Desde que a bola começou a
rolar no país do samba, parte dos portugueses deixou de acompanhar a
actualidade política nacional.
Vamos esquecer,
nomeadamente, o Governo (às vezes tem as suas vantagens) e, como milhares de treinadores
de bancada, há que mandar uns “bitaites”, como dizia o saudoso Professor
Hernâni Gonçalves, sobre o Mundial de futebol.
Uma das coisas que marcou o
maior evento de futebol do mundo foi as várias manifestações contra os
excessivos gastos. Uma pergunta: será que a organização deste Mundial obteve
informações, através do antigo director do Euro 2004?
Nós construímos o Estádio do
Algarve, para receber super-especiais do Rali de Portugal, e o Brasil construiu
a Arena Amazónia que poderá vir a tornar-se prisão temporária, uma vez que
Manaus não tem qualquer equipa nas quatro divisões nacionais do Brasil.
Só não dá vontade de rir
porque Portugal gastou cerca de 60 milhões de euros, na construção do dito
estádio, e o Brasil gastou mais de 200 milhões de euros, na Arena Amazónia.
Em relação à nossa selecção,
podemos afirmar que a tragédia começa no dia 19 de Maio. A convocatória não
tinha pés nem cabeça, ou melhor, tudo dependia dos objectivos de Paulo Bento.
Se o objetivo era conhecer apenas Salvador, Manaus e Brasília, então acertou em
cheio nos jogadores convocados! O melhor jogador do mundo bem tentou conhecer
mais estádios do país de Machado de Assis…
Mas, sinceramente, até
fiquei surpreendido com a nossa prestação. Apontava para a conquista de dois pontos
(empate com EUA e Gana), no entanto, conseguimos uns incríveis quatro pontos.
Uma das coisas que não
percebo é a razão do porquê da chegada da Alemanha, ao Brasil, bem mais cedo do
que nós.
Também não percebo o facto
de a selecção da Bélgica ter chegado ao Brasil, antes de Portugal, mesmo só
jogando depois da nossa selecção. O único senão é que, como dizia Thomas
Edison: "O génio consiste em um por cento
de inspiração, e noventa e nove por cento de transpiração."
Paulo
Bento, uma coisa é ter punho firme, roçando a arrogância e irritação, outra
coisa é ter falta de humildade em reconhecer os erros.
Admiro
homens como Cesare Prandelli. Alguns minutos depois de a Itália ser eliminada,
o ex-seleccionador assumiu a culpa e demitiu-se. Palavras para quê?
A equipa da casa também não
teve um comportamento positivo. Foi atropelada pela Alemanha, juntando-se aos
“históricos” Zaire e Haiti como as únicas selecções que sofreram cinco golos,
na primeira parte. Ficou provado que, uma campanha vitoriosa do Brasil dependeria
sempre de Neymar.
De realçar o excelente
comportamento da Colômbia, de James Rodríguez, da Argélia, de Slimani, e da
Costa Rica, de Bryan Ruiz, ao passo que a Espanha nem se equipou.
Escrevo este comentário na
noite que a Argentina venceu a Holanda, nas grandes penalidades. Mesmo sem
exibições de encher o olho, o país das pampas conseguiu chegar à final.
Messi já chegou a dar um ar
da sua graça, mas a Argentina bem precisa de mais genialidade, para tentar
quebrar a organização e estratégia alemã.
E agora? Bem, Gary Lineker já havia dito: "O futebol são onze contra onze e, no final, ganha a Alemanha"...
Comentário político na "Rádio Alto Ave", e jornais "Geresão" e "Notícias de Vieira" (09/07/2014).