A
Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vieira do Minho (AHBVVM)
chegou aos 80 anos. É uma Associação que aprecio saudar, acarinhar e abraçar.
Eleva-se
o sentimento: os bombeiros são os meus heróis de carne-e-osso. Dão as mãos e
mostram ao nosso país, que às vezes é perito na desunião, que juntos chegam
mais longe.
E, assim,
independentemente de estar a caminhar, pedalar ou conduzir, tenho o hábito de
levantar o polegar, no sentido de lhes dar ânimo, quando me cruzo com eles. É,
acima de tudo, um sinal de respeito que mantenho, mesmo numa situação de aperto
(que o digam os bombeiros de Fão).
Uma palavra amiga, também, para todos os que os
ladeiam.
A cidadania movimentou-se e a AHBVVM nasceu no dia 12
de Fevereiro de 1940. Tantos acontecimentos gloriosos surgiram desde então.
Em 1941, avança a compra de uma viatura Packard. Do
concelho de Miguel Torga, vem um carro de turismo que foi, depois, transformado
num pronto-socorro.
Em 1973, enquanto o mundo aplaude o Acordo de Paris
para o Fim da Guerra e Restauração da Paz no Vietname, o saudoso Bernardino
Cruz, que era o presidente, vê inauguradas as obras de ampliação e remodelação
do quartel, localizado na Praça Guilherme de
Abreu.
Realço mais quatro momentos que refrescaram e
fortaleceram a Associação, nomeadamente, em 1995, os bombeiros passam a ocupar
o quartel situado na Praça do Bombeiro Voluntário e, nesse mesmo ano, a Secção
de Ruivães entra em funcionamento; na viragem do milénio, o corpo de bombeiros
passa a contar com elementos do sexo feminino e, em
2016, é inaugurado o actual quartel.
Focando-me nos acontecimentos duros e impactantes,
recordo-me, imediatamente, de um. Em 1996, o bombeiro Valdemar
Ramalho faleceu, numa missão de resgate ocorrida na Albufeira do Ermal. Um
momento chocante e doloroso que me marcou, quando era criança. A notícia foi,
desesperadamente, rápida e aterradora. Uma onda de choque abalou a corporação e
chegou, estrondosamente, ao meu lar.
Vivi a poucos metros do
quartel localizado na Praça do Bombeiro Voluntário. Um quartel que, agora,
está, vergonhosamente, devoluto, indigno para todos aqueles que lá tiveram a
sua segunda casa. Para alguns, foi a primeira…
Tantas e tantas vezes acordei,
a meio da noite, com a sirene a tocar. Depois, os meus heróis iam cumprir a sua
missão e eu voltava a adormecer. Falar de Justino Barros e Armindo Vilaverde é falar
de grandes referências dos bombeiros vieirenses. A dedicação e solidariedade
é-lhes reconhecida e é de louvar. Prestáveis. Trabalhadores. Valentes.
Corajosos. Amigos. Homens firmes e verticais!
Daqui a uns meses, iremos voltar a falar no mesmo:
fogos, fogos e fogos. Na maior parte das vezes, têm responsabilidade humana. E
os Soldados da Paz, a troco de pouco, ou quase nada, e com equipamentos por vezes
deficitários, seguem, prontamente.
Nos oito anos em que fui
membro da Assembleia Municipal de Vieira do Minho, nunca esqueci os bombeiros.
A vontade de dignificá-los e defendê-los, é entusiasmante.
Até que o baptismo de uma rua,
em homenagem a Armindo Vilaverde, fosse realidade, intervim para que tal
acontecesse, o mais brevemente possível.
Mais, no dia 1 de Setembro de 2017, despedi-me das
reuniões da Assembleia Municipal, dando voz a uma proposta do meu partido que
recomendava que o Município assumisse, em conjunto com o Governo, o custo de
aquisição de um Veículo Tanque Táctico Urbano (VTTU) para a AHBVVM. A proposta
foi aprovada, por unanimidade.
Uma
nota torna-se oportuna. Na recta final de 2016, vários vieirenses, próximos à
Associação, realçaram a ausência de vontade de vários membros da direcção de
assumirem um novo mandato. Assim, estabeleci vários contactos, para
preenchermos o vazio directivo que, muito provavelmente, iria acontecer. Uma
vez que a direcção optou por recandidatar-se, justificando a recandidatura com
fortes e entendíveis razões, optamos por não avançar.
A vida é
feita de ciclos e, desde aí, iniciei, nomeadamente, um ciclo numa importante
instituição concelhia. Dois e dois são quatro e, neste momento, não
estou disponível para liderar uma solução directiva.
Em relação ao futuro, e como referiu um dos maiores
vultos da literatura, José Saramago, no ano de 1991: “Há duas palavras que não
se podem usar: uma é sempre, outra é nunca”.
Parabéns,
Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vieira do Minho!
Comentário na Rádio Alto Ave, no jornal Geresão e na Cidadania Vieirense (10/02/2020). Fotografia: jornal Bombeiros de Portugal.