Angelina
Jolie e Brad Pitt separam-se, Bob Dylan conquista o Nobel da Literatura e Trump
vence as eleições dos Estados Unidos da América (EUA). Este mundo é excêntrico!
E o que
dizer dos prognósticos do criador de “The Simpsons”, Matt
Groening, que previu, há 16 anos, Trump presidente? Lisa será a sucessora
do multimilionário na presidência? É estranho ver a ficção e a
realidade tão próximas.
Sabendo que
tudo pode acontecer, no país onde um em cada quatro cidadãos acreditam que o
Sol gira em torno da Terra (segundo um inquérito realizado pela National Science
Foundation), um homem com pouca ou nenhuma substância, provavelmente sociopata, vai
para a Casa Branca.
Adivinham com
quem já estou preocupado? Com o nosso Guterres. Ainda nem assumiu funções, e já
tem grandes dores de cabeça. Um exemplo: sabem o que pensa Trump, sobre as
alterações climáticas? Que são “uma farsa criada pelos chineses”.
Numa América
mais profunda do que se poderia imaginar, o presidente eleito pintou,
frequentemente, o país de negro, lançou o medo e não se incomodou por ter
perdido os debates. Teve, isso sim, a inteligência de atrair todos os focos de
atenção, independentemente de ser pelas melhores ou piores razões. Assim,
multiplicava o valor da sua marca e, quiçá, acabaria a presidente. Resultado:
conquistou os dois cenários! Oh diabo!
Vamos
ver como o país irá reagir com fracturas sociais tão expostas! Atitudes
xenófobas e racistas foram o prato do dia da campanha.
E o
que dizer do poder de hipnotização do seu estonteante penteado? Que o digam as
mulheres americanas que votaram nele, depois de serem, vergonhosamente,
humilhadas.
Ainda mais preocupante
é verificar a aterradora escalada mundial do nacionalismo e do populismo, devendo-se, em parte,
ao falhanço de tantos políticos e partidos moderados. Com Trump, Putin e Erdogan no poder, e quiçá, em
2017, também com Marine Le Pen, o mandato do republicano será mesmo “uma coisa
linda”.
Como disse o velho Santiago
para o passarito, no livro “O Velho e o Mar” (uma das obras-primas de Ernest
Hemingway): “- Repousa à vontade, passarito. E, depois, vai, e vive a tua vida,
como os homens, os pássaros e os peixes”.
Quase
tão louco como construir um muro na fronteira com o México é prometer, no
discurso de vitória, que a economia vai crescer o dobro. Cá para mim, além de Tony Schwartz (ghostwriter
de Trump) ter posto “batom num porco”,
também lhe ofereceu o livro de economia de
George A. Akerlof e Robert J. Shiller: “À Pesca de Tolos”.
O que será o futuro dos EUA? Destruirá
o Obamacare? Avançará com um alívio fiscal para a classe média? Vai rasgar o
acordo nuclear com o Irão? Sei lá... Nem Trump saberá!
O republicano, que já foi um democrata, andou
a ziguezaguear, mas não acredito que vá efectivar o radicalismo da campanha.
Fez bluff quanto baste, e nem o Partido Republicano lhe irá deixar o
caminho livre, para cometer todos os disparates.
Mesmo depois de tudo o que
já foi escrito e dito, nunca esqueçamos que o multimilionário foi eleito
democraticamente. Os meus parabéns, Mr. Donald Trump!
Comentário na "Rádio Alto Ave", e jornais "Geresão" e "Notícias de Vieira" (11/11/2016).