quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

MAS QUE ANO!

O ano de 2016 foi pleno de emoções, sendo importante destacar alguns acontecimentos.
No início do ano, quando os portugueses ainda digeriam o anúncio de abandono de Portas do CDS-PP, Marcelo Rebelo de Sousa começa a dar “espectáculo”.
Saiu de cena um político perigoso, que conseguia encaixar várias personalidades, e que tinha uma ambição pessoal desmedida, e avança um homem num estilo descontraído e genuíno. A presidência de Marcelo está a ser, claramente, admirável, humanizando, acima de tudo, Belém.
Em termos de inaugurações de obras públicas, o Túnel do Marão foi, sem margem para dúvidas, o mais marcante. Era o sonho de uma região, que demorou inúmeros anos a ser uma realidade, e José Sócrates apareceu, na cerimónia de inauguração, a 7 de Maio, com um aspecto jovial.
No dia 10 de Julho, abraçado a um grupo de amigos, num bunker, cantei “A Portuguesa”. É verdade que ainda não coloquei um póster no quarto da minha filha, atrás da porta, de Ederzito António Macedo Lopes, mas ela sabe que “Ederbayor” proporcionou uma das maiores alegrias ao pai.
Em Outubro, António Guterres aguentou firme contra muitos, e foi o escolhido para secretário-geral da Organização das Nações Unidas. O mais alto cargo diplomático do mundo é extremamente exigente, mas a sua simplicidade e inteligência vão facilitar, com toda a certeza, a missão. No primeiro discurso, já mostrou ambição.
Pouco tempo depois, é enviada uma “bomba” dos Estados Unidos da América: Trump vence Hillary, e o mundo treme com a sua eleição. Só peço uma coisa: não deixem Trump, Putin e Erdogan sentar-se à mesma mesa!
O ano termina com outra bela notícia para os portugueses: o génio Cristiano Ronaldo conquista a quarta Bola de Ouro. Extraordinário!
Com Passos a apertar os parafusos da “geringonça”, tal é o desnorte e isolamento do líder do PSD, os primeiros meses de 2017 ainda serão marcados pela crise da Caixa Geral de Depósitos e pela realização das preocupantes eleições presidenciais francesas.
Num mundo pouco orientado e, por vezes, “cinzento”, terminarei o ano com uma boa acção. Vou recordar algumas palavras da excelente obra: “Três homens num barco”. Este livro, que foi publicado pela primeira vez em 1889, é da autoria de Jerome K. Jerome, um dos maiores vultos do humor inglês.

 “Fui ter com o meu médico. É um velho amigo que me sente o pulso, me vê a língua e me fala de como está o tempo lá fora, tudo de graça, sempre que julgo que estou doente; por isso, pensei que agora lhe iria fazer um grande favor se fosse ter com ele. “O que um médico quer”, pensei, “é praticar. Tenho de ir lá. Ele vai obter mais prática comigo do que com qualquer um dos setecentos doentes que o consultam regularmente apenas com uma ou duas doenças cada”. Fui então, de imediato, ter com ele, que me perguntou:
- Então, o que é que se passa contigo?
Eu respondi-lhe:
- Não te vou fazer perderes o teu tempo, meu caro, a contar-te o que se passa comigo. A vida é breve, e ainda podias morrer antes de eu acabar. Mas vou dizer-te o que não se passa comigo. Não tenho artrose dos joelhos. Por que motivo não tenho artrose dos joelhos, é algo que não te sei dizer; mas é um facto que isso não tenho. No entanto, tenho tudo o resto.”

A todos, um Feliz Natal e um Próspero 2017!

Comentário na "Rádio Alto Ave", e jornais "Geresão" e "Notícias de Vieira" (12/12/2016).

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

"UMA COISA LINDA"?!

