A vida política nacional
está bastante animada com as primárias do Partido Socialista (PS), porém, as
próximas eleições presidenciais já fazem, igualmente, correr muita tinta.
Começando pelos candidatos
mais prováveis, à direita, temos Santana Lopes, Durão Barroso, Marcelo Rebelo
de Sousa e Rui Rio.
É fácil prever que, tanto
Durão como Santana nunca irão sair vencedores das próximas eleições
presidenciais.
Santana Lopes até
é considerado uma espécie de “gato de sete vidas”, mas o problema é que os
portugueses preferem os cães aos gatos (segundo um estudo feito pelo Euromonitor
International).
No caso de
Durão Barroso, o povo luso não se esquece que o ex-primeiro ministro pôs-se a
milhas do país que colocou, verdadeiramente, de tanga (previa um défice de
2,8%, em 2004, mas as contas públicas deram um enorme trambolhão). Já para não
abordar o facto de, o ainda presidente da Comissão Europeia ter sido um
dos principais impulsionadores da brutal austeridade que nos arrasou.
Compreende-se
o facto de o líder do Partido Social Democrata (PSD), Passos Coelho, preferir
Santana ou Durão, pois só assim continuaria a “controlar” o Presidente da
República, o que dificilmente conseguirá fazer com Marcelo ou Rio.
Sem dúvida
que, o Professor Marcelo e o antigo presidente da Câmara Municipal do Porto serão
os melhores candidatos da direita. São homens com perfil de candidato
presidencial, mas como Passos não deseja um Presidente interventivo, já pode
começar a cravar os primeiros pregos no caixão!
À esquerda,
é António Guterres quem tem, claramente, as melhores condições para ganhar as
eleições, sendo uma figura extremamente consensual. É um homem de diálogo, que
facilmente constrói pontes, e o seu humanismo e reputação internacional fazem
dele um candidato praticamente imbatível.
Numa altura
em que o PS se encontra fortemente dividido, é certo que Guterres irá conseguir
arrastar consigo o partido, assim como, outros esquerdistas, e, além disso, tem
a capacidade de conquistar votos do centro-direita.
Há um sinal
muito importante que leva a crer que António Guterres será candidato. Em
Novembro de 2012, pediu desculpa aos portugueses, assumindo que tem uma
quota-parte de responsabilidade, pela situação em que o país se encontra. Isto
quer dizer muita coisa. Poder-se-á perceber que, o significado deste pedido de
desculpas não é mais do que a vontade de querer “fazer as pazes” com todos os
portugueses, reconhecendo, com humildade, os seus erros, o que acaba por
demonstrar que ambiciona algo mais, num futuro próximo.
Caso
Guterres rejeite ser candidato, o PS vai ter muitas dificuldades em encontrar
um candidato tão forte.
António
Vitorino e Jaime Gama são as melhores
alternativas, mas não têm a mesma força mobilizadora que o actual Alto Comissário
das Nações Unidas para os Refugiados.
A cerca de
um ano e meio das presidenciais, já é evidente que estas terão um “alvo”: Guterres.
A esquerda deseja-o, mas a direita atirará, certamente, “pedras” a uma “árvore”
que dá frutos.
Comentário político na "Rádio Alto Ave", e jornais "Geresão" e "Notícias de Vieira" (11/09/2014).