Estamos
no início de um novo ano, mas vou olhar para trás.
No
início de 2014, o CAVA (Associação de Vieira do Minho) começou a matutar a
ideia de impulsionar, no concelho de Vieira do Minho, um projecto de arte
pública, tal como se vê em lugares com uma íntima ligação à arte, onde fosse
possível construir um módulo expositivo com
fotografias de actividades presentes nas vinte e uma comunidades de Vieira do
Minho, associando a cada fotografia um comentário de uma individualidade com
raízes na comunidade.
Alguns
membros dos órgãos sociais ficaram maravilhados com a ideia, outros pensaram
logo nos “riscos”, outros estavam a pensar no próximo jogo do Sport Lisboa e Benfica,
mas a verdade é que chegamos à conclusão que o CAVA foi fundado para responder
a este tipo de desafios.
Era
hora de colocar as mãos na massa.
Nome
do projecto: “Uma Viagem por Vieira do Minho”.
Fotógrafo:
Tommaso Rada. De origem italiana, é um
conhecedor destas terras. Participou
em inúmeras publicações nacionais e internacionais, de que são exemplo,
Expresso e Washington Post.
Foram escolhidas vinte e uma pessoas que se evidenciam
nas áreas de artesanato, agricultura, pecuária e gastronomia: Alexandre
Alves, Alice
Pereira,
Amélia Marques, Aurora
Cruz, Benigno Sousa, Bernardino Alves,
Carlos Alberto, Cipriano
Martinho, Domingos
Sousa,
Fátima Silva, Firmino
Faria, Florbela
Morais, José
Armando Antunes, Leandro
Pereira, Manuel
dos Santos, Maria
do Carmo, Maria
Lopes, Miguel Leite, Paulo
Dias, Rui
Gonçalves e Zulmira
Martins.
Vinte e uma pessoas foram convidadas a comentar as
fotografias: Antonieta Dias, Antonieta Machado, Armando Ferreira, Artur
Gonçalves Fernandes, Cândida Pinto, Casimiro Soares, Domingos Gonçalves Dias,
Elisa Barros, Fernanda Rocha, Francisco Álvares, Graça Veloso, Guilherme
Aguiar, Jorge Pereira, José Marques Fernandes, Manuel Lopes, Manuel Moreira,
Manuel Travessa de Matos, Nuno Monteiro, Padre Alcino Xavier, Padre Artur Jorge
Gonçalves e Pedro Silva.
Posteriormente,
construiu-se um módulo expositivo,
que percorreu o concelho, desde o dia 22 de Dezembro de 2015 até ao dia 27 de
Dezembro de 2017, e estabelecemos uma parceria com dois importantes
jornais da nossa região, para a divulgação do projecto.
Adocicando
com um pouco de romantismo, posso anotar que foi uma viagem por amor a Vieira do Minho, uma
viagem física e afectiva, que
promove a identidade do nosso povo e recupera memórias da nossa terra.
Como
qualquer viagem de centenas de quilómetros, aconteceram momentos inesquecíveis. Nas sessões fotográficas, o cavalo Garrano
fugiu durante nove minutos; Tommaso Rada recebeu um par de meias de lã; eu
engordei um quilo e ofereceram-nos garrafas de bagaço.
E o
que fizemos quando o módulo, que pesava cerca de 200 quilos, foi derrubado, por
causa da chuva e ventos fortes, nas comunidades de Vieira do Minho, Campos e
Parada de Bouro? Erguemo-lo, consertamo-lo e a viagem prosseguiu. É uma
resposta lógica, mas que me dá um “gozo enorme”, porque as noites mal dormidas,
por causa destes três acontecimentos, ficaram registadas.
Em suma, uma fascinante odisseia foi “escrita” por uma
associação vieirense, viagem, essa, que prossegue. E sabem uma coisa? O
concelho de Vieira do Minho tem pessoas tão encantadoras!
Comentário na Rádio Alto Ave e jornal Geresão (12/01/2018).