quinta-feira, 15 de março de 2018

A AMBIÇÃO DE CRISTAS


Nos dias anteriores ao congresso do CDS-PP, Assunção Cristas disse, de forma categórica, que quer ser primeira-ministra. Alguns gostaram, mas Rui Rio coçou a cabeça e pensou: “Era só o que me faltava!”
Quando ainda precisamos de uma pedra de granito polida, e de uma vassoura, para praticar uma modalidade oficial dos Jogos Olímpicos de Inverno, o que dizer da ambição de Cristas? A verdade é que, enquanto uns colocam minas no caminho do seu novo líder, outros dão confiança e não dão sinais de divergência.
Liderar o centro-direita, e não apenas a direita, será uma tarefa hercúlea. A actual líder do CDS desperta algumas paixões, mas também precisa de um PSD moribundo, o que não parece ser difícil (nem quero “gastar” palavras com a rídicula escolha de Elina Fraga; realço um vice-presidente que é uma espécie de Miguel Relvas mas doutorado, e a forte instabilidade na bancada parlamentar).
O líder do PSD deve saber que um eleitor que vota, tradicionalmente, no seu partido, mas que agora esteja descontente, avança para o caminho do CDS sem precisar que alguém o empurre. Aliás, sempre que Rio se aproximar do PS, Cristas vai aproveitar a oportunidade para deixar bem claro que a alternativa à “geringonça” é o CDS. 
Hoje em dia, um eleitor não valoriza tanto a ideologia, o que facilita o surgimento de fenómenos políticos que passem a mensagem, de forma simples e clara.
No dia 12 de Janeiro de 2016, referi que Assunção Cristas era a “pessoa mais indicada, para avançar e renovar o partido”. Paulo Portas já lá vai e parece que ninguém se lembra dele. O mérito é da actual líder! Pode não ter o seu carisma, mas vai buscar votos onde Portas não conseguia caçar, depois do ódio libertado em várias direcções, durante anos e anos.
O partido está unido e motivado, aplaudindo a ambição da sua líder e mostrando que quer chegar longe e que tem vontade de vencer.
O resultado das autárquicas, em Lisboa, dá confiança ao CDS, mas umas legislativas levantam desafios extremos para um partido que conseguiu, “apenas”, 11,70% dos votos, nas legislativas de 2011. E as eleições já serão, sensivelmente, daqui a ano e meio.
Assunção Cristas corre vários riscos. E se tiver um resultado poucochinho? A política portuguesa só tem a ganhar com lideranças destemidas; lideranças que provoquem o habitual conservadorismo português.
Entretanto, Nuno Melo já está em jogo para as europeias. É uma boa jogada, mas não é a mais perfeita. Está a fazer um bom trabalho no Parlamento Europeu, contudo Pedro Mota Soares (número dois na lista do partido às europeias) é “vinho de outra pipa”, dado conseguir capitalizar mais votos.
Uma pequena nota para Adolfo Mesquita Nunes. É liberal, brilhou enquanto secretário de Estado do Turismo, vai coordenar o programa eleitoral do partido, cujo futuro passa por ele.

Comentário na Rádio Alto Ave e jornal Geresão (12/03/2018).