No dia 4 de outubro, o senhor Ernesto celebrou os seus 102 anos. Para lhe fazer uma homenagem à vida, aproveita-se a data para lançar a entrevista que eleva a sua vontade de viver e a força que mostrou ter ao longo destes mais de cem anos, vividos na freguesia de Cantelães. Parabéns, senhor Ernesto!
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𝐄𝐑𝐍𝐄𝐒𝐓𝐎 𝐒𝐎𝐀𝐑𝐄𝐒
“𝐏𝐄𝐒𝐒𝐎𝐀𝐒 𝐂𝐄𝐍𝐓𝐄𝐍𝐀́𝐑𝐈𝐀𝐒 𝐃𝐄 𝐕𝐈𝐄𝐈𝐑𝐀 𝐃𝐎 𝐌𝐈𝐍𝐇𝐎”
Com
ternura, Maria Custódia Soares afaga as mãos do irmão, 𝗘𝗿𝗻𝗲𝘀𝘁𝗼 𝗦𝗼𝗮𝗿𝗲𝘀, centenário de Vieira do Minho, e diz: “𝑇𝑒𝑛𝑠 𝑎𝑠 𝑚𝑎̃𝑜𝑠 𝑓𝑟𝑖𝑎𝑠!”.
Aos 102 anos, o mundo de Ernesto resume-se a uma pessoa: a irmã, de quem, há mais de 45 anos, não se quer separar por nada, depois da morte dos pais.
Como sua interlocutora, a irmã narra um pouco do que foi e é a 𝘃𝗶𝗱𝗮 𝗱𝗲𝘀𝘁𝗲 𝗰𝗲𝗻𝘁𝗲𝗻𝗮́𝗿𝗶𝗼 𝘃𝗶𝗲𝗶𝗿𝗲𝗻𝘀𝗲.
“𝐸𝑢 𝑣𝑖𝑣𝑖𝑎 𝑛𝑜 𝑃𝑜𝑟𝑡𝑜, 𝑚𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑚𝑜 𝑜 𝐸𝑟𝑛𝑒𝑠𝑡𝑜 𝑓𝑖𝑐𝑜𝑢 𝑠𝑜𝑧𝑖𝑛ℎ𝑜, 𝑣𝑖𝑚 𝑣𝑖𝑣𝑒𝑟 𝑐𝑜𝑚 𝑒𝑙𝑒, 𝑎𝑞𝑢𝑖, 𝑒𝑚 𝐶𝑎𝑛𝑡𝑒𝑙𝑎̃𝑒𝑠”.
Nascido a 𝟰 𝗱𝗲 𝗼𝘂𝘁𝘂𝗯𝗿𝗼 𝗱𝗲 𝟭𝟵𝟮𝟭, em Eira Vedra, Ernesto Soares cedo mudou para Cantelães, onde viveu com os pais, que trabalhavam na “lavoura”, e mais quatro irmãos – três rapazes e uma rapariga.
Aos dois anos, teve meningite e 𝗲𝘀𝘀𝗮 𝗳𝗮𝘁𝗮𝗹𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲 𝗹𝗲𝘃𝗼𝘂-𝗼 𝗮 𝘀𝗲𝗿 𝘀𝗲𝗺𝗽𝗿𝗲 𝗽𝗿𝗼𝘁𝗲𝗴𝗶𝗱𝗼 𝗽𝗼𝗿 𝘁𝗼𝗱𝗼𝘀.
𝗚𝗼𝘀𝘁𝗮𝘃𝗮 𝗺𝘂𝗶𝘁𝗼 𝗱𝗲 𝗯𝗿𝗶𝗻𝗰𝗮𝗿, mas os pais, com medo que lhe pudesse acontecer alguma coisa, “pois não se sabia defender”, não o deixavam muito andar sozinho.
