Inspirando-me numa frase de
Jorge Sampaio, temos de acreditar que há mais vida para além da “coragem” de
Carlos Costa e da declaração milagreira de Teodora Cardoso.
O governador do Banco de
Portugal, Carlos Costa, teima em não pedir ajuda, ou melhor, em não se demitir,
apesar de estar perdido numa floresta densa, onde não entra um único raio de
sol.
Para auxiliar a sua orientação,
até lhe podia oferecer, sem amizade mas com apreço, uma bússola, mas não lhe vejo
outra alternativa senão içar uma bandeira branca, “impelindo-o” a ter a
seguinte reacção: “Rendo-me, povo português”.
No livro «Correcções», o
americano Jonathan Franzen lança uma
frase irónica que cai como uma luva, no homem natural da freguesia de Cesar: «Como
o mundo parecia empenhado em torturar um homem virtuoso».
Em relação a Teodora, não a
que foi esposa de Justiniano mas sim a presidente do Conselho das Finanças
Públicas, meio país (só para ser poupado) estremeceu quando ouviu: «Até certo
ponto, houve um milagre no défice». Oh, diabo!
Influenciada pelo facto de
usar uns óculos tão ou mais irreverentes como os que usava a Irmã Lúcia, e
sabendo que o Papa virá, em breve, ao Santuário de Fátima, Teodora Cardoso
ergueu a sua Fé e anunciou que testemunhou um “milagre”, justificando, assim,
um encontro com Sua Santidade. Já agora, se alguém souber de um quarto livre, em
Fátima...
Mas nem tudo foi mau, porque o
nosso Marcelo saiu a terreiro (um minuto e vinte e cinco segundos depois da
declaração de Teodora) para nos “defender”.
E, já agora, “milagre” era se,
uma vez que em 2015 foi candidata ao Prémio Nobel da Economia, o conseguisse
vencer.
Enquanto a poeira não assenta,
valha-nos o facto de o Tribunal da Relação de Lisboa ter mandado recolher o
livro do arquitecto Saraiva. Obra essa tão profunda e magnânima como o último
livro de Cavaco Silva, ou o livro «Nascemos para ser felizes», do cantor
Emanuel.
A verdade é que, nos últimos
tempos, não é necessário sair de Portugal para assistir a caricatos episódios
políticos que são tão próprios da América do Sul. Na falta do palhaço
Tiririca...
Comentário na Rádio Alto Ave e jornal Geresão.