sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

MEMÓRIAS DE UMA VIAGEM POR AMOR A VIEIRA DO MINHO

Estamos no início de um novo ano, mas vou olhar para trás.
No início de 2014, o CAVA (Associação de Vieira do Minho) começou a matutar a ideia de impulsionar, no concelho de Vieira do Minho, um projecto de arte pública, tal como se vê em lugares com uma íntima ligação à arte, onde fosse possível construir um módulo expositivo com fotografias de actividades presentes nas vinte e uma comunidades de Vieira do Minho, associando a cada fotografia um comentário de uma individualidade com raízes na comunidade. 
Alguns membros dos órgãos sociais ficaram maravilhados com a ideia, outros pensaram logo nos “riscos”, outros estavam a pensar no próximo jogo do Sport Lisboa e Benfica, mas a verdade é que chegamos à conclusão que o CAVA foi fundado para responder a este tipo de desafios.
Era hora de colocar as mãos na massa.
Nome do projecto: “Uma Viagem por Vieira do Minho”.
Fotógrafo: Tommaso Rada. De origem italiana, é um conhecedor destas terras. Participou em inúmeras publicações nacionais e internacionais, de que são exemplo, Expresso e Washington Post.
Foram escolhidas vinte e uma pessoas que se evidenciam nas áreas de artesanato, agricultura, pecuária e gastronomia: Alexandre Alves, Alice Pereira, Amélia Marques, Aurora Cruz, Benigno Sousa, Bernardino Alves, Carlos Alberto, Cipriano Martinho, Domingos Sousa, Fátima Silva, Firmino Faria, Florbela Morais, José Armando Antunes, Leandro Pereira, Manuel dos Santos, Maria do Carmo, Maria Lopes, Miguel Leite, Paulo Dias, Rui Gonçalves e Zulmira Martins.
Vinte e uma pessoas foram convidadas a comentar as fotografias: Antonieta Dias, Antonieta Machado, Armando Ferreira, Artur Gonçalves Fernandes, Cândida Pinto, Casimiro Soares, Domingos Gonçalves Dias, Elisa Barros, Fernanda Rocha, Francisco Álvares, Graça Veloso, Guilherme Aguiar, Jorge Pereira, José Marques Fernandes, Manuel Lopes, Manuel Moreira, Manuel Travessa de Matos, Nuno Monteiro, Padre Alcino Xavier, Padre Artur Jorge Gonçalves e Pedro Silva.
Posteriormente, construiu-se um módulo expositivo, que percorreu o concelho, desde o dia 22 de Dezembro de 2015 até ao dia 27 de Dezembro de 2017, e estabelecemos uma parceria com dois importantes jornais da nossa região, para a divulgação do projecto.
Adocicando com um pouco de romantismo, posso anotar que foi uma viagem por amor a Vieira do Minho, uma viagem física e afectiva, que promove a identidade do nosso povo e recupera memórias da nossa terra.
Como qualquer viagem de centenas de quilómetros, aconteceram momentos inesquecíveis. Nas sessões fotográficas, o cavalo Garrano fugiu durante nove minutos; Tommaso Rada recebeu um par de meias de lã; eu engordei um quilo e ofereceram-nos garrafas de bagaço.
E o que fizemos quando o módulo, que pesava cerca de 200 quilos, foi derrubado, por causa da chuva e ventos fortes, nas comunidades de Vieira do Minho, Campos e Parada de Bouro? Erguemo-lo, consertamo-lo e a viagem prosseguiu. É uma resposta lógica, mas que me dá um “gozo enorme”, porque as noites mal dormidas, por causa destes três acontecimentos, ficaram registadas.
Em suma, uma fascinante odisseia foi “escrita” por uma associação vieirense, viagem, essa, que prossegue. E sabem uma coisa? O concelho de Vieira do Minho tem pessoas tão encantadoras!

Comentário na Rádio Alto Ave e jornal Geresão (12/01/2018).

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

2017 COM VENTOS DE ÁFRICA



O ano de 2017 está na recta final e leio o que escrevi, no ano em que Marques Mendes pensava que a sondagem de Centeno para a presidência do Eurogrupo «era uma partidinha do dia das mentiras».
Cheguei a uma rápida conclusão: Teodora Cardoso, Donald Trump e Vladimir Putin estão no saco da mediocridade. Mas, poderão perguntar: o que fez a Teodora para acompanhar, desconfortavelmente, estes dois “pesos-pesados”? A presidente do Conselho das Finanças Públicas referiu o seguinte: «Até certo ponto, houve um milagre no défice». Relembro que “milagre” era se, uma vez que em 2015 foi candidata ao Prémio Nobel da Economia, o conseguisse vencer.
Se Trump tudo fez, e continua a fazer, para estar neste saco, Putin, como é mais hábil e inteligente, foi-se “escondendo”, mas depois de a violência doméstica ter deixado de ser crime na Rússia…
Enfim, valha-nos as notas positivas a Macron e Marcelo (não sei se, afinal, dormir pouco é que é a solução para obter bons resultados) e as lufadas de ar fresco das novas lideranças em Angola e Zimbabwe.
Já as eleições autárquicas confirmaram um ano positivo para António Costa (o PS obteve um excelente resultado, a geringonça não está em perigo, a economia está de boa saúde e a eleição de Centeno é prestigiante, se bem que Pedrogão, Tancos e Infarmed...), deram a estocada final a Passos Coelho que andava à deriva (agora, a esquerda deseja Santana Lopes), permitiram a Assunção Cristas ganhar terreno, não abalaram Catarina Martins e colocaram Jerónimo de Sousa em cima de uma placa tectónica.
Um ano também marcado pelo desaparecimento de um lutador sem medo. A memória de Mário Soares perdurará, o que me leva a Imre Kertész: «(...) Os muros estreitos das prisões não conseguem reprimir as asas da imaginação».
A entrega do Prémio Nobel da Literatura a Kazuo Ishiguro também merece nota de destaque. Depois de um terço do mundo ter ficado sem reacção, no ano passado, com o facto de Bob Dylan ter sido galardoado, existia a esperança de que a fasquia voltasse a ser elevada.
Agora, são 00h50. A minha filha dorme, tranquilamente, nos últimos minutos, e, como sou uma espécie de Macron e Marcelo, no que toca às horas de sono, vou tentar seguir a leitura do livro “Os Despojos do Dia”, de Ishiguro.

Boas festas!

            Comentário na Rádio Alto Ave e jornal Geresão (12/12/2017).