Angelina Jolie e Brad Pitt separam-se, Bob Dylan conquista o Nobel da Literatura e Trump vence as eleições dos Estados Unidos da América (EUA). Este mundo é excêntrico!
E o que dizer dos prognósticos do criador de “The Simpsons”, Matt Groening, que previu, há 16 anos, Trump presidente? Lisa será a sucessora do multimilionário na presidência? É estranho ver a ficção e a realidade tão próximas.
Sabendo que tudo pode acontecer, no país onde um em cada quatro cidadãos acreditam que o Sol gira em torno da Terra (segundo um inquérito realizado pela National Science Foundation), um homem com pouca ou nenhuma substância, provavelmente sociopata, vai para a Casa Branca.
Adivinham com quem já estou preocupado? Com o nosso Guterres. Ainda nem assumiu funções, e já tem grandes dores de cabeça. Um exemplo: sabem o que pensa Trump, sobre as alterações climáticas? Que são “uma farsa criada pelos chineses”.
Numa América mais profunda do que se poderia imaginar, o presidente eleito pintou, frequentemente, o país de negro, lançou o medo e não se incomodou por ter perdido os debates. Teve, isso sim, a inteligência de atrair todos os focos de atenção, independentemente de ser pelas melhores ou piores razões. Assim, multiplicava o valor da sua marca e, quiçá, acabaria a presidente. Resultado: conquistou os dois cenários! Oh diabo!
Vamos ver como o país irá reagir com fracturas sociais tão expostas! Atitudes xenófobas e racistas foram o prato do dia da campanha.
E o que dizer do poder de hipnotização do seu estonteante penteado? Que o digam as mulheres americanas que votaram nele, depois de serem, vergonhosamente, humilhadas.
Ainda mais preocupante é verificar a aterradora escalada mundial do nacionalismo e do populismo, devendo-se, em parte, ao falhanço de tantos políticos e partidos moderados. Com Trump, Putin e Erdogan no poder, e quiçá, em 2017, também com Marine Le Pen, o mandato do republicano será mesmo “uma coisa linda”.
Como disse o velho Santiago para o passarito, no livro “O Velho e o Mar” (uma das obras-primas de Ernest Hemingway): “- Repousa à vontade, passarito. E, depois, vai, e vive a tua vida, como os homens, os pássaros e os peixes”.
Quase tão louco como construir um muro na fronteira com o México é prometer, no discurso de vitória, que a economia vai crescer o dobro. Cá para mim, além de Tony Schwartz (ghostwriter de Trump) ter posto “batom num porco”, também lhe ofereceu o livro de economia de George A. Akerlof e Robert J. Shiller: “À Pesca de Tolos”.
O que será o futuro dos EUA? Destruirá o Obamacare? Avançará com um alívio fiscal para a classe média? Vai rasgar o acordo nuclear com o Irão? Sei lá... Nem Trump saberá!
O republicano, que já foi um democrata, andou a ziguezaguear, mas não acredito que vá efectivar o radicalismo da campanha. Fez bluff quanto baste, e nem o Partido Republicano lhe irá deixar o caminho livre, para cometer todos os disparates.
Mesmo depois de tudo o que já foi escrito e dito, nunca esqueçamos que o multimilionário foi eleito democraticamente. Os meus parabéns, Mr. Donald Trump!

Comentário na "Rádio Alto Ave", e jornais "Geresão" e "Notícias de Vieira" (11/11/2016).

domingo, 16 de outubro de 2016

GUTERRES, UM ORGULHO PARA PORTUGAL!


Quem diria que, no ano de 2016, a minha filha deixaria de chorar, quando visse o Ruca; a nossa selecção nacional venceria o Campeonato da Europa de Futebol, e um português fosse escolhido para secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU). O que falta? Portugal tornar-se numa das maiores economias europeias.
O mais alto cargo diplomático do mundo irá ser, assim, ocupado por um homem que nasceu na Europa Ocidental.
Entrando nos bastidores desta eleição, ou melhor, nos mexericos, o jornal The Wall Street Journal declarou apoio a Vuk Jeremic, e as jogadas de Merkel, Putin e Juncker não resultaram.
Parece que Merkel nos traiu, sendo uma das pessoas que mais lutou para que Guterres não conseguisse vencer. Provavelmente, influenciada por um provérbio português: "As palavras são como as cerejas, vêm umas atrás das outras", procurou descarregar a sua verborreia, e influência, em alguns amigos para que vencesse a candidata Kristalina Georgieva. Uma curiosa coincidência: “Toni” passou grande parte da sua infância na aldeia de Donas, no Fundão (a cereja é a imagem de marca do concelho).
As manias da “superioridade” de algumas pessoas são repugnantes. Portugal é o país de José Saramago e a Alemanha é o país de Günter Grass. Portugal é o país de Egas Moniz e a Alemanha é o país de Albert Einstein. Portugal é o país de Cristiano Ronaldo e a Alemanha é o país de Franz Beckenbauer. Mas o próximo secretário-geral da ONU é português!
Depois desta vitória, a minha vontade é atravessar o Portão de Brandemburgo, vestindo uma camisola da selecção portuguesa, com o nome GUTERRES gravado nas costas.
Esta eleição é uma das maiores satisfações que algum dia poderíamos ter. É extraordinário ver o que conseguiu um candidato de um país pequeno no tamanho, mas grande na alma.
E, precisamente, no dia em que se assinalou a Implantação da República Portuguesa, a 5 de Outubro, sabe-se que, um dos nossos grandes republicanos irá ocupar um cargo tão prestigiante. Que feliz coincidência!
António Guterres foi Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados e primeiro-ministro de Portugal. É um homem inteligente, humilde e de diálogo, que facilmente constrói pontes, e o seu humanismo e reputação internacional fazem dele a pessoa certa para a liderança da ONU.
Os desafios serão imensos, ou não existisse a crise dos refugiados; o conflito na Síria; focos de preocupação na Líbia, Iraque, Iémen e Sudão do Sul; ameaça do terrorismo global, da islamofobia e dos nacionalismos populistas; programa nuclear da Coreia do Norte; alterações climáticas, ou o combate à pobreza. Mas estou certo de que, Guterres tem todas as capacidades, para responder com grandiosidade a todos estes desafios. 

