quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

"QUAL É A PRESSA?"


Num momento em que o país atravessa uma grave crise financeira, económica e social, que resulta de uma desastrosa estratégia governamental, só faltava mesmo assistirmos a momentos de instabilidade e incerteza no maior partido da oposição, o Partido Socialista.
Toda a agitação começa quando Pedro Silva Pereira é o escolhido da ala “socrática” para defender um congresso no PS “tão depressa quanto possível”. Este acontecimento explica-se porque alguns têm sede do poder e já começaram a sair da toca, uma vez que cheira a eleições. Ou seja, a pressa é de alguns regressarem ao poder o quanto antes e, para tal, têm minado o caminho do líder do partido de forma completamente deplorável. Seguro sofre a bem sofrer por ter herdado um grupo parlamentar escolhido por Sócrates.
No meio de tudo isto, António Costa começou a preparar uma candidatura à liderança do PS. Sim, começou a preparar uma candidatura e andou aos ziguezagues até perceber que o apoio de alguns barões do partido não lhe chegava para vencer Seguro, que tem um apoio abrangente nas bases.
Costa viveu o pior momento dos últimos anos, seguindo o caminho da ala “socrática”. É verdade que “a vida política não é um concurso de vaidades, mas um sentido de serviço em torno de ideias políticas”, como disse e bem António Costa. Assim sendo, deveria ter tido a coragem de avançar de forma determinada e não recuar quando percebeu a inevitável derrota. Deu um passo à frente e dois atrás, ou melhor, deu tiros nos pés que podem comprometer o seu futuro político no PS.
Questiona-se se o percurso político de António Costa terminará sem uma candidatura à liderança do partido, mas estes episódios tiraram-no da “pole position”. 
Por outro lado, o documento apresentado por Seguro sobre a base estratégica para o PS isenta Sócrates como o único responsável pela crise, o que levou à aproximação dos senhores que provocaram o incêndio. O problema é que ninguém sabe o tempo que demorará esta calmaria porque eles têm caixas de fósforos nas mãos.
António José Seguro até pode continuar a ter um discurso um pouco vazio, no entanto, quer queiramos, quer não, acabou por sair reforçado desta “embrulhada”. Aliás, pode ser que ainda venha a surpreender, pois “os grandes líderes forjam-se no calor da batalha” (Sir Terry Leahy).  

Comentário político na "Rádio Alto Ave" e jornal "Geresão" (13/02/2013).