quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

2017 COM VENTOS DE ÁFRICA



O ano de 2017 está na recta final e leio o que escrevi, no ano em que Marques Mendes pensava que a sondagem de Centeno para a presidência do Eurogrupo «era uma partidinha do dia das mentiras».
Cheguei a uma rápida conclusão: Teodora Cardoso, Donald Trump e Vladimir Putin estão no saco da mediocridade. Mas, poderão perguntar: o que fez a Teodora para acompanhar, desconfortavelmente, estes dois “pesos-pesados”? A presidente do Conselho das Finanças Públicas referiu o seguinte: «Até certo ponto, houve um milagre no défice». Relembro que “milagre” era se, uma vez que em 2015 foi candidata ao Prémio Nobel da Economia, o conseguisse vencer.
Se Trump tudo fez, e continua a fazer, para estar neste saco, Putin, como é mais hábil e inteligente, foi-se “escondendo”, mas depois de a violência doméstica ter deixado de ser crime na Rússia…
Enfim, valha-nos as notas positivas a Macron e Marcelo (não sei se, afinal, dormir pouco é que é a solução para obter bons resultados) e as lufadas de ar fresco das novas lideranças em Angola e Zimbabwe.
Já as eleições autárquicas confirmaram um ano positivo para António Costa (o PS obteve um excelente resultado, a geringonça não está em perigo, a economia está de boa saúde e a eleição de Centeno é prestigiante, se bem que Pedrogão, Tancos e Infarmed...), deram a estocada final a Passos Coelho que andava à deriva (agora, a esquerda deseja Santana Lopes), permitiram a Assunção Cristas ganhar terreno, não abalaram Catarina Martins e colocaram Jerónimo de Sousa em cima de uma placa tectónica.
Um ano também marcado pelo desaparecimento de um lutador sem medo. A memória de Mário Soares perdurará, o que me leva a Imre Kertész: «(...) Os muros estreitos das prisões não conseguem reprimir as asas da imaginação».
A entrega do Prémio Nobel da Literatura a Kazuo Ishiguro também merece nota de destaque. Depois de um terço do mundo ter ficado sem reacção, no ano passado, com o facto de Bob Dylan ter sido galardoado, existia a esperança de que a fasquia voltasse a ser elevada.
Agora, são 00h50. A minha filha dorme, tranquilamente, nos últimos minutos, e, como sou uma espécie de Macron e Marcelo, no que toca às horas de sono, vou tentar seguir a leitura do livro “Os Despojos do Dia”, de Ishiguro.

Boas festas!

            Comentário na Rádio Alto Ave e jornal Geresão (12/12/2017).