Comentário na "Rádio Alto Ave", e jornais "Geresão" e "Notícias de Vieira" (10/10/2016).

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

UM OBRIGADO AOS NOSSOS "SOLDADOS DA PAZ"

    Com um verão na máxima força, e repleto de múltiplos incêndios que voltaram a destruir inúmeras áreas no nosso país, vou deixar uma pequena palavra de solidariedade para os meus heróis de carne-e-osso: os bombeiros!
Na minha viagem habitual até ao local de trabalho, atravesso a freguesia de Rossas, pertencente ao concelho de Vieira do Minho.
Pintada de negro, a freguesia foi constantemente colocada em alerta por causa do fogo, resultando num cenário dramático, vivido ao longo de vários dias.
Observei bombeiros vindos de Vila Nova de Famalicão, de Sesimbra. Nos momentos mais difíceis, nos momentos de aflição, os “Soldados da Paz” dão as mãos e mostram ao nosso país, que às vezes é perito na desunião, que juntos chegam mais longe.
Há uns dias, estava a correr e passaram por mim vários bombeiros. Sempre que isto acontece, tenho o hábito de levantar o polegar, no sentido de lhes dar ânimo, e assim o fiz.
Mas, ao mesmo tempo, pensei que este mundo é feito de contrastes ingratos, como alguém estar a desfrutar de uma corrida, procurando uma sensação de bem-estar físico e mental, e ver homens a progredir com toda a velocidade para combater fogos que, na maior parte das vezes, têm responsabilidade humana. E constatar que, a troco de pouco, ou quase nada, e com equipamentos por vezes deficitários, continuam a fazer “milagres”, mesmo depois de lerem notícias como, “Privados ganham milhões com os incêndios”.
Também convém realçar as preocupantes palavras do Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares: “No ano passado, tivemos mais ignições em Portugal do que Espanha e França juntas. Este ano, se calhar, vamos pelo mesmo caminho”.
A justiça tem, obrigatoriamente, de ser mais eficaz e não pode continuar a acarinhar os incendiários. Por sua vez, os políticos têm de ter força e coragem para avançar com medidas para ajudar a resolver os principais problemas, que assentam, como é reconhecido por quase todos, na ausência de prevenção e na falta de ordenamento da floresta.
Uma palavra de solidariedade também para todos aqueles que estão com os nossos bombeiros, no combate a esta praga dos incêndios.
Obrigado, heróis!

Comentário na "Rádio Alto Ave", e jornais "Geresão" e "Notícias de Vieira" (11/09/2016).

quinta-feira, 14 de julho de 2016

ÉPICO!


