quinta-feira, 14 de julho de 2016

ÉPICO!


No país de Platini, sem Cristiano Ronaldo, a partir dos 25 minutos, e um jogador que, enquanto atleta do Adémia, marcava golos a troco de costeletas, inesperadamente fulmina o guarda-redes francês, no prolongamento, e leva a nossa selecção à conquista do seu primeiro título... Podia ser um sonho. Até podia fazer parte de um argumento de um filme, mas aconteceu no Stade de France, a 10 de Julho.
Foi um jogo de muitos nervos. Levantar e sentar da cadeira sempre que Sissoko levantava a relva, roer as unhas sempre que Griezmann olhava para Rui Patrício. Mas, depois de Gignac atirar ao poste, aos 92 minutos, não me restaram dúvidas: “Este troféu vai ser nosso”. Foi uma vitória da garra e da determinação!
Quando Fernando Santos referiu que só vinha no dia 11 de Julho, pensava-se que iria até Cannes, passar uns dias de férias. E quando Eder disse que podia ser o melhor marcador do Euro 2016, eu e milhares de portugueses rimo-nos. Humildemente, peço desculpa ao Eder.
É verdade que Ederzito só marcou um golo (e não foi com a canela), mas foi um tento que jamais esquecerei, e que irei tentar imitar, quando voltar a calçar as chuteiras.
Nos festejos do golo, senti que vários conterrâneos de Astérix e Obélix iam baixar a crista, o que me levou a que ficasse, por instantes, sem um chinelo e em risco de ser admoestado com a cartolina vermelha.
Abraçado a amigos, num bunker, cantamos “A Portuguesa”.
Se a minha filha quiser colocar um poster da Patrulha Pata ou da Heidi, atrás da porta do quarto, primeiro, terá de avaliar a possibilidade de colocar um de Ederzito António Macedo Lopes.
Já tivémos selecções portuguesas a jogar com mais brilho? Quero lá saber! Essas não ganharam nada. Esta selecção foi mais sólida, pragmática e eficaz, e devemos memorizar os nomes dos 24 campeões: Anthony Lopes, Eduardo, Rui Patrício, Cédric, Vieirinha, Bruno Alves, José Fonte, Pepe, Ricardo Carvalho, Eliseu, Raphaël Guerreiro, André Gomes, Adrien, Danilo, João Mário, João Moutinho, William Carvalho, Renato Sanches, Cristiano Ronaldo, Eder, Nani, Quaresma, Rafa e Fernando Santos.
Muitos jogadores foram importantes, em diferentes momentos do Euro 2016, incluindo, obviamente, o jogador nascido na freguesia de Santo António, mas agora vou erguer Fernando Santos.
Há cerca de um ano e meio, o engenheiro foi um dos oradores na conferência “Olhares sobre Cultura”, que decorreu um Braga, e surpreendeu-me pela crença e fé no trabalho que desenvolve. Pouco tempo depois, une uma equipa; provoca explosões de alegria, por exemplo, em Díli, Nampula, Bissau e Rio de Janeiro; regressa, como “prometera”, no dia 11 de Julho, e traz o “caneco” para Portugal.
Fernando Santos, o “nosso” bunker está de portas abertas para o receber.
A Torre Eiffel não se iluminou com as cores da nossa bandeira, após a conquista? Quero lá saber! Quem não gostou da ementa, pode sempre dirigir-se a Lille, daqui a umas semanas, almoça no restaurante Aux Éphérites, visita o Palácio das Belas-Artes e pede um autógrafo a Eder.
C'est la vie!
Consegui, finalmente, sarar uma ferida que tinha, desde 2004.
Au revoir!

Comentário na "Rádio Alto Ave", e jornais "Geresão" e "Notícias de Vieira" (12/07/2016).