Ainda assim, 𝗘𝗿𝗻𝗲𝘀𝘁𝗼 𝗳𝗶𝗻𝘁𝗮𝘃𝗮 𝗼 𝗱𝗲𝘀𝘁𝗶𝗻𝗼 𝗲 𝗯𝗿𝗶𝗻𝗰𝗮𝘃𝗮 𝗰𝗼𝗺 𝗼𝘀 𝘃𝗶𝘇𝗶𝗻𝗵𝗼𝘀 𝗮̀𝘀 𝗲𝘀𝗰𝗼𝗻𝗱𝗶𝗱𝗮𝘀 e jogava à macaca. “𝐸𝑟𝑎 𝑚𝑢𝑖𝑡𝑜 𝑎𝑙𝑒𝑔𝑟𝑒, 𝑏𝑟𝑖𝑛𝑐𝑎𝑙ℎ𝑎̃𝑜 𝑒 𝑑𝑖𝑣𝑒𝑟𝑡𝑖𝑑𝑜. 𝐺𝑜𝑠𝑡𝑎𝑣𝑎 𝑚𝑢𝑖𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑛𝑡𝑎𝑟 𝑎̀ 𝑚𝑎𝑛𝑒𝑖𝑟𝑎 𝑑𝑒𝑙𝑒”, diz Maria Custódia. Mas também 𝗴𝗼𝘀𝘁𝗮𝘃𝗮 𝗱𝗲 𝗶𝗿 𝗮̀ 𝗰𝗮𝗽𝗲𝗹𝗮 𝗿𝗲𝘇𝗮𝗿. “𝐼𝑠𝑠𝑜, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑒𝑙𝑒, 𝑒𝑟𝑎 𝑢𝑚𝑎 𝑎𝑙𝑒𝑔𝑟𝑖𝑎. 𝐴𝑔𝑜𝑟𝑎, 𝑎𝑠𝑠𝑖𝑚 𝑐𝑜𝑚𝑜 𝑒𝑠𝑡𝑎́ [na terceira idade], 𝑠𝑜́ 𝑑𝑜𝑟𝑚𝑒”, brinca a irmã.
Mas 𝗮 𝗶𝗻𝗳𝗮̂𝗻𝗰𝗶𝗮 𝗻𝗮̃𝗼 𝗳𝗼𝗶 𝘀𝗼́ 𝗯𝗿𝗶𝗻𝗰𝗮𝗱𝗲𝗶𝗿𝗮, pois também gostava de ajudar em casa.
“𝐸𝑟𝑎 𝑚𝑢𝑖𝑡𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑎𝑑𝑜𝑟, 𝑔𝑜𝑠𝑡𝑎𝑣𝑎 𝑚𝑢𝑖𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑗𝑢𝑑𝑎𝑟 𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑠𝑎. 𝐸 𝑒𝑟𝑎 𝑚𝑢𝑖𝑡𝑜 𝑜𝑏𝑒𝑑𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒. 𝐴𝑔𝑜𝑟𝑎, 𝑛𝑎̃𝑜 𝑓𝑎𝑧 𝑛𝑎𝑑𝑎”, refere Maria Custódia, entre risos.
“𝑂 𝑚𝑒𝑢 𝑖𝑟𝑚𝑎̃𝑜 𝑎𝑗𝑢𝑑𝑎𝑣𝑎 𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑧𝑖𝑛ℎ𝑒𝑖𝑟𝑎𝑠 𝑒 𝑐𝑎𝑟𝑟𝑒𝑔𝑎𝑣𝑎 𝑎 𝑎́𝑔𝑢𝑎; 𝑖𝑎 𝑏𝑢𝑠𝑐𝑎𝑟 𝑎𝑏𝑜́𝑏𝑜𝑟𝑎𝑠 𝑎𝑜 𝑐𝑎𝑚𝑝𝑜 𝑒 𝑔𝑜𝑠𝑡𝑎𝑣𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑓𝑜𝑙ℎ𝑎𝑟 𝑚𝑖𝑙ℎ𝑜, 𝑖𝑠𝑠𝑜 𝑒́ 𝑞𝑢𝑒 𝑒𝑙𝑒 𝑔𝑜𝑠𝑡𝑎𝑣𝑎”.
𝗚𝘂𝗮𝗿𝗱𝗮𝗿 𝗮𝘀 𝘃𝗮𝗰𝗮𝘀 𝗲𝗿𝗮 𝗼𝘂𝘁𝗿𝗮 𝗱𝗮𝘀 𝘀𝘂𝗮𝘀 𝘁𝗮𝗿𝗲𝗳𝗮𝘀 𝗳𝗮𝘃𝗼𝗿𝗶𝘁𝗮𝘀, embora também o fizesse perder a paciência. “𝐺𝑢𝑎𝑟𝑑𝑎𝑣𝑎 𝑎𝑠 𝑣𝑎𝑐𝑎𝑠 𝑒 𝑔𝑜𝑠𝑡𝑎𝑣𝑎 𝑚𝑢𝑖𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑜 𝑓𝑎𝑧𝑒𝑟, 𝑚𝑎𝑠 𝑒𝑙𝑎𝑠 𝑓𝑢𝑔𝑖𝑎𝑚-𝑙ℎ𝑒… 𝑜𝑙ℎ𝑒, 𝑒𝑟𝑎 𝑢𝑚𝑎 𝑟𝑖𝑠𝑜𝑡𝑎. 𝐸𝑙𝑒 𝑧𝑎𝑛𝑔𝑎𝑣𝑎-𝑠𝑒 𝑐𝑜𝑚 𝑎𝑠 𝑣𝑎𝑐𝑎𝑠”, relembra com um sorriso Maria Custódia.