No país de Platini, sem Cristiano Ronaldo, a partir dos 25 minutos, e um jogador que, enquanto atleta do Adémia, marcava golos a troco de costeletas, inesperadamente fulmina o guarda-redes francês, no prolongamento, e leva a nossa selecção à conquista do seu primeiro título... Podia ser um sonho. Até podia fazer parte de um argumento de um filme, mas aconteceu no Stade de France, a 10 de Julho.
Foi um jogo de muitos nervos. Levantar e sentar da cadeira sempre que Sissoko levantava a relva, roer as unhas sempre que Griezmann olhava para Rui Patrício. Mas, depois de Gignac atirar ao poste, aos 92 minutos, não me restaram dúvidas: “Este troféu vai ser nosso”. Foi uma vitória da garra e da determinação!
Quando Fernando Santos referiu que só vinha no dia 11 de Julho, pensava-se que iria até Cannes, passar uns dias de férias. E quando Eder disse que podia ser o melhor marcador do Euro 2016, eu e milhares de portugueses rimo-nos. Humildemente, peço desculpa ao Eder.
É verdade que Ederzito só marcou um golo (e não foi com a canela), mas foi um tento que jamais esquecerei, e que irei tentar imitar, quando voltar a calçar as chuteiras.
Nos festejos do golo, senti que vários conterrâneos de Astérix e Obélix iam baixar a crista, o que me levou a que ficasse, por instantes, sem um chinelo e em risco de ser admoestado com a cartolina vermelha.
Abraçado a amigos, num bunker, cantamos “A Portuguesa”.
Se a minha filha quiser colocar um poster da Patrulha Pata ou da Heidi, atrás da porta do quarto, primeiro, terá de avaliar a possibilidade de colocar um de Ederzito António Macedo Lopes.
Já tivémos selecções portuguesas a jogar com mais brilho? Quero lá saber! Essas não ganharam nada. Esta selecção foi mais sólida, pragmática e eficaz, e devemos memorizar os nomes dos 24 campeões: Anthony Lopes, Eduardo, Rui Patrício, Cédric, Vieirinha, Bruno Alves, José Fonte, Pepe, Ricardo Carvalho, Eliseu, Raphaël Guerreiro, André Gomes, Adrien, Danilo, João Mário, João Moutinho, William Carvalho, Renato Sanches, Cristiano Ronaldo, Eder, Nani, Quaresma, Rafa e Fernando Santos.
Muitos jogadores foram importantes, em diferentes momentos do Euro 2016, incluindo, obviamente, o jogador nascido na freguesia de Santo António, mas agora vou erguer Fernando Santos.
Há cerca de um ano e meio, o engenheiro foi um dos oradores na conferência “Olhares sobre Cultura”, que decorreu um Braga, e surpreendeu-me pela crença e fé no trabalho que desenvolve. Pouco tempo depois, une uma equipa; provoca explosões de alegria, por exemplo, em Díli, Nampula, Bissau e Rio de Janeiro; regressa, como “prometera”, no dia 11 de Julho, e traz o “caneco” para Portugal.
Fernando Santos, o “nosso” bunker está de portas abertas para o receber.
A Torre Eiffel não se iluminou com as cores da nossa bandeira, após a conquista? Quero lá saber! Quem não gostou da ementa, pode sempre dirigir-se a Lille, daqui a umas semanas, almoça no restaurante Aux Éphérites, visita o Palácio das Belas-Artes e pede um autógrafo a Eder.
C'est la vie!
Consegui, finalmente, sarar uma ferida que tinha, desde 2004.
Au revoir!

Comentário na "Rádio Alto Ave", e jornais "Geresão" e "Notícias de Vieira" (12/07/2016).

terça-feira, 14 de junho de 2016

COPA AMÉRICA, EURO 2016, JOGOS OLÍMPICOS E PARALÍMPICOS


Para quem ama o desporto, os próximos meses serão repletos de grandes emoções.
A Copa América do Centenário em futebol está a decorrer em terras do Tio Sam, e encontra-se a um nível elevado. Se, por um lado, Neymar foi ausência (vai aos Jogos Olímpicos) e Suárez nem “aqueceu”, por outro lado, Messi, Di María, James Rodríguez, Alexis Sánchez, Arturo Vidal, Claudio Bravo, Antonio Valencia e “Chicharito” Hernández mostram que o futebol também é arte, engrandecendo-o.
Realço que escrevo este comentário, poucas horas após o Brasil já ter feito as malas. Dunga não oleou a máquina e será oportuno lançar um provérbio brasileiro: “De nada adianta o vento estar a favor se não se sabe pra onde virar o leme”.
A Argentina apresenta-se como a grande favorita, mas a Colômbia, o Chile, o México e o Equador procuram fazer uma “gracinha”.
Em relação ao Campeonato Europeu de Futebol de 2016, as selecções da Alemanha e Espanha estão na primeira linha de favoritos, com França, Itália e Portugal à espreita. Cristiano Ronaldo, Iniesta, Neuer, Müller, Özil, Ibrahimovic, Bale, Lewandowski, Pogba e Griezmann perfumarão os relvados franceses.
Pagava bilhete, e até arranjava árbitros, para presenciar um choque de titãs, entre os melhores da Copa América e do Euro 2016.
Esquecendo a campanha tacanha de apoio à selecção nacional, que ignora, vá-se lá saber porquê, cerca de 4 milhões de portugueses, anoto “apenas” o meu ligeiro optimismo, numa grande prestação da nossa selecção. Olho para os 23 eleitos de Fernando Santos e verifico que poucos jogadores fizeram uma grande época. O jogador nascido na freguesia de Santo António vai ter mesmo de me fazer saltar da cadeira!
Relativamente aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio de Janeiro, não é respeitável destacar algum atleta luso. Espero que os ventos soprem a favor da nossa comitiva e que os atletas consigam mais “milagres”. Sim, “milagres”! Pedir medalhas a atletas que são miseravelmente apoiados, e pedir medalhas a atletas de um país que ridiculariza o desporto escolar, roça, no mínimo, a insensatez!
No país de Adhemar Ferreira da Silva, os holofotes estarão voltados para dois dos maiores atletas da história do desporto: Michael Phelps e Usain Bolt. Se o “tubarão de Baltimore” promete voltar a atacar, o “relâmpago” só quer estar presente numa “tempestade perfeita”, para bloquear a armada americana.
Serão os últimos Jogos de Phelps e Bolt e, independentemente das prestações que terão no Rio, aqui fica o meu “Obrigado”!
Uma última nota, ainda: apesar de não me ter debruçado sobre o Campeonato do Mundo de Futsal de 2016, que irá decorrer na Colômbia, entre Setembro e Outubro, e sobre o Campeonato do Mundo de Trail, que acontecerá no Parque Nacional Peneda-Gerês, em Outubro, gostaria de fazer, aqui, referência a estes dois eventos, não só pela importância de ambos, como também pelos muitos aficionados que reúnem, pelo mundo fora.

