domingo, 23 de junho de 2019

A UNIÃO FAZ A FORÇA... TAMBÉM NA POLÍTICA!


Passou um acto eleitoral e vejo três pessoas a quererem mostrar que estão mais activas que nunca. Refiro-me a José Castelo Branco; Rui Rio e Assunção Cristas, se bem que, por razões diferentes.
Castelo Branco que, em Nova Iorque, se tem debruçado sobre a realidade do nosso país, quer concorrer às eleições legislativas. Será um sonho de criança?
No Mosteiro, antes de adormecer, também penso no impacto das políticas sociais de Jüri Ratas, primeiro-ministro da Estónia. Só que eu não posso candidatar-me às legislativas da antiga República Soviética, já Castelo Branco…
Entretanto, já há troca de acusações com o líder do partido Chega. Uma coisa é certa: a sensibilidade vai estar mais presente, na nossa política. Senão, vejamos como começa a resposta de Castelo Branco a André Ventura, o tal que faltou ao debate das europeias, porque tinha de comentar futebol: “Meu querido...”.
Adiante! Vamos abordar um tema sério, com recurso a factos.
As recentes eleições europeias tornaram claro que o centro-direita está enfraquecido. O PSD e CDS recolheram, em conjunto, uma votação inferior a 30%. Resultado anunciado?
Nas europeias de 2014, o resultado dos dois partidos, que representam o centro e a direita, foi fraco, mas justificaram com a Troika (o que até se compreende), e focaram demasiada atenção no “poucochinho”.
Nas legislativas de 2015, acontece o que todos sabemos e a estratégia da oposição passa por dizer, sistematicamente, que António Costa não ganhou as eleições; que é um Governo ilegítimo, e que “vem aí o diabo”. Os portugueses fartaram-se destes comportamentos e António Costa e Mário Centeno aproveitaram.
Nas autárquicas de 2017, PSD e CDS não deram bem as mãos e o PS saiu reforçado.
Nas europeias de 2019, o PSD teve o pior resultado de sempre, em eleições, e o CDS foi quase ultrapassado pelo… PAN.
Os candidatos Paulo Rangel e Nuno Melo foram um fiasco. Rangel esteve sempre aos berros e a atacar, mas nem se percebeu que mensagem queria fazer passar, e nem sequer chegou à baliza. Melo fez o impensável, e chamou, insistentemente, Sócrates (ainda deve sonhar com ele), e teve a coragem de reagir à derrota da seguinte forma: “A direita tende a ir à praia, a esquerda tende a ir às urnas”. Assim sendo, foi “Porreiro, pá!”.
Tudo isto somado resulta numa crise no centro-direita, com muita sacudidela de água do capote.
Está à vista de todos que, com as lideranças de Rui Rio e Assunção Cristas, cada um segue o seu próprio caminho. Rio quer é tentar unir o partido e definir a sua linha estratégica, e Cristas quer é ser primeira-ministra. Ou seja, poucas condições para uma forte coligação pré-eleitoral, tipo PàF 2 (Portugal à Frente 2).
É importante relembrar aos líderes dos dois partidos uma pequena nota. Há muito que se sabe que, só com maioria de 116 deputados, conseguirão governar.
O centro-direita tem de estar unido, procurando uma cooperação estratégica, para apontar baterias à esquerda.
Uma das coisas que mais impressiona é que, por vezes, a oposição, em vez de aplaudir a recuperação económica e a redução do défice, podendo até recolher alguns dos louros porque os primeiros passos foram dados pelo anterior primeiro-ministro, chegam a criticar o défice actual. Não se pode seguir uma linha de orientação estratégica, quando se está no poder, e seguir outra, quando se está na oposição. Os eleitores ficam confusos.
Impõe-se uma análise profunda do centro-direita ao que aconteceu, nos últimos anos, para, depois, tentarem sintonizar os passos de dança, até Outubro.

Comentário na Rádio Alto Ave e Geresão (13/06/2019).