quinta-feira, 17 de setembro de 2015

COSTA GANHOU, PASSOS TREMEU

O dia 9 de Setembro foi um dia de embates frenéticos, na Península Ibérica. Em Espanha, Joaquim Rodríguez arrancou para o contra-relógio decisivo, com um segundo de avanço de Aru. Já em Portugal, um importante debate político, que foi transmitido em simultâneo pelas três televisões generalistas, mobilizou o país.
Uma nota: por um segundo se ganha, por um segundo se perde; e por um voto se ganha, por um voto se perde.
Tinha chegado a hora do debate a dois, mas que, afinal, teve três protagonistas. Se Passos entrou nervoso e com uma “estratégia” mais direccionada a Sócrates, o que não deixa de ser “curioso” para alguém que quer continuar a governar Portugal, Costa parece ter entrado com um pensamento ao estilo: “Hoje é um dia decisivo, tenho que manter uma postura de confiança e de ataque, nomeadamente, à austeridade que arrasou os portugueses, para combater a deterioração do meu resultado, nas últimas sondagens”.
O debate não foi excepcional, não trouxe novidades, não se falou de esquerda e de direita, e não ficará nas memórias da nossa história.
A postura claramente defensiva de Pedro Passos Coelho surpreendeu, mostrando que estaria com excesso de confiança, e que, por isso, não seria necessário preparar e avançar o seu poder ofensivo. A opção em colocar Sócrates, de uma forma “obsessiva”, no debate, não beneficiou o atual primeiro-ministro. Contudo, esse foi o pouco sal e pimenta que teve este confronto, saindo beneficiados os telespectadores.
Está visto que Passos foi, inacreditavelmente, aconselhado a levar até à exaustão o tema do ex-primeiro-ministro, o que o levou a desvalorizar o que fará, caso vença as eleições legislativas que se aproximam.
Há mais dois pontos que mostram que o líder laranja não preparou o debate da melhor maneira, pois queimou-se quando atacou Costa, em relação à redução da dívida da Câmara de Lisboa, e não puxou com astúcia um tema sensível para Costa que se chama Syriza.
Já António Costa esteve mais determinado e incisivo, realçando algumas notas fortes, principalmente, o facto de a coligação PSD/CDS ter sido mais “troikista” que a própria “troika” e de ter falhado várias promessas.
Quando o secretário-geral socialista foi tirar o coelho da cartola, até pensei que fosse algo relacionado com a irrevogabilidade de Portas. Ao invés disso, conseguiu surpreender ao esmiuçar o ridículo e irrelevante, mas famoso, programa “VEM”. Passos não contava com esta tirada e ficou sem reacção.
No ringue, a vitória foi de Costa, que não foi por KO, mas que dá força e ânimo para entrar com confiança nas semanas que restam, até ao dia 4 de Outubro.
Em relação a Passos, só há um caminho, e é o de esquecer Sócrates e dizer aos portugueses quais são as políticas, mostrando também as suas contas, que irão avançar, se vencer as eleições.
Com cerca de 20% de indecisos, os discursos a pedir uma maioria absoluta continuarão, naturalmente, presentes.
Como uns gostam de amendoins e outros gostam de tremoços, importa destacar que Joaquim Rodríguez perdeu a última oportunidade de vencer uma grande Volta.

Comentário político na "Rádio Alto Ave", e jornais "Geresão" e "Notícias de Vieira" (11/09/2014).