quinta-feira, 27 de setembro de 2018

RIO E O PSD, NA SILLY SEASON...


O “meu querido mês de Agosto” é sinónimo, para muitos portugueses, de férias. Rui Rio também teve o seu repouso, mas foi, imediatamente, atacado pela sua duração. Parece que, em Portugal, o silêncio dos políticos é incómodo para alguns sectores. 
Há um passado que me une ao líder do PSD: partilhamos a atracção da velocidade e fomos velocistas, no entanto, não nos cruzamos nas pistas de atletismo. Agora, sou ultramaratonista e Rio tenta afinar a estratégia do partido social-democrata.
Ser líder partidário tem muito que se lhe diga, senão vejamos: o PSD leva a tribunal candidatos do partido, que excederam custos, e corta 60 mil euros à Festa do Pontal (isto, quando o partido deve, segundo o secretário-geral do PSD, José Silvano, “a alguns fornecedores há mais de 10 anos”), e, em vez de receber aplausos vindos, acima de tudo, do partido, recebe várias indicações de que há pontos mais importantes para focar. Isto leva-me, em parte, ao livro “O Quarto de Marte”, de Rachel Kushner: “(...) os ritmos do mundo nem sempre se coordenam com o ritmo da pessoa”.
Parece que o “banho de ética” do antigo presidente da Câmara Municipal do Porto vai continuar em acção, e, para não “dar uma no cravo e outra na ferradura”, o líder do PSD devia afastar Salvador Malheiro, o cacique de Ovar.
Em relação às críticas ao trabalho que Rui Rio tem desenvolvido, no pouco tempo que está à frente do partido, Luís Montenegro e Pedro Duarte são os principais rostos que já anseiam, desesperadamente, por uma queda da actual liderança. Isto faz uma certa confusão a quem deseja elevação na política! Não tiveram coragem de enfrentar Rio nas urnas, mas não se acobardam na hora de mandar “bitaites”. Morais Sarmento bem lembrou, na Universidade de Verão do PSD, que o PSD está sempre em guerra interna.
É verdade que Rui Rio tem cometido alguns erros, nomeadamente, em dar demasiada atenção aos opositores internos, como fez na Festa do Pontal, e deve, isso sim, focar-se mais no seu principal adversário, o Partido Socialista, e apresentar propostas.
Já agora, sabendo-se que o nosso país necessita de uma reforma da justiça, é importante destacar as seguintes palavras de Rio: “Uma reforma da justiça só é possível, no dia em que o líder da oposição quiser”. Assim sendo, se o presidente do PSD promover consensos para que tal reforma se torne possível, está a comportar-se como um estadista, se não o fizer...

Comentário na Rádio Alto Ave e Geresão (14/09/2018).