Comentário na "Rádio Alto Ave", e jornais "Geresão" e "Notícias de Vieira" (13/06/2016).

segunda-feira, 23 de maio de 2016

FINALMENTE, O TÚNEL DO MARÃO!

Desde o lançamento da primeira pedra, até à inauguração do Túnel do Marão, Lili Caneças tirou uma “selfie”, ao lado de Jorge Jesus, o Argozelo conseguiu vencer uma Taça da Associação de Futebol de Bragança e, nas Presidenciais, Vitorino Silva conquistou 457 votos, em Rebordosa, concelho de Paredes. Ah, e a empreitada passou por cinco governos e três primeiros-ministros.
Vários acontecimentos (uns mais importantes do que outros) foram decorrendo, ao longo de oito anos, que pareciam intermináveis, e que iam adiando o sonho, principalmente dos transmontanos.
O importante momento, que envolveu o passado dia 7 de Maio, foi tão frenético e excitante que Passos Coelho, que até já foi presidente da Assembleia Municipal de Vila Real, mas que preferiu não estar presente na inauguração, teve uma alucinação e referiu que nunca participou em inaugurações de obras. 
Quem não perdeu uma boa oportunidade, para reagir a Passos, foi o “animal político” José Sócrates, indo de encontro ao que disse Lili Caneças: “Estar vivo é o contrário de estar morto”.
O Túnel do Marão tinha sido uma promessa de campanha de Sócrates, que foi um dos poucos políticos a lutar pela construção do túnel, e apareceu “fresco como uma alface”.
De salientar o quanto foi curioso atestar que o antigo primeiro-ministro socialista consegue ser o centro de todas as atenções, sempre que aparece em público, levando a que os microfones tenham nele o seu destinatário favorito, e fazendo com que António Costa procure, habilmente, fugir aos holofotes. 
Foi uma das inaugurações mais marcantes, na história da região. Uma região pouco desenvolvida, sendo, nomeadamente, esquecida pelo poder central e não, cuidadosamente, valorizada pelo poder local. 
O Marão era um bloqueio ao desenvolvimento de Trás-os-Montes e Alto Douro, e o Túnel do Marão será alternativa a uma estrada com um percurso montanhoso e manchada de sangue - o IP4.
Diminuindo desigualdades, e aconchegando o interior, ao litoral, o túnel sempre traz alguma esperança aos transmontanos. No entanto, 5 665 metros de alcatrão nunca serão a “galinha dos ovos de ouro” de uma região, não resolvendo todos os problemas. Como anotou Manuel Carvalho, no Público: “Para que Trás-os-Montes e o Alto Douro se desenvolvam, [...] vai ser preciso o que tanto tem faltado: ousadia, empenho, perseverança, estratégias e investimentos”.
Para terminar, partilho algumas palavras sentidas de um poeta que tanto se inspirou na Serra do Marão, Teixeira de Pascoaes:

Chegada de Marânus à Montanha

Amo-te, ó Serra, em tudo o que tu és!
Amo-te, desde a rocha que em ti sofre
Ao tojo bravo e à urze tão mesquinha
De que sempre te vestes, porque, enfim,
Tu és grande, e, portanto, pobrezinha!


