Contra a maioria das
expectativas, o Partido Socialista (PS) conquistou apenas uma vitória magra,
nas eleições europeias, quando tinha tudo, ou melhor, quase tudo, para atingir
um excelente resultado.
Depois de o Governo de
coligação arruinar a economia, destruir postos de trabalho, empobrecer o país,
aumentar a dívida pública, e colocar o país mais desigual, a direita tem,
obviamente, a maior derrota de sempre, ao passo que o PS não consegue atingir
um resultado convincente. A verdade é que os portugueses revelam um enorme
descontentamento, em relação ao Governo, mas não confiam em António José
Seguro.
É justo realçar um
apontamento de Miguel Sousa Tavares, feito há vários meses, no qual referia que
Passos Coelho e Seguro são “gémeos separados pelas juventudes partidárias”.
Parece que muitos portugueses concordam com esta afirmação.
Naturalmente que muitos
socialistas ficaram apreensivos com o resultado, porque estas eleições
representavam um duro teste ao Governo e, ao mesmo tempo, um teste também à
liderança do PS. Ficou claro que será impossível Seguro conseguir uma maioria
absoluta, nas próximas eleições legislativas.
O partido “rosa” aumentou
ainda mais o seu ponto de ebulição, quando António Costa se mostrou
“disponível” para a liderança do PS. Após a atitude de Costa, Seguro só tinha
um caminho: convocar imediatamente um congresso extraordinário.
Quem está
na liderança de um partido em profunda agitação, deve mostrar abertura para um confronto
e debate de ideias, ouvindo os militantes, e não gerar mais calor do que luz.
Quanto mais adiar o momento
de clarificação do partido, mais frágil se irá tornar António José Seguro. Isto
porque, lentamente, vai perdendo o apoio de algumas federações e a confiança
dos militantes; aos poucos, a maioria dos barões do partido vai-se manifestando
a favor de Costa e, em consequência disso, as sondagens serão ainda mais
desanimadoras.
Um dos grandes problemas de
Seguro é que é fraco contra o Governo (mas consegue
ser “forte”, contra os opositores internos).
António
Costa tem gerado grandes expectativas, uma vez que transmite maior firmeza,
espírito de liderança e confiança, do que Seguro, e conta com uma enorme
experiência política.
O actual
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa está lançado para conquistar a
liderança do PS e, de seguida, a maioria absoluta, nas legislativas, uma vez
que também tem a capacidade de conquistar votos do centro-direita.
Comentário político na "Rádio Alto Ave" e jornais "Geresão" e "Notícia de Vieira" (11/06/2014).