Habituar-se ao calçado, foi outro dos problemas, pois, como conta a irmã, “𝑛𝑎̃𝑜 𝑔𝑜𝑠𝑡𝑎𝑣𝑎 𝑛𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑎𝑛𝑑𝑎𝑟 𝑐𝑎𝑙𝑐̧𝑎𝑑𝑜”.
“𝑆𝑜́ 𝑞𝑢𝑒𝑟𝑖𝑎 𝑎𝑛𝑑𝑎𝑟 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑙𝑐̧𝑜 𝑒 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜𝑢-𝑙ℎ𝑒 𝑚𝑢𝑖𝑡𝑜 ℎ𝑎𝑏𝑖𝑡𝑢𝑎𝑟-𝑠𝑒 𝑎𝑜 𝑐𝑎𝑙𝑐̧𝑎𝑑𝑜. 𝑁𝑎̃𝑜 𝑒́ 𝑐𝑜𝑚𝑜 𝑎𝑔𝑜𝑟𝑎, 𝑝𝑜𝑖𝑠, 𝑛𝑎𝑞𝑢𝑒𝑙𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜, ℎ𝑎𝑣𝑖𝑎 𝑝𝑜𝑢𝑐𝑜 𝑐𝑎𝑙𝑐̧𝑎𝑑𝑜, 𝑒𝑟𝑎 𝑚𝑢𝑖𝑡𝑜 𝑔𝑟𝑜𝑠𝑠𝑜 𝑒 𝑒𝑙𝑒 𝑛𝑎̃𝑜 𝑜 𝑞𝑢𝑒𝑟𝑖𝑎 𝑢𝑠𝑎𝑟. 𝐷𝑒𝑝𝑜𝑖𝑠, 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑣𝑖𝑒𝑟𝑎𝑚 𝑎𝑠 𝑠𝑎𝑝𝑎𝑡𝑖𝑙ℎ𝑎𝑠 𝑒 𝑎𝑠 𝑏𝑜𝑡𝑎𝑠, 𝑎𝑖́, 𝑒𝑙𝑒 𝑗𝑎́ 𝑔𝑜𝑠𝑡𝑎𝑣𝑎. 𝑆𝑜́ 𝑛𝑒𝑠𝑠𝑎 𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑒́ 𝑞𝑢𝑒 𝑠𝑒 ℎ𝑎𝑏𝑖𝑡𝑢𝑜𝑢 𝑏𝑒𝑚”, conta.
Maria Custódia 𝗱𝗲𝘀𝗳𝗶𝗮 𝗼𝘂𝘁𝗿𝗮𝘀 𝗺𝗲𝗺𝗼́𝗿𝗶𝗮𝘀 𝗲 𝗿𝗲𝗰𝗼𝗿𝗱𝗮𝗰̧𝗼̃𝗲𝘀 sobre a infância e adolescência do irmão, que a olha e, com alguma agitação, apesar de não falar, demonstra estar a perceber o que a irmã diz: “𝐴 𝑃𝑎́𝑠𝑐𝑜𝑎 𝑒𝑟𝑎 𝑢𝑚𝑎 𝑎𝑙𝑒𝑔𝑟𝑖𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑜 𝐸𝑟𝑛𝑒𝑠𝑡𝑜. 𝐹𝑎𝑧𝑖𝑎 𝑢𝑚𝑎 𝑓𝑒𝑠𝑡𝑎. 𝑁𝑒𝑠𝑠𝑒 𝑑𝑖𝑎, 𝑐𝑜𝑚𝑖𝑎-𝑠𝑒 𝑠𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒 𝑏𝑒𝑚. 𝑀𝑎𝑡𝑎́𝑣𝑎𝑚𝑜𝑠 𝑢𝑚 𝑔𝑎𝑙𝑜, 𝑝𝑜𝑟𝑐𝑜𝑠, 𝑓𝑎𝑧𝑖𝑎-𝑠𝑒 𝑎𝑟𝑟𝑜𝑧”.