(Teixeira de Pascoaes, in Marânus) 

Comentário político na "Rádio Alto Ave", e jornais "Geresão" e "Notícias de Vieira".

terça-feira, 26 de abril de 2016

INTERVENÇÃO NA SESSÃO SOLENE EVOCATIVA DO 42.º ANIVERSÁRIO DO 25 DE ABRIL


Intervenção na Sessão Solene evocativa do 42.º aniversário do 25 de Abril, que decorreu no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Vieira do Minho.


REVOLUÇÃO

Como casa limpa 
Como chão varrido 
Como porta aberta

Como puro início 
Como tempo novo 
Sem mancha nem vício

Como a voz do mar 
Interior de um povo

Como página em branco 
Onde o poema emerge

Como arquitectura 
Do homem que ergue 
Sua habitação

Este poema, escrito por Sophia de Mello Breyner Andresen, dois dias depois da Revolução, lança a nova face de um país que estava preso a um regime ditatorial, de um país fechado sobre si mesmo, e que sofria de uma forte repressão social.
Os portugueses sonhavam com um país livre e justo, e, a partir daqui, teve início uma nova vida.
Nasci cerca de 10 anos depois da Revolução dos Cravos e, desde cedo, me instruíram que a Revolução teve, no Capitão Salgueiro Maia, o seu grande herói. O seu célebre discurso, na madrugada de 25 de Abril de 1974, será eternamente recordado, por todos os que desejaram Abril, e que começa assim:
“Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados socialistas, os estados capitalistas e o estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos!”
As palavras mobilizaram 240 homens, que permitiram que a minha geração nascesse num país livre; num país que mudou imediatamente após o 25 de Abril, e que conseguiu diversas e importantes conquistas, na sociedade.
Constantes reivindicações levaram o país a importantes transformações políticas e sociais. No ano de 1974, avança o salário mínimo, a pensão social e o “13º mês”, para os pensionistas; em 1975, é atribuído o subsídio de desemprego; em 1979, é criado o Serviço Nacional de Saúde; em 1980, o Regime Não Contributivo da Segurança Social e, em 1984, é instituída a Lei de Bases da Segurança Social.
Noutras áreas, o sistema de educação mudou, diminuindo, drasticamente, a literacia e a reforma agrária avançou.
Estas importantes conquistas reflectem um conjunto de mudanças imediatas, logo após a entrada da democracia, estabelecendo-se uma relação entre Governo e cidadãos, bem diferente do que acontecia até então, registando-se, também, os direitos que as mulheres ganharam.
Os portugueses almejavam uma vida melhor. Como anotei anteriormente, os portugueses sonhavam com um país livre e justo.
Com tudo isto, posso apontar com clareza que, Abril não falhou! É óbvio que foram cometidos vários erros, numa das democracias mais jovens da Europa, de que são exemplo, a pobreza, a exclusão social e as desigualdades, que continuam a ser grandes preocupações e que têm obrigado a emigrar milhares de portugueses, mas Abril não falhou!
Já nasci num país sem censura. Vivi sempre em democracia. Não passei as angústias e sofrimento que muitos de vocês viveram.
Fica, por isso, aqui, o meu reconhecimento a todos os que combateram a ditadura; a todos os que auxiliaram a abrir as portas da democracia; a todos os que responderam às injustiças sociais, e a todos os que defenderam e defendem um país melhor.
Num povo que já foi a maior potência mundial, numa sociedade que sofre, nomeadamente, uma perda de valores, enfrentando uma crise de identidade, deixo uma mensagem de esperança, terminando com outro poema de Sophia de Mello Breyner Andresen:

25 DE ABRIL

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo 


VIVA O 25 DE ABRIL!
VIVA A LIBERDADE!
VIVA VIEIRA DO MINHO!
(Fotografia: Município de Vieira do Minho).

