O “meu
querido mês de Agosto” é sinónimo, para muitos portugueses, de férias. Rui Rio
também teve o seu repouso, mas foi, imediatamente, atacado pela sua duração.
Parece que, em Portugal, o silêncio dos políticos é incómodo para alguns
sectores.
Há um
passado que me une ao líder do PSD: partilhamos a atracção da velocidade e
fomos velocistas, no entanto, não nos cruzamos nas pistas de atletismo. Agora,
sou ultramaratonista e Rio tenta afinar a estratégia do partido
social-democrata.
Ser
líder partidário tem muito que se lhe diga, senão vejamos: o PSD leva a
tribunal candidatos do partido, que excederam custos, e corta 60 mil euros à
Festa do Pontal (isto, quando o partido
deve, segundo o secretário-geral do PSD, José Silvano, “a alguns fornecedores
há mais de 10 anos”), e, em vez de receber aplausos vindos, acima de
tudo, do partido, recebe várias indicações de que há pontos mais importantes
para focar. Isto leva-me, em parte, ao livro “O Quarto de Marte”, de Rachel
Kushner: “(...) os ritmos do mundo nem
sempre se coordenam com o ritmo da pessoa”.
Parece
que o “banho de ética” do antigo presidente da Câmara Municipal do Porto vai
continuar em acção, e, para não “dar uma no cravo e outra na ferradura”, o
líder do PSD devia afastar Salvador Malheiro, o cacique de Ovar.
Em
relação às críticas ao trabalho que Rui Rio tem desenvolvido, no pouco tempo
que está à frente do partido, Luís Montenegro e Pedro Duarte são os principais
rostos que já anseiam, desesperadamente, por uma queda da actual liderança.
Isto faz uma certa confusão a quem deseja elevação na política! Não tiveram
coragem de enfrentar Rio nas urnas, mas não se acobardam na hora de mandar
“bitaites”. Morais Sarmento bem lembrou, na Universidade de Verão do PSD, que o
PSD está sempre em guerra interna.
É
verdade que Rui Rio tem cometido alguns erros, nomeadamente, em dar demasiada
atenção aos opositores internos, como fez na Festa do Pontal, e deve, isso sim,
focar-se mais no seu principal adversário, o Partido Socialista, e apresentar
propostas.
Já
agora, sabendo-se que o nosso país necessita de uma reforma da justiça, é
importante destacar as seguintes palavras de Rio: “Uma reforma da justiça só
é possível, no dia em que o líder da oposição quiser”. Assim
sendo, se o presidente do PSD promover consensos para que tal reforma se torne
possível, está a comportar-se como um estadista, se não o fizer...
Comentário na Rádio Alto Ave e Geresão (14/09/2018).