Os portugueses ficam
completamente inquietos, quando olham para as novas previsões do Banco de
Portugal que indicam que, entre 2014 e 2016, a economia deverá ter um
crescimento acumulado de 4,4%.
Certamente que o Governo
terá lançado foguetes mas, nesta situação, levanta-se um ponto muito
importante: não podemos ter razões para festejar, porque a economia vai
produzir, em termos reais, o mesmo que em 2006. No final de contas, isto
significa dizer que, sem margem para dúvidas, batemos no fundo. Obviamente, e
como seria expectável, em algum momento, recuperamos, pese embora, esta
recuperação não seja directamente proporcional aos imensos sacrifícios feitos
pelos portugueses.
Convém realçar que chegamos
a este ponto porque a “estratégia” obsessiva do Governo é a austeridade,
levando ao empobrecimento massivo, e ao aumento da desigualdade.
Os dados provisórios do
Instituto Nacional de Estatística, relativos a 2012, são um excelente reflexo
da actual política, pois quase dois milhões de pessoas estavam em risco de
pobreza, atingindo o nível mais elevado desde 2005; 28% das famílias não têm
capacidade para manter a casa adequadamente aquecida; cerca de metade da
população portuguesa está dependente de apoios sociais, e alargou-se o fosso
entre os mais ricos e os mais pobres.
Estes dados são
verdadeiramente arrasadores e alarmantes, mas não surpreenderão ninguém. São um
claro resultado de um corte brutal nas políticas sociais, que até nos leva à
liderança, juntamente com mais três países, nos cortes na despesa social na
União Europeia.
Já que o Governo não ouve os
portugueses, pode ser que oiça a Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico (OCDE) que, no seu relatório bienal, recomendou
prioridade à protecção dos mais pobres e alerta para a nossa falta de equidade,
na distribuição da crise.
O caminho seguido será,
obviamente, para manter, dado tratar-se de um Executivo que não possui
sensibilidade social, e que não tem como prioridade apoiar quem passa por
dificuldades.
Passos Coelho e Paulo Portas
conduzem um Governo mais papista do que o Papa, indo muito mais longe do que o
que estava previsto no memorando. Por isso, o automóvel já se despistou várias
vezes, nas curvas apertadas.
Sabem uma coisa?
Regozijemo-nos! Como disse Luís Montenegro, líder da bancada parlamentar do
PSD: “A vida das pessoas não está melhor, mas a vida do país está muito
melhor…”.
Uma dúvida: Mas a que país
se refere? Será àquele país à beira mar plantado, ou ter-se-á referido ao país
de Günter Grass?
Comentário político na "Rádio Alto Ave" e jornal "Geresão" (10/04/2014).