𝗦𝗲𝗿 𝗴𝘂𝗹𝗼𝘀𝗼 𝗲́ 𝘁𝗮𝗺𝗯𝗲́𝗺 𝗮𝗹𝗴𝗼 𝗾𝘂𝗲 𝗼 𝗰𝗮𝗿𝗮𝗰𝘁𝗲𝗿𝗶𝘇𝗮. Agora, menos, com o avançar da idade. “𝑀𝑎𝑠 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑒𝑟𝑎 𝑝𝑒𝑞𝑢𝑒𝑛𝑜, 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑖́𝑎𝑚𝑜𝑠 𝑎̀ 𝑓𝑒𝑠𝑡𝑎 – 𝑆𝑒𝑛ℎ𝑜𝑟𝑎 𝑑𝑎 𝐹𝑒́ 𝑜𝑢 𝑎̀ 𝐹𝑒𝑖𝑟𝑎 𝑑𝑎 𝐿𝑎𝑑𝑟𝑎, 𝑡𝑟𝑎𝑧𝑖́𝑎𝑚𝑜𝑠 𝑠𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒 𝑑𝑜𝑐𝑒𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑒𝑙𝑒. 𝑄𝑢𝑒𝑟𝑖𝑎 𝑠𝑎𝑏𝑒𝑟 𝑙𝑜𝑔𝑜 𝑠𝑒 𝑙ℎ𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑧𝑖́𝑎𝑚𝑜𝑠 𝑎𝑙𝑔𝑢𝑚𝑎 𝑐𝑜𝑖𝑠𝑎, 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑐ℎ𝑒𝑔𝑎́𝑣𝑎𝑚𝑜𝑠. 𝐸𝑙𝑒 𝑎𝑑𝑜𝑟𝑎𝑣𝑎; 𝑐𝑜𝑚𝑖𝑎 𝑏𝑒𝑚”.
Uma outra curiosidade partilhada foi a de que, “𝑎 𝑢́𝑛𝑖𝑐𝑎 𝑠𝑎𝑖́𝑑𝑎 𝑑𝑒𝑙𝑒 𝑓𝑜𝑖 𝑖𝑟 𝑎̀ 𝑖𝑛𝑠𝑝𝑒𝑐̧𝑎̃𝑜, 𝑝𝑜𝑟 𝑐𝑎𝑢𝑠𝑎 𝑑𝑎 𝑡𝑟𝑜𝑝𝑎, 𝑎𝑐𝑜𝑚𝑝𝑎𝑛ℎ𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑝𝑎𝑖, 𝑒 𝑔𝑜𝑠𝑡𝑜𝑢 𝑚𝑒𝑠𝑚𝑜. 𝐴 𝑣𝑖𝑑𝑎 𝑑𝑒𝑙𝑒 𝑓𝑜𝑖 𝑝𝑟𝑜𝑡𝑒𝑔𝑒𝑟 𝑎 𝑐𝑎𝑠𝑎, 𝑎𝑛𝑑𝑎𝑣𝑎 𝑠𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒 𝑐𝑜𝑚 𝑎 𝑐ℎ𝑎𝑣𝑒 𝑛𝑜 𝑏𝑜𝑙𝑠𝑜”, assegura a irmã.
Sobre a 𝗳𝗲𝘀𝘁𝗮 𝗱𝗼𝘀 𝟭𝟬𝟬 𝗮𝗻𝗼𝘀, Maria Custódia recorda que foi feita em casa, com a família. “𝑭𝒐𝒊 𝒖𝒎𝒂 𝒈𝒓𝒂𝒏𝒅𝒆 𝒂𝒍𝒆𝒈𝒓𝒊𝒂 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒆𝒍𝒆”.
O 𝗮𝗳𝗮𝗴𝗼 𝗱𝗮𝘀 𝗺𝗮̃𝗼𝘀 permanece, assim como 𝗼 𝗮𝗺𝗼𝗿 𝗱𝗲 𝗶𝗿𝗺𝗮̃𝗼𝘀, bem presente e que 𝗮𝗰𝗼𝗻𝗰𝗵𝗲𝗴𝗮 𝗼 𝗰𝗼𝗿𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗱𝗲 𝗮𝗺𝗯𝗼𝘀.
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𝑈𝑚 𝑝𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑜 𝐶𝐴𝑉𝐴, 𝑣𝑖𝑠𝑡𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑜𝑙ℎ𝑎𝑟 𝑎𝑡𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝐽𝑜𝑎̃𝑜 𝑆𝑜𝑢𝑠𝑎, 𝑓𝑜𝑡𝑜́𝑔𝑟𝑎𝑓𝑜 𝑒 𝑣𝑖𝑑𝑒𝑜́𝑔𝑟𝑎𝑓𝑜, 𝑐𝑜𝑚 𝑜 𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 𝑑𝑜 𝐼𝑛𝑠𝑡𝑖𝑡𝑢𝑡𝑜 𝑃𝑜𝑟𝑡𝑢𝑔𝑢𝑒̂𝑠 𝑑𝑜 𝐷𝑒𝑠𝑝𝑜𝑟𝑡𝑜 𝑒 𝐽𝑢𝑣𝑒𝑛𝑡𝑢𝑑𝑒, 𝐼. 𝑃. (𝐼𝑃𝐷𝐽, 𝐼. 𝑃.); 𝑂 𝐽𝑜𝑟𝑛𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑉𝑖𝑒𝑖𝑟𝑎 𝑒 𝑅𝑎́𝑑𝑖𝑜 𝐴𝑙𝑡𝑜 𝐴𝑣𝑒.