O ano de 2017 está na recta final e leio o que escrevi, no ano em que
Marques Mendes pensava que a sondagem de Centeno para a presidência do
Eurogrupo «era uma partidinha do dia das mentiras».
Cheguei a uma rápida conclusão: Teodora Cardoso, Donald Trump e Vladimir
Putin estão no saco da mediocridade. Mas, poderão perguntar: o que fez a
Teodora para acompanhar, desconfortavelmente, estes dois “pesos-pesados”? A
presidente do Conselho das Finanças Públicas referiu o seguinte: «Até certo
ponto, houve um milagre no défice». Relembro que “milagre” era se, uma
vez que em 2015 foi candidata ao Prémio Nobel da Economia, o conseguisse
vencer.
Se Trump tudo fez, e continua a fazer, para estar neste saco, Putin, como é
mais hábil e inteligente, foi-se “escondendo”, mas depois de a violência
doméstica ter deixado de ser crime na Rússia…
Enfim, valha-nos as notas positivas a Macron e Marcelo (não sei se, afinal,
dormir pouco é que é a solução para obter bons resultados) e as lufadas de ar
fresco das novas lideranças em Angola e Zimbabwe.
Já as eleições autárquicas confirmaram um ano positivo para António Costa
(o PS obteve um excelente resultado, a geringonça não está em perigo, a
economia está de boa saúde e a eleição de Centeno é prestigiante, se bem que
Pedrogão, Tancos e Infarmed...), deram a estocada final a Passos Coelho que
andava à deriva (agora, a esquerda deseja Santana Lopes), permitiram a Assunção
Cristas ganhar terreno, não abalaram Catarina Martins e colocaram Jerónimo de
Sousa em cima de uma placa tectónica.
Um ano também marcado pelo desaparecimento de um lutador sem medo. A
memória de Mário Soares perdurará, o que me leva a Imre Kertész: «(...) Os muros estreitos das prisões não
conseguem reprimir as asas da imaginação».
A entrega do Prémio Nobel da Literatura a Kazuo Ishiguro também merece nota
de destaque. Depois de um terço do mundo ter ficado sem reacção, no ano
passado, com o facto de Bob Dylan ter sido galardoado, existia a esperança de
que a fasquia voltasse a ser elevada.
Agora, são 00h50. A minha filha dorme, tranquilamente, nos últimos minutos,
e, como sou uma espécie de Macron e Marcelo, no que toca às horas de sono, vou
tentar seguir a leitura do livro “Os Despojos do Dia”, de Ishiguro.
Boas festas!
Comentário na Rádio Alto Ave e jornal Geresão (12/12/2017).
Comentário na Rádio Alto Ave e jornal Geresão (12/12/2017).