A poeira assentou! É altura de dar umas
pinceladas sobre as eleições autárquicas.
Se, em Castanheira de Pêra, a lista
independente “Todos Por Castanheira”, que contou com a cantora Ágata como
segunda da lista à Câmara Municipal, surpreende ao obter um escasso resultado
de 90 votos, o que dizer do resultado demolidor de Isaltino Morais, em Oeiras?
Ficou claro que, a lista de Ágata não conseguiu
passar a música, ou melhor, o programa eleitoral. Já Isaltino teve tempo para
tudo. Sai da cadeia, no dia 24 de Junho de 2014, escreve um livro, decide
candidatar-se à Câmara de Oeiras a menos de seis meses das eleições, vence em
todas as freguesias e consegue maioria absoluta. “E esta, hein?” Agora, repito uma pergunta que milhares de portugueses fazem
diariamente: Como é possível que políticos que foram condenados possam
candidatar-se a eleições?
Volto aos perdedores. Pedro Passos Coelho foi o grande
derrotado. Quando decidiu colocar em jogo Teresa Leal Coelho, em Lisboa, e
Álvaro Almeida, no Porto, a música “Tá Bonito”, de Ágata,
começou a tocar.
A situação já não era positiva para o líder do
PSD (está isolado e sem discurso), mas, com tais apostas, pôs-se a jeito para
obter o pior resultado de sempre do partido em autárquicas. Resultado: eleições
directas a dia 13 de Janeiro.
Outro derrotado foi Jerónimo de Sousa. A CDU
perdeu uma dezena de câmaras, entre elas, vários bastiões históricos dos
comunistas. O PCP continuará a olear a “geringonça”? Não me parece que o
partido tenha “margem de manobra” para, proximamente, mudar de estratégia.
O lançamento de foguetes ficou para António
Costa e Assunção Cristas.
As eleições correram
de feição a António Costa. O PS ganhou com enorme vantagem, onde se destaca a
vitória de Fernando Medina, e responde àqueles que acusam o PS de se
esquerdizar. A acrescentar aos resultados da nossa economia, Costa caminha com
grande confiança.
Com a aposta que o PSD fez
para a capital, Assunção Cristas “aproveitou” uma grande oportunidade para
brilhar, o que já levou o porta-voz do CDS-PP, João Almeida, a anotar que o
partido se assume como alternativa ao Governo. Ao contrário da actual liderança
do PSD, Cristas sabe o caminho que deve trilhar.
Para o Bloco, foi um resultado
poucochinho. Aumentou o número de mandatos, mas ainda não tem relevância
autárquica.
Uma nota final para a maioria
absoluta de Rui Moreira. Além de ser como o algodão, mostra que uma política
assente, particularmente, na cultura também é reconhecida pelos eleitores.
Comentário na Rádio Alto Ave e jornal Geresão (11/10/2017).