É dia 10 de Fevereiro. Acabamos de almoçar e é hora de a
minha filha pedalar. Tudo calmo, no Mosteiro. Não é dia de jogo. Chegamos ao
recinto desportivo. Põe capacete. Tira capacete. Pedala. Não pedala. Corre. Não
corre. Aproveito para esticar as pernas.
No regresso a casa, sai da bicicleta. A breve pausa
destina-se a saudar os cães que os vizinhos têm. Retomamos o caminho e chega o
momento habitual: na descida, faz uma corrida veloz (velocista como o pai?), e
eu, com a bicicleta na mão, a gritar: “Cuidado, Benedita!”
Entramos em casa. Vemos a nossa musa atarefada e começam as
negociações, entre o pai e a filha. Foi conseguido um acordo. A bola começa a
rolar. Estádio da Luz pronto para homenagear o “pequeno génio.” O primeiro
salto no sofá (e primeiro susto para a menina) não demorou. Todos sabemos o
resultado final: 10-0.
Sabem o que mais me impressionou? Não foram os 10 golos,
mas a emoção dos jogadores da equipa adversária. Choraram! Humilhados! Há
derrotas e derrotas. Não é verdade quando se diz: “É o mesmo perder por 1 ou
por 10.”
Levados ao tapete, a nobreza deste desporto, que é,
infelizmente, cada vez mais rara, veio ao de cima. Que grande a dignidade
daqueles que, em vez de correrem para os adeptos, foram abraçar os jogadores de
uma equipa esmagada.
A lição para a minha filha foi esta: “São tão grandes os
que vencem, como os que são derrotados.”
Vou recuar um dia.
Acordo, ligo a televisão e vejo Pedro Santana Lopes. Penso:
“Pois, é o congresso do Aliança. O antigo líder do PSD vai entrar nas nossas
casas no decorrer do fim-de-semana. Só um acontecimento pode anular este
cenário. No caso, a chegada de Mourinho ao aeroporto.”
Conhecemos algumas pessoas que se revêem no Aliança. Une-os
o ressabiamento com vários partidos. Será uma espécie de ajuste de contas? O quanto um projecto pode ser frágil, quando não é o
resultado da união de pessoas por um mesmo ideal.
Agora, vejamos o comportamento do seu líder. Perde as
eleições, no Partido Social Democrata, no início de Janeiro de 2018, e,
imediatamente, começa a preparar um novo partido. Tudo isto é tão rápido e
incrível! Tinha acabado de lutar para persuadir os militantes do PSD a votar no
seu projecto. O que vai na mente de quem confiou nele?
Para Santana, não há períodos de reflexão. Só se consegue
seguir este caminho, quando se sobrepõe a tudo o interesse pessoal. Com
sinceridade, dirijo-me ao líder do Aliança: “Nesta, como noutras, não me
convences.”
Comentário na Rádio Alto Ave e Geresão (13/02/2019).