quarta-feira, 18 de outubro de 2017

DE ÁGATA A RUI MOREIRA

A poeira assentou! É altura de dar umas pinceladas sobre as eleições autárquicas.
Se, em Castanheira de Pêra, a lista independente “Todos Por Castanheira”, que contou com a cantora Ágata como segunda da lista à Câmara Municipal, surpreende ao obter um escasso resultado de 90 votos, o que dizer do resultado demolidor de Isaltino Morais, em Oeiras?
Ficou claro que, a lista de Ágata não conseguiu passar a música, ou melhor, o programa eleitoral. Já Isaltino teve tempo para tudo. Sai da cadeia, no dia 24 de Junho de 2014, escreve um livro, decide candidatar-se à Câmara de Oeiras a menos de seis meses das eleições, vence em todas as freguesias e consegue maioria absoluta. “E esta, hein?” Agora, repito uma pergunta que milhares de portugueses fazem diariamente: Como é possível que políticos que foram condenados possam candidatar-se a eleições?
Volto aos perdedores. Pedro Passos Coelho foi o grande derrotado. Quando decidiu colocar em jogo Teresa Leal Coelho, em Lisboa, e Álvaro Almeida, no Porto, a música “Tá Bonito”, de Ágata, começou a tocar.
A situação já não era positiva para o líder do PSD (está isolado e sem discurso), mas, com tais apostas, pôs-se a jeito para obter o pior resultado de sempre do partido em autárquicas. Resultado: eleições directas a dia 13 de Janeiro.
Outro derrotado foi Jerónimo de Sousa. A CDU perdeu uma dezena de câmaras, entre elas, vários bastiões históricos dos comunistas. O PCP continuará a olear a “geringonça”? Não me parece que o partido tenha “margem de manobra” para, proximamente, mudar de estratégia.
O lançamento de foguetes ficou para António Costa e Assunção Cristas.
As eleições correram de feição a António Costa. O PS ganhou com enorme vantagem, onde se destaca a vitória de Fernando Medina, e responde àqueles que acusam o PS de se esquerdizar. A acrescentar aos resultados da nossa economia, Costa caminha com grande confiança.
Com a aposta que o PSD fez para a capital, Assunção Cristas “aproveitou” uma grande oportunidade para brilhar, o que já levou o porta-voz do CDS-PP, João Almeida, a anotar que o partido se assume como alternativa ao Governo. Ao contrário da actual liderança do PSD, Cristas sabe o caminho que deve trilhar.
Para o Bloco, foi um resultado poucochinho. Aumentou o número de mandatos, mas ainda não tem relevância autárquica.
Uma nota final para a maioria absoluta de Rui Moreira. Além de ser como o algodão, mostra que uma política assente, particularmente, na cultura também é reconhecida pelos eleitores.

Comentário na Rádio Alto Ave e jornal Geresão (11/10/2017).