Temos assitido a semanas tão atribuladas, dentro e fora do mundo de
futebol, que dá-me vontade de fazer vários dribles. Outros, porém, ficarão para
depois.
Começando no futebol, a FIFA estremeceu quando a justiça americana decidiu
entrar em acção.
Há muito que se suspeitava que, realizar um Mundial em sítios quase
inóspitos, como o Qatar, teria de ter um preço. Sobre este caso, apetece-me ser
irónico: o Mundial de 2022 só não será no Iémen, porque este país não conseguiu
cobrir a proposta do Qatar.
Realmente, parece que, na FIFA, tudo tem um preço. Havia já uma grande
desconfiança a pairar sobre muita coisa, mas nem me passava pela cabeça que as
pequenas selecções também podiam receber dinheiro, se rejeitassem avançar com
processos contra as selecções mais poderosas.
Este esquema está tão bem montado e controlado que Blatter conseguiu ainda
vencer, confortavelmente, outra eleição, quando a ponta do icebergue já estava
bem visível.
Assim sendo, é evidente que a FIFA tem de ser totalmente
reestruturada. O desporto mais popular do mundo merece homens sérios!
Em Portugal, Jorge Jesus
surpreende, uma vez que assina pelo suposto clube do coração. Foi amado no
Benfica, mas veremos se será amado no Sporting.
Como benfiquista, claro que preferia que
Jorge Jesus continuasse na Luz, uma vez que conseguiu levantar o monstro
adormecido. Porém, tenho a sensação que, se fosse sportinguista, não iria ficar
feliz com a substituição que Bruno de Carvalho operou.
Parece que Luís Filipe
Vieira não queria o “mestre da táctica”, e tentou empurrá-lo para fora do país.
No entanto, o tiro saiu-lhe pela culatra e acabou por empurrá-lo, não para fora
do país, mas para o outro lado da segunda circular. Foi uma jogada de enorme risco, e, agora, resta aguardar para ver se o
Benfica continuará a ganhar sem Jorge Jesus.
Bem, o que
também ficou claro foi que, o antigo treinador do Benfica não tem grande
mercado. Ficou comprovado o que já se pensava: no futebol europeu de
primeira linha, bem mais importante que dominar a sua própria língua, é brilhar
dentro e fora de portas. E este é o calcanhar de Aquiles de Jorge Jesus.
Ora vejamos: excepção feita
à época 2011/2012, quando o Benfica atingiu os quartos-de-final, as prestações
na Liga dos Campeões foram desastrosas. Com Jesus no comando, o clube foi
eliminado, na fase de grupos, quatro vezes em cinco presenças. Em relação à
Liga Europa, todos sabemos que é pouco importante no futebol europeu, e
desinteressante para clubes com a história do Benfica.
O que é certo é que os
homens passam, mas as instituições ficam.
Em relação a Bruno de
Carvalho, há que dizer uma coisa muito importante. De homem, pouco ou nada tem.
É impressionante ver o tratamento que estão a fazer a um treinador sério e
honesto que deu a Taça de Portugal ao Sporting, sete anos depois. O
despedimento de Marco Silva roça a humilhação, parvoíce, desrespeito, e é
ridículo.
Por isso, espero, agora, que
Marco Silva recorra e que se faça justiça no Tribunal do Trabalho.
Deixo, aqui,
mais duas notas em relação ao presidente do Sporting. A primeira é que, a pouca
racionalidade de Bruno de Carvalho é notória, quando se vê uma equipa gastar
tanto dinheiro com um treinador, depois de implementar uma estratégia violenta
que visa a redução de passivo. E a segunda nota é que, é bem visível o seu
carácter, ou a falta dele, quando não comparece na reunião onde Marco Silva é
despedido.
Avançando
para a Grécia, e no momento que escrevo este artigo, ainda não foi alcançado um acordo entre o país helénico e os seus
credores, principalmente o FMI e União Europeia, mas este acordo tem de ser
obtido, urgentemente, de forma a cumprir os pagamentos até ao próximo dia 30 de
Junho.
A odisseia continua, e é
óbvio que só os credores e o Governo grego sabem, exactamente, o que está a
acontecer, mas quem vê de fora, tira algumas conclusões, como o facto de este
acordo não ser fácil de obter, porque o FMI e a União Europeia não querem
largar a austeridade, e o Governo está a tentar cumprir o que prometeu aos seus
eleitores, ou seja, está a tentar cumprir o impossível. A Grécia pretende, por
exemplo, um acordo que inclua uma reestruturação abismal da dívida do país.
Cada lado continua a esticar a corda,
mas esta pode mesmo rebentar, ou seja, a bancarrota da Grécia é, cada vez mais,
uma forte possibilidade.
Para “complicar” a vida ao Governo,
verifica-se que os seus cidadãos não querem voltar ao dracma.
Não sei se é pelo facto de a Grécia
representar apenas 2% da economia da Zona Euro, mas parece-me que poucas
pessoas estão preocupadas com a possível falência do país. No entanto, convém
anotar que este impasse já fez com que os juros da dívida de Portugal subissem
para máximos do ano.
O futuro é cada vez mais incerto, e já
nem sei se o FMI, a União Europeia e o Governo de Tsipras e Varoufakis querem
que isto acabe bem.
Comentário na "Rádio Alto Ave", e jornais "Geresão" e "Notícias de Vieira" (11/06/2015).