segunda-feira, 21 de março de 2016

DEZ ANOS DO CAVA, COM CIDADANIA, IGUALDADE E CULTURA


Ao contrário do que é habitual, vou concentrar-me num movimento que tem sido um dos pilares da minha vida: o CAVA – Clube Amigos de Vieira.
Após um passado que nos ligou a várias colectividades, um grupo de jovens amigos sentiu que um projecto poderia nascer, em Vieira do Minho.
Vou ao baú! Numa madrugada regada com o néctar dos deuses, no dia de 4 de Dezembro de 2005, nasceu o CAVA. Muito mais poderia anotar, em relação a este dia, mas fica para os que estiveram presentes.
Embarcamos no mesmo sonho, afinados pelo mesmo diapasão. E a maior parte dos directores, que estiveram presentes na constituição da Associação, ainda se mantêm.
Com 21 anos, comecei a liderar um grupo de amigos que tinha como missão inicial: organizar actividades culturais, sociais e desportivas.
Tendo por base um provérbio chinês, admito que ninguém nos deu o peixe, mas sim a cana e ensinaram-nos a pescar. A todas as pessoas que contribuíram para a oferta da cana, o nosso muito obrigado. As conquistas da Associação também são vossas.
Nas Conferências CAVA, oito já obtiveram o Alto Patrocínio do Presidente da República, e, como oradores, já tivemos, por exemplo, o ex-primeiro-ministro, Passos Coelho, e o actual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa (evento este que “ficará gravado nos anais da nossa história”, como apontou um dos presentes na conferência).
Sabendo da importância da prática desportiva como agente inclusivo, tivemos duas apostas inovadoras, no concelho de Vieira do Minho: federamos uma equipa de basquetebol e construímos uma equipa de desporto adaptado.
Mas também “combatemos” com balas de tinta; rolamos vertiginosamente sobre o asfalto; descemos de rafting, no rio Minho; lançamos o projecto fotográfico “Uma Viagem por Vieira do Minho”, que vai possibilitar uma viagem física e afectiva, através de registos fotográficos de actividades presentes em vinte e uma comunidades do nosso concelho, e até internacionais portugueses nas camadas jovens deram uns toques na bola, nos torneios de street football. Eu percebo-os: a vida também é feita de pequenos, mas maravilhosos momentos.
De realçar, ainda, a parceria responsável e de inquestionável valor criada com a Escola B/S Vieira de Araújo. Duas escolas de cidadania activa deram as mãos, dando início, em conjunto, a um trabalho profícuo.
As nossas bandeiras - Cidadania, Igualdade e Cultura - são içadas, de forma constante.
Crescemos, acima de tudo, como homens! Com o associativismo, abrimos portas, expandimos horizontes, partilhamos novas experiências, enriquecemos os nossos conhecimentos, construímos e fortificamos amizades.
Se alguém me dissesse que, no ano de 2016, a Associação atingiria a barreira dos 750 sócios, ultrapassasse as 90 iniciativas, e que conquistaria o Troféu Desportivo “O Minhoto”, na categoria Clube Ligação Desporto/Cultura, eu diria: “Não estás bem lúcido!”.
Foi a humildade que potenciou as vitórias, comprovando que grandes obras também podem, e devem, ser assinadas por grandes jovens.
O que será do CAVA daqui a 10 anos? Vamos continuar a promover novas e melhores iniciativas, com a força e dinamismo que nos caracteriza. Em relação às inúmeras barreiras, Nietzsche já dissera que, “Tudo o que não nos destrói, torna-nos mais fortes”, e nós partilhamos desta visão, desta forma de estar.

Comentário político na "Rádio Alto Ave", e jornais "Geresão" e "Notícias de Vieira".

domingo, 14 de fevereiro de 2016

PRESIDENCIAIS 2016: SURPRESAS, "ERROS DE CASTING" E A VITÓRIA INEQUÍVOCA DE MARCELO


No dia 24 de Janeiro, Marcelo Rebelo de Sousa confirmou o favoritismo e venceu as Eleições Presidenciais.
Num caminho recheado de debates, maioritariamente desinteressantes e desnecessários, e numa campanha pouco estimulante, foi notório que só Sampaio da Nóvoa desejava que o dia das eleições não chegasse depressa. Marcelo tinha a vitória num bolso, e o antigo reitor da Universidade de Lisboa estava, lentamente, a recuperar terreno. Já Maria de Belém estava no meio de uma avalanche.
Sampaio da Nóvoa ainda ganhou alguma força e esperança, após encostar Marcelo Rebelo de Sousa às cordas, nos debates. Contudo, tinha um grande “calcanhar de Aquiles”, que um Presidente da República não pode ter, e que era, precisamente, a ausência de experiência política.
Mesmo assim, conseguiu uma votação simpática e, como anunciava antes da campanha, foi mesmo “bonito”, mas esteve longe de unir a esquerda.
Em relação a Maria de Belém, o mistério continua a ser o porquê desta candidatura. A sua falta de carisma e empatia com os portugueses sempre foi evidente, e, a agravar este cenário, foi atropelada pela decisão do Tribunal Constitucional, a respeito das subvenções vitalícias. Sai, dispensavelmente, pela porta pequena.
De realçar que, nestas Presidenciais, o PS estava numa posição difícil. No entanto, e depois de Maria de Belém ter entrado também na corrida, o partido fez bem em não apoiar nenhum candidato, pois iria lançar álcool sobre várias feridas.
Depois de se saber que António Guterres e António Vitorino não seriam candidatos, as portas de Belém abriram-se, escancaradas, para Marcelo. Desde cedo, criou uma dinâmica de vitória, conquistando votos também no centro-esquerda.
Muitos consideram que o candidato vencedor chegou onde chegou porque teve palco, na televisão, durante vários anos, mas sejamos moderados. Marques Mendes e Pacheco Pereira “entram” nas nossas casas, há já vários anos, e a questão impõe-se: Caso se candidatassem, será que conquistariam mais votos do que Marisa Matias?
A presidência de Marcelo será diferente de Cavaco Silva. Sem o preconceito ideológico do ainda Presidente da República, o antigo comentador deve procurar manter o seu estilo descontraído e genuíno, humanizando Belém e procurando estabelecer pontes. Um dos grandes desafios passa já por serenar as relações entre Belém e São Bento.
Várias notas finais: Marisa Matias surpreendeu, transmitindo uma mensagem em conformidade com a linha do Bloco. Edgar Silva foi uma má escolha do PCP, não conseguindo, sequer, agarrar os comunistas que são, por norma, fiéis ao partido. E quanto a Vitorino Silva, uma das sensações destas Presidenciais, podem tecer-lhe muitas críticas que, ainda assim, confirmou-se, nos resultados eleitorais, o facto de um homem humilde e honesto valer mais do que um pseudo-intelectual.

