No
país de Platini, sem Cristiano Ronaldo, a partir dos 25 minutos, e um jogador
que, enquanto atleta do Adémia, marcava golos a troco de costeletas,
inesperadamente fulmina o guarda-redes francês, no prolongamento, e leva a
nossa selecção à conquista do seu primeiro título... Podia ser um sonho. Até
podia fazer parte de um argumento de um filme, mas aconteceu no Stade de
France, a 10 de Julho.
Foi
um jogo de muitos nervos. Levantar e sentar da cadeira sempre que
Sissoko levantava a relva, roer as unhas sempre que Griezmann olhava
para Rui Patrício. Mas, depois de Gignac atirar ao poste, aos 92 minutos, não
me restaram dúvidas: “Este troféu vai ser nosso”. Foi
uma vitória da garra e da determinação!
Quando
Fernando Santos referiu que só vinha no dia 11 de Julho, pensava-se que iria
até Cannes, passar uns dias de férias. E quando Eder disse que podia ser o
melhor marcador do Euro 2016, eu e milhares de portugueses rimo-nos.
Humildemente, peço desculpa ao Eder.
É verdade que Ederzito
só marcou um golo (e não foi com a canela), mas foi um tento que jamais
esquecerei, e que irei tentar imitar, quando voltar a calçar as chuteiras.
Nos festejos do golo,
senti que vários conterrâneos de Astérix e Obélix iam baixar a crista, o que me
levou a que ficasse, por instantes, sem um chinelo e em risco de ser
admoestado com a cartolina vermelha.
Abraçado a amigos, num bunker, cantamos “A Portuguesa”.
Se a minha filha quiser
colocar um poster da Patrulha Pata ou da Heidi, atrás da porta do quarto,
primeiro, terá de avaliar a possibilidade de colocar um de Ederzito António
Macedo Lopes.
Já
tivémos selecções portuguesas a jogar com mais brilho? Quero lá saber! Essas
não ganharam nada. Esta selecção foi mais sólida, pragmática e
eficaz, e devemos memorizar os nomes dos 24 campeões: Anthony
Lopes, Eduardo, Rui Patrício, Cédric, Vieirinha, Bruno Alves, José Fonte, Pepe,
Ricardo Carvalho, Eliseu, Raphaël Guerreiro, André Gomes, Adrien, Danilo, João Mário,
João Moutinho, William Carvalho, Renato Sanches, Cristiano Ronaldo, Eder, Nani,
Quaresma, Rafa e Fernando Santos.
Muitos
jogadores foram importantes, em diferentes
momentos do Euro 2016, incluindo, obviamente, o jogador nascido na freguesia de
Santo António, mas agora vou erguer Fernando Santos.
Há
cerca de um ano e meio, o engenheiro foi um dos oradores na conferência
“Olhares sobre Cultura”, que decorreu um Braga, e surpreendeu-me pela crença e
fé no trabalho que desenvolve. Pouco tempo depois, une uma equipa; provoca
explosões de alegria, por exemplo, em Díli, Nampula, Bissau e Rio de Janeiro; regressa, como “prometera”, no dia
11 de Julho, e traz o “caneco” para Portugal.
Fernando
Santos, o “nosso” bunker está de
portas abertas para o receber.
A Torre Eiffel não se
iluminou com as cores da nossa bandeira, após a conquista? Quero lá saber! Quem
não gostou da ementa, pode sempre dirigir-se a Lille, daqui a umas semanas,
almoça no restaurante Aux Éphérites, visita o Palácio das Belas-Artes e pede um autógrafo a Eder.
C'est la vie!
Consegui, finalmente,
sarar uma ferida que tinha, desde 2004.
Au revoir!
Comentário na "Rádio Alto Ave", e jornais "Geresão" e "Notícias de Vieira" (12/07/2016).