segunda-feira, 15 de junho de 2015

FIFA, JESUS, BRUNO DE CARVALHO E GRÉCIA

     Temos assitido a semanas tão atribuladas, dentro e fora do mundo de futebol, que dá-me vontade de fazer vários dribles. Outros, porém, ficarão para depois.
Começando no futebol, a FIFA estremeceu quando a justiça americana decidiu entrar em acção.
Há muito que se suspeitava que, realizar um Mundial em sítios quase inóspitos, como o Qatar, teria de ter um preço. Sobre este caso, apetece-me ser irónico: o Mundial de 2022 só não será no Iémen, porque este país não conseguiu cobrir a proposta do Qatar.
Realmente, parece que, na FIFA, tudo tem um preço. Havia já uma grande desconfiança a pairar sobre muita coisa, mas nem me passava pela cabeça que as pequenas selecções também podiam receber dinheiro, se rejeitassem avançar com processos contra as selecções mais poderosas.
Este esquema está tão bem montado e controlado que Blatter conseguiu ainda vencer, confortavelmente, outra eleição, quando a ponta do icebergue já estava bem visível.
Assim sendo, é evidente que a FIFA tem de ser totalmente reestruturada. O desporto mais popular do mundo merece homens sérios!
Em Portugal, Jorge Jesus surpreende, uma vez que assina pelo suposto clube do coração. Foi amado no Benfica, mas veremos se será amado no Sporting.
Como benfiquista, claro que preferia que Jorge Jesus continuasse na Luz, uma vez que conseguiu levantar o monstro adormecido. Porém, tenho a sensação que, se fosse sportinguista, não iria ficar feliz com a substituição que Bruno de Carvalho operou.
Parece que Luís Filipe Vieira não queria o “mestre da táctica”, e tentou empurrá-lo para fora do país. No entanto, o tiro saiu-lhe pela culatra e acabou por empurrá-lo, não para fora do país, mas para o outro lado da segunda circular. Foi uma jogada de enorme risco, e, agora, resta aguardar para ver se o Benfica continuará a ganhar sem Jorge Jesus.
Bem, o que também ficou claro foi que, o antigo treinador do Benfica não tem grande mercado. Ficou comprovado o que já se pensava: no futebol europeu de primeira linha, bem mais importante que dominar a sua própria língua, é brilhar dentro e fora de portas. E este é o calcanhar de Aquiles de Jorge Jesus.
Ora vejamos: excepção feita à época 2011/2012, quando o Benfica atingiu os quartos-de-final, as prestações na Liga dos Campeões foram desastrosas. Com Jesus no comando, o clube foi eliminado, na fase de grupos, quatro vezes em cinco presenças. Em relação à Liga Europa, todos sabemos que é pouco importante no futebol europeu, e desinteressante para clubes com a história do Benfica.
O que é certo é que os homens passam, mas as instituições ficam.
Em relação a Bruno de Carvalho, há que dizer uma coisa muito importante. De homem, pouco ou nada tem. É impressionante ver o tratamento que estão a fazer a um treinador sério e honesto que deu a Taça de Portugal ao Sporting, sete anos depois. O despedimento de Marco Silva roça a humilhação, parvoíce, desrespeito, e é ridículo.
Por isso, espero, agora, que Marco Silva recorra e que se faça justiça no Tribunal do Trabalho.
Deixo, aqui, mais duas notas em relação ao presidente do Sporting. A primeira é que, a pouca racionalidade de Bruno de Carvalho é notória, quando se vê uma equipa gastar tanto dinheiro com um treinador, depois de implementar uma estratégia violenta que visa a redução de passivo. E a segunda nota é que, é bem visível o seu carácter, ou a falta dele, quando não comparece na reunião onde Marco Silva é despedido. 
Avançando para a Grécia, e no momento que escrevo este artigo, ainda não foi alcançado um acordo entre o país helénico e os seus credores, principalmente o FMI e União Europeia, mas este acordo tem de ser obtido, urgentemente, de forma a cumprir os pagamentos até ao próximo dia 30 de Junho.
A odisseia continua, e é óbvio que só os credores e o Governo grego sabem, exactamente, o que está a acontecer, mas quem vê de fora, tira algumas conclusões, como o facto de este acordo não ser fácil de obter, porque o FMI e a União Europeia não querem largar a austeridade, e o Governo está a tentar cumprir o que prometeu aos seus eleitores, ou seja, está a tentar cumprir o impossível. A Grécia pretende, por exemplo, um acordo que inclua uma reestruturação abismal da dívida do país.
Cada lado continua a esticar a corda, mas esta pode mesmo rebentar, ou seja, a bancarrota da Grécia é, cada vez mais, uma forte possibilidade.
Para “complicar” a vida ao Governo, verifica-se que os seus cidadãos não querem voltar ao dracma.
Não sei se é pelo facto de a Grécia representar apenas 2% da economia da Zona Euro, mas parece-me que poucas pessoas estão preocupadas com a possível falência do país. No entanto, convém anotar que este impasse já fez com que os juros da dívida de Portugal subissem para máximos do ano.
            O futuro é cada vez mais incerto, e já nem sei se o FMI, a União Europeia e o Governo de Tsipras e Varoufakis querem que isto acabe bem.

Comentário na "Rádio Alto Ave", e jornais "Geresão" e "Notícias de Vieira" (11/06/2015).