O dia 9 de
Setembro foi um dia de embates frenéticos, na Península Ibérica. Em Espanha,
Joaquim Rodríguez arrancou para o contra-relógio decisivo, com um segundo de
avanço de Aru. Já em Portugal, um importante debate político, que foi
transmitido em simultâneo pelas três televisões generalistas, mobilizou o país.
Uma nota:
por um segundo se ganha, por um segundo se perde; e por um voto se ganha, por
um voto se perde.
Tinha
chegado a hora do debate a dois, mas que, afinal, teve três protagonistas. Se
Passos entrou nervoso e com uma “estratégia” mais direccionada a Sócrates, o
que não deixa de ser “curioso” para alguém que quer continuar a governar
Portugal, Costa parece ter entrado com um pensamento ao estilo: “Hoje é um dia
decisivo, tenho que manter uma postura de confiança e de ataque, nomeadamente,
à austeridade que arrasou os portugueses, para combater a deterioração do meu
resultado, nas últimas sondagens”.
O debate não
foi excepcional, não trouxe novidades, não se falou de esquerda e de direita, e
não ficará nas memórias da nossa história.
A postura
claramente defensiva de Pedro Passos Coelho surpreendeu, mostrando que estaria
com excesso de confiança, e que, por isso, não seria necessário preparar e
avançar o seu poder ofensivo. A opção em colocar Sócrates, de uma forma
“obsessiva”, no debate, não beneficiou o atual primeiro-ministro. Contudo, esse
foi o pouco sal e pimenta que teve este confronto, saindo beneficiados os
telespectadores.
Está visto
que Passos foi, inacreditavelmente, aconselhado a levar até à exaustão o tema
do ex-primeiro-ministro, o que o levou a desvalorizar o que fará, caso vença as
eleições legislativas que se aproximam.
Há mais dois
pontos que mostram que o líder laranja não preparou o debate da melhor maneira,
pois queimou-se quando atacou Costa, em relação à redução da dívida da Câmara
de Lisboa, e não puxou com astúcia um tema sensível para Costa que se chama Syriza.
Já António
Costa esteve mais determinado e incisivo, realçando algumas notas fortes,
principalmente, o facto de a coligação PSD/CDS ter sido mais “troikista” que a
própria “troika” e de ter falhado várias promessas.
Quando o
secretário-geral socialista foi tirar o coelho da cartola, até pensei que fosse
algo relacionado com a irrevogabilidade de Portas. Ao invés disso, conseguiu
surpreender ao esmiuçar o ridículo e irrelevante, mas famoso, programa “VEM”.
Passos não contava com esta tirada e ficou sem reacção.
No ringue, a
vitória foi de Costa, que não foi por KO, mas que dá força e ânimo para entrar
com confiança nas semanas que restam, até ao dia 4 de Outubro.
Em relação a
Passos, só há um caminho, e é o de esquecer Sócrates e dizer aos portugueses quais
são as políticas, mostrando também as suas contas, que irão avançar, se vencer
as eleições.
Com cerca de
20% de indecisos, os discursos a pedir uma maioria absoluta continuarão,
naturalmente, presentes.
Como uns
gostam de amendoins e outros gostam de tremoços, importa destacar que Joaquim
Rodríguez perdeu a última oportunidade de vencer uma grande Volta.
Comentário político na "Rádio Alto Ave", e jornais "Geresão" e "Notícias de Vieira" (11/09/2014).