Nos dias anteriores ao congresso do CDS-PP, Assunção
Cristas disse, de forma categórica, que quer ser primeira-ministra. Alguns
gostaram, mas Rui Rio coçou a cabeça e pensou: “Era só o que me faltava!”
Quando ainda precisamos de uma pedra de granito
polida, e de uma vassoura, para praticar uma modalidade oficial dos Jogos
Olímpicos de Inverno, o que dizer da ambição de Cristas? A verdade é que, enquanto uns colocam minas no caminho do seu novo líder, outros dão confiança e não dão sinais de divergência.
Liderar o centro-direita, e não apenas a direita, será
uma tarefa hercúlea. A actual líder do CDS desperta algumas paixões, mas também
precisa de um PSD moribundo, o que não parece ser difícil (nem quero “gastar”
palavras com a rídicula escolha de Elina Fraga; realço um vice-presidente que é
uma espécie de Miguel Relvas mas doutorado, e a forte instabilidade na bancada
parlamentar).
O líder do PSD deve saber que um eleitor que
vota, tradicionalmente, no seu partido, mas que agora esteja descontente,
avança para o caminho do CDS sem precisar que alguém o empurre. Aliás, sempre
que Rio se aproximar do PS,
Cristas vai aproveitar a oportunidade para deixar bem claro que a alternativa à
“geringonça” é o CDS.
Hoje em dia, um eleitor não valoriza tanto a
ideologia, o que facilita o surgimento de fenómenos políticos que passem a
mensagem, de forma simples e clara.
No dia 12 de Janeiro de 2016, referi que Assunção
Cristas era a “pessoa mais indicada, para avançar e renovar o partido”. Paulo
Portas já lá vai e parece que ninguém se lembra dele. O mérito é da actual
líder! Pode não ter o seu carisma, mas vai buscar votos onde Portas não
conseguia caçar, depois do ódio libertado em várias direcções, durante anos e
anos.
O
partido está unido e motivado, aplaudindo a ambição da sua líder e mostrando
que quer chegar longe e que tem vontade de vencer.
O
resultado das autárquicas, em Lisboa, dá confiança ao CDS, mas umas
legislativas levantam desafios extremos para um partido que conseguiu,
“apenas”, 11,70% dos votos, nas legislativas de 2011. E
as eleições já serão, sensivelmente, daqui a ano e meio.
Assunção
Cristas corre vários riscos. E se tiver um resultado poucochinho? A política
portuguesa só tem a ganhar com lideranças destemidas; lideranças que provoquem
o habitual conservadorismo português.
Entretanto, Nuno Melo já está em jogo para as
europeias. É uma boa jogada, mas não é a mais perfeita. Está a fazer um bom
trabalho no Parlamento Europeu, contudo Pedro Mota Soares (número dois na lista
do partido às europeias) é “vinho de outra pipa”, dado conseguir capitalizar
mais votos.
Uma pequena nota para Adolfo Mesquita Nunes. É
liberal, brilhou enquanto secretário de Estado do Turismo, vai coordenar o
programa eleitoral do partido, cujo futuro passa por ele.
Comentário na Rádio Alto Ave e jornal Geresão (12/03/2018).