Quase tão boa como a
irrevogabilidade de Portas, é a afirmação de Passos Coelho, feita em Agosto de
2013: "Não acredito que o país aguente mais
impostos".
Aliás, a cerca de 3 semanas
da apresentação do Documento de Estratégia Orçamental, o Governo tinha
prometido não aumentar impostos. Mas,
afinal, o IVA e a TSU irão aumentar, já em 2015. Bem, uma coisa é
certa: este Governo não é de fiar, contradiz-se de forma frequente e
surpreendente. É oportuno realçar uma frase de um dos fundadores do partido
“laranja”, Sá Carneiro: “A política sem ética é uma vergonha”!
Virar a página, com a saída
da “troika”, deveria significar mudar de vida, aliviando o elevado peso da
austeridade que estamos fartos de carregar, e que tem dado resultados positivos
a conta-gotas. Mas isso ainda não vai acontecer.
Uma nota: a austeridade de
30 mil milhões de euros não chegou para cumprir a meta do défice, o que denota
um Governo com uma gritante falta de estratégia.
Muito se falou sobre a saída
de Portugal do programa de assistência financeira da “troika”. Acabou por ser
uma saída limpa, mas o curioso é que a saída com programa
cautelar nunca esteve, verdadeiramente, em cima da mesa.
A Europa chegou a isto: a mediocridade dos actuais líderes europeus é notória, e
países como a Finlândia não querem saber se a solidariedade está na base da construção europeia.
O Executivo defende que, no
ano de 2015, os pensionistas e funcionários públicos vão começar a ser
aliviados. É difícil de acreditar que já respirem de alívio, dado não se
vislumbrar, num futuro próximo, um descongelamento das pensões, por este
depender de factores ambiciosos, e sabendo-se que, só em 2020, a função pública
irá recuperar os salários de 2010.
No último
congresso do PSD, Passos Coelho garantiu que o país “está melhor” do que em 2011. Com o devido
respeito, não sei se será bem assim, senão vejamos o resultado do programa da
“troika”: o PIB recuou 6% em termos reais; a economia destruiu 332 mil postos
de trabalho; a dívida pública aumentou cerca de 35%; perdemos
poder de compra; o risco de pobreza aumentou, e o país ficou mais desigual.
Além disto, a “troika”
foi-se embora e as reformas ficaram por fazer, nomeadamente, a reforma do
sistema de pensões. Ou
seja, a afirmação de Passos Coelho só não dá vontade de rir, porque se trata de
um assunto muito sério!
Comentário político na "Rádio Alto Ave" e jornais "Geresão" e "Notícias de Vieira" (11/05/2014).