Num momento em que o país
atravessa uma grave crise financeira, económica e social, que resulta de uma
desastrosa estratégia governamental, só faltava mesmo assistirmos a momentos de
instabilidade e incerteza no maior partido da oposição, o Partido Socialista.
Toda a agitação começa
quando Pedro Silva Pereira é o escolhido da ala “socrática” para defender um
congresso no PS “tão depressa quanto possível”. Este acontecimento explica-se
porque alguns têm sede do poder e já começaram a sair da toca, uma vez que
cheira a eleições. Ou seja, a pressa é de alguns regressarem ao poder o quanto
antes e, para tal, têm minado o caminho do líder do partido de forma
completamente deplorável. Seguro sofre a bem sofrer por ter herdado um grupo
parlamentar escolhido por Sócrates.
No meio de tudo isto,
António Costa começou a preparar uma candidatura à liderança do PS. Sim,
começou a preparar uma candidatura e andou aos ziguezagues até perceber que o
apoio de alguns barões do partido não lhe chegava para vencer Seguro, que tem
um apoio abrangente nas bases.
Costa viveu
o pior momento dos últimos anos, seguindo o caminho da ala “socrática”. É
verdade que “a vida política não é um concurso de vaidades, mas um sentido de serviço em torno de ideias
políticas”, como disse e bem António Costa. Assim sendo, deveria ter tido a coragem de avançar de
forma determinada e não recuar quando percebeu a inevitável derrota. Deu um
passo à frente e dois atrás, ou melhor, deu tiros nos pés que
podem comprometer o seu futuro político no PS.
Por outro lado, o
documento apresentado por Seguro sobre a base estratégica para o PS isenta
Sócrates como o único responsável pela crise, o que levou à aproximação dos
senhores que provocaram o incêndio. O problema é que ninguém sabe o tempo que
demorará esta calmaria porque eles têm caixas de fósforos nas mãos.
António José Seguro até pode
continuar a ter um discurso um pouco vazio, no entanto, quer queiramos, quer
não, acabou por sair reforçado desta “embrulhada”. Aliás, pode ser que ainda
venha a surpreender, pois “os grandes líderes forjam-se no calor da batalha”
(Sir Terry Leahy).
Comentário político na "Rádio Alto Ave" e jornal "Geresão" (13/02/2013).