O desaparecimento do
presidente da Venezuela, Hugo Chávez, causou enorme impacto um pouco por todo o
Mundo. Amado por uns, odiado por outros, o certo é que marcou a história do
país e da América Latina, sendo a voz da região.
Chávez foi um líder
carismático e populista, que entusiasmou fortemente o seu povo desde que
assumiu a presidência do país em 1999. Facilmente se percebe este sentimento
quando registamos parte da sua obra: os gastos sociais aumentaram 60,6%; a taxa
de pobreza baixou de uma forma estrondosa; a Venezuela passou a ser o país
menos desigual da América Latina; o salário mínimo aumentou mais de 2.000%...
“El
Comandante” sempre
olhou com especial atenção para os cidadãos mais pobres do país e as marcantes
reformas sociais melhoraram a vida de milhões de venezuelanos. Mas nem tudo são
rosas e o outro lado da moeda é assombroso. Os seus
tiques ditatoriais estiveram sempre presentes, reagindo de forma feroz
contra quem o criticava (quem não se recorda do encerramento de várias estações
de rádio e televisão?).
O estilo de Chávez
permitiu-lhe conquistar aliados de peso como Fidel Castro e o perigoso presidente
iraniano Ahmadinejad. Deste grupo de amigos espera-se o pior, incluindo momentos
pouco democráticos e baterias apontadas para o Ocidente.
A aposta em
nacionalizar diversas empresas e “aproveitar” a renda do petróleo levou a que a
Venezuela ganhasse muito dinheiro fácil, avançando, nomeadamente, para a
concentração de parte do poder numa pequena elite. O problema é que o petróleo
não é eterno e depois terminará o “El Dorado”. Juan Pablo, um dos criadores da
OPEP, já dizia que o petróleo era o “excremento do diabo”!
Nicolas Maduro é o
senhor que se segue. O homem de confiança de Chávez vencerá Henrique Capriles
pois será beneficiado de forma decisiva pelo factor emocional, mesmo sabendo-se
que muitos cidadãos não querem mais “chavismo”. À semelhança do que aconteceu
em Cuba, com a saída de cena do “pai” de Chávez, Fidel Castro, a “revolução”
também enfraquecerá na Venezuela.
Comentário político na "Rádio Alto Ave" e jornal "Geresão" ( 11/03/2013).