Antes de
iniciar uma espécie de relato de uma aventura no país de Nicole Kidman, não posso deixar de anotar o meu contentamento pela
jogada de Theresa May ter corrido tão
bem como o remate do francês Gignac,
no minuto 91, no jogo contra Portugal.
Depois de
agarrar no globo terrestre e colocá-lo a girar, fechei os olhos e o dedo
indicador da mão direita fixou algures no Oceano Pacífico.
"Simplifiquei", optando pela Austrália.
Passados
uns meses, encontro-me no Porto. É segunda-feira! Faço escala em Frankfurt, Singapura e Kuala Lumpur, chegando, por fim, a Sydney. É quarta-feira!
Logo após
de explicar a dois polícias australianos o que vinha fazer a um dos seis
maiores países do mundo, coloquei os dois pés no exterior do aeroporto e, um
pouco atordoado à procura do comboio, um homem com mais de 1,82 metros de
altura vem ter comigo e pergunta-me se preciso de ajuda. Pensei: "Isto é a
Austrália! Povo acolhedor".
Em pouco
tempo, cheguei ao centro de Sydney.
Não sentindo os efeitos do jet lag,
pousei a mala no alojamento, coloquei uma mochila às costas e iniciei a minha
viagem terrestre. Com a energia no máximo, fazendo-me lembrar o jogo Street of Fighter, dirijo-me à histórica
Ponte da Baía de Sydney. Certamente
recordada por todos, aquando da passagem de ano. Dei seis voltas a um dos
pilares da ponte, para aproveitar uma vista deslumbrante da cidade.
Depois,
passei no bairro histórico The Rocks
e avancei até à Ópera de Sydney.
Aproximo-me e as selfies de milhares
de asiáticos quase que encobrem o edifício. Isto, dependendo da perspectiva.
Mas o que interessa, realmente, é que fiquei estarrecido pela grandiosidade e
beleza da Ópera de Sydney. Pardon, Torre Eiffel, mas passaste para número dois.
Com 10
quilómetros nas pernas, pensei em parar, mas fui ainda visitar a Torre de Sydney, que me permitiu ver a força
nocturna da cidade. Aqui, conheci um indiano que me deu o primeiro sinal de que
actualmente, na Ásia e Oceânia, Portugal é sinónimo de Cristiano Ronaldo.
No dia
seguinte, desbravei vários espaços verdes e fui à Galeria de Arte de Nova Gales
do Sul. Entrei, vi várias exposições de arte, nomeadamente, australiana, e,
depois, para minha grande surpresa, vi obras de Cézanne, Monet, Vincent van Gogh e Picasso.
Estava na
hora de partir para as Montanhas Azuis, que ficam a cerca de 60 quilómetros de Sydney. O que fui lá fazer? Explorar uma
região de grande beleza, e, se possível, correr