Comentário político na "Rádio Alto Ave", e jornais "Geresão" e "Notícias de Vieira".

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

O "ADEUS" DE PORTAS


Depois de quase 16 anos à frente do CDS-PP, o “animal político” Paulo Portas comunicou que não se vai recandidatar à liderança dos centristas. 
Será a despedida definitiva da liderança do partido, ou talvez não, de um político que desperta paixões, mas que, também, liberta ódio quanto baste.
Tratando-se de um homem estratega e inteligente (algo que ninguém o pode negar), preparou habilmente a sua rampa de lançamento n’O Independente. O semanário foi um projecto político, onde soltava a sua enorme repulsa em relação a Cavaco Silva, mas sem o ferir com gravidade, e demonstrava, com alguma excitação, a sua ambição pessoal.
Encaixando várias personalidades, consoante o momento indicasse, o seu lado assombroso e agressivo está bem visível na forma como “assaltou” a liderança, que envolveu um ataque pelas costas a Manuel Monteiro, e no facto de ter apagado nomes na história do partido como Diogo Freitas do Amaral, não respeitando nem tendo honra no passado do partido.
Correndo riscos óbvios, Portas desejou que o CDS-PP fosse “o partido do Paulo”, e moldou-o à sua imagem. Marcou o cenário político nacional, com uma liderança firme e um temperamento difícil, controlando toda a máquina partidária.
Portas sai no momento ideal para ele, mas num péssimo momento para o partido. Tentou liderar o centro-direita de Portugal, conseguindo bons resultados, mas, agora, seria bem diferente.
Depois das medidas que o Governo de coligação PSD/CDS-PP implementou, nomeadamente, cortar pensões e aumentar impostos, o CDS-PP deixou de ser o partido dos pensionistas e dos contribuintes.
Nas próximas eleições legislativas, como é que o actual líder centrista conseguiria manter um parlamento com tantos deputados? Acresce o facto de, o partido com Portas ainda não ter ido a eleições sem qualquer coligação, depois da sua credibilidade ter sido reduzida a cinzas, devido ao episódio da irrevogabilidade.
Com tudo isto, o CDS-PP pode passar a ser apenas a quinta força política. Parece que o histórico centrista queria evitar uma saída a seguir a uma pesada derrota (o seu ego inqueta-o).
Após Portas ter feito alguns ziguezagues ideológicos, enterrando até importantes bandeiras eleitorais que levaram o partido, em 2011, a um resultado fantástico, chegou o momento do partido encontrar e clarificar o seu ADN, quiçá, abraçar novas causas.
Com pouco peso autárquico, o CDS-PP vai entrar numa fase delicada. Dificilmente terá um líder carismático como Portas, mas parece óbvio que Assunção Cristas é a pessoa mais indicada, para avançar e renovar o partido.
O que irá fazer Paulo Portas? Daqui a 10 anos vai concorrer às presidenciais? Ninguém sabe. E pode-se esperar tudo de quem tinha jurado que, por exemplo, nunca iria a votos... Isto a propósito das Eleições Europeias de 1994, e posteriormente.  Só se sabe que a questão dos submarinos, e a sua irrevogabilidade, vão continuar a persegui-lo.

Comentário político na "Rádio Alto Ave", e jornais "Geresão" e "Notícias de Vieira" (12/01/2016).