domingo, 16 de outubro de 2016

GUTERRES, UM ORGULHO PARA PORTUGAL!


Quem diria que, no ano de 2016, a minha filha deixaria de chorar, quando visse o Ruca; a nossa selecção nacional venceria o Campeonato da Europa de Futebol, e um português fosse escolhido para secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU). O que falta? Portugal tornar-se numa das maiores economias europeias.
O mais alto cargo diplomático do mundo irá ser, assim, ocupado por um homem que nasceu na Europa Ocidental.
Entrando nos bastidores desta eleição, ou melhor, nos mexericos, o jornal The Wall Street Journal declarou apoio a Vuk Jeremic, e as jogadas de Merkel, Putin e Juncker não resultaram.
Parece que Merkel nos traiu, sendo uma das pessoas que mais lutou para que Guterres não conseguisse vencer. Provavelmente, influenciada por um provérbio português: "As palavras são como as cerejas, vêm umas atrás das outras", procurou descarregar a sua verborreia, e influência, em alguns amigos para que vencesse a candidata Kristalina Georgieva. Uma curiosa coincidência: “Toni” passou grande parte da sua infância na aldeia de Donas, no Fundão (a cereja é a imagem de marca do concelho).
As manias da “superioridade” de algumas pessoas são repugnantes. Portugal é o país de José Saramago e a Alemanha é o país de Günter Grass. Portugal é o país de Egas Moniz e a Alemanha é o país de Albert Einstein. Portugal é o país de Cristiano Ronaldo e a Alemanha é o país de Franz Beckenbauer. Mas o próximo secretário-geral da ONU é português!
Depois desta vitória, a minha vontade é atravessar o Portão de Brandemburgo, vestindo uma camisola da selecção portuguesa, com o nome GUTERRES gravado nas costas.
Esta eleição é uma das maiores satisfações que algum dia poderíamos ter. É extraordinário ver o que conseguiu um candidato de um país pequeno no tamanho, mas grande na alma.
E, precisamente, no dia em que se assinalou a Implantação da República Portuguesa, a 5 de Outubro, sabe-se que, um dos nossos grandes republicanos irá ocupar um cargo tão prestigiante. Que feliz coincidência!
António Guterres foi Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados e primeiro-ministro de Portugal. É um homem inteligente, humilde e de diálogo, que facilmente constrói pontes, e o seu humanismo e reputação internacional fazem dele a pessoa certa para a liderança da ONU.
Os desafios serão imensos, ou não existisse a crise dos refugiados; o conflito na Síria; focos de preocupação na Líbia, Iraque, Iémen e Sudão do Sul; ameaça do terrorismo global, da islamofobia e dos nacionalismos populistas; programa nuclear da Coreia do Norte; alterações climáticas, ou o combate à pobreza. Mas estou certo de que, Guterres tem todas as capacidades, para responder com grandiosidade a todos estes desafios. 

Comentário na "Rádio Alto Ave", e jornais "Geresão" e "Notícias de Vieira" (10/10/2016).