos de oliveira.
​         Pior que discutir o "sexo dos anjos", dão relevância à ausência de gravata de Tsipras, anotam o blusão de cabedal e o luxuoso cachecol de Varoufakis.
Pese embora, parte desta discussão, no nosso país, até se percebe porque Portugal é um país de doutores e engenheiros, onde, por vezes, se procura ter uma boa aparência para esconder a podridão interior.
​         Mas abordando algo bem mais interessante, como as políticas de austeridade, que foram impostas por alguns países europeus nos últimos anos, e que levaram finalmente a alguma coisa, isto é, levaram ao poder a extrema-esquerda coligada com a extrema-direita.
​         Não sei se o famoso palhaço Tiririca, do Brasil, apoiou o Syriza, mas muitos gregos se terão lembrado da sua inesquecível pérola: “Vote no Tiririca, pior do que tá não fica”.
​         Se este Governo é perigoso ou suicida, não sei. O que sei é que não será obsessivamente obediente a Merkel como é o Governo de Passos Coelho.
No entanto, orgulhemo-nos: segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), um em cada cinco portugueses está em risco de pobreza, mas... somos obedientes!
​         Aliás, bastava que o nosso primeiro-ministro batesse, uma única vez, o pé a Merkel, em lugar de fazer um ataque baixo às políticas de um Governo que ele não tem nada a ver que, com certeza, passaríamos de um filme de drama para um belo filme de acção, com alguns momentos cor-de-rosa, quiçá transformar-se-ia num “conto de crianças”.
​         Já sabemos que Tsipras e Varoufakis têm recuado, ligeiramente, nas suas intenções perante tantas muralhas, mas mantêm a vontade de tornar a dívida sustentável e afastar a austeridade, que empobreceu e humilhou o povo grego, durante anos. Ou seja, objectivam algo “simples”, como proporcionar melhores condições de vida aos seus cidadãos.
​         O que é caricato, para não dizer vergonhoso, foi o facto de terem caído, imediatamente, várias bombas atómicas, no país helénico, maioritariamente enviadas da Alemanha, mesmo sem terem ouvido as suas propostas.
​        Mas a verdade é que o problema não é só grego, é também um problema europeu, onde predominaram políticas erradas, que colocaram a União Europeia em estado de coma, com prognóstico reservado.
​         O projecto europeu poder estar mesmo em causa. Os actuais líderes políticos não querem saber se a solidariedade esteve na base da construção europeia, revelando, constantemente, toda a sua mediocridade.

        Comentário político na "Rádio Alto Ave", e jornais "Geresão" e "Notícias de Vieira" (12/02/2015).