quarta-feira, 22 de novembro de 2017

O PRESIDENTE NO TWITTER E NO GOLFE

“(...) Para algumas pessoas, a ignorância é uma venda que confundem com lentes correctivas”. Nada melhor que começar com uma frase de um dos grandes talentos da literatura americana, Anthony Marra, no livro “O Czar do Amor e do Tecno”.
Com ou sem “lentes correctivas”, o que se sabe claramente é que Trump foi eleito, há cerca de um ano, e o “circo” continua montado, nos Estados Unidos da América, exibindo números dignos de pertencer a um espectáculo de Victor Hugo Cardinali. 
Se, ao logo deste tempo, publicou mais de 2400 tweets e, segundo a imprensa norte-americana, passou 25% do seu tempo como Presidente a jogar golfe, surge, imediatamente, uma pergunta: o que terá feito no pouco tempo que lhe restou?
Se há pessoa ambiciosa, essa pessoa é Donald John Trump. Lembram-se de ter prometido, no discurso da vitória, que a economia ia crescer o dobro? Inicialmente, a “máquina” começou a todo o gás, mas depois “parou” (as últimas previsões de crescimento da economia dos Estados Unidos, para o ano que decorre, já estão dentro dos valores dos últimos quatro anos). Indo de encontro ao que escreveu Marra, no livro supracitado: “O motor fez vruuuuuum, mas a gravidade exerceu mais força do que o motor”.
E a destruição do Obamacare? Vontade não falta a Trump, mas a vontade não chega já que os republicanos, no Congresso, parece que não estão para alinhar em fanfarrices. Mas a verdade é que Trump também tinha vontade de olhar para o eclipse sem óculos, e olhou.
Agora, é o momento de baterem palmas e agitarem bandeiras: já saíram os protótipos para o muro com o México. Esperando que não passem de protótipos, o meu grande medo, neste momento, é se o Presidente vier a desejar pisar a Lua!
Podem arrumar as bandeiras: a NATO, que era obsoleta, afinal não o é; provoca Cuba; com tantas demissões, o reboliço na Casa Branca é marca Trump; espicaça, desnecessariamente, o Irão e Trump está para os imigrantes e para o ambiente como Bashar al-Assad está para a paz. 
É por estas, e por tantas outras, que a sua popularidade é a mais baixa para um Presidente dos EUA. Anthony Marra também anotou: “Transformar eu faria em eu fiz é a gramática do crescimento”.
Em suma, a viagem de Mr. Trump começa num tweet e vai acabar numa tacada.

Comentário na Rádio Alto Ave e jornal Geresão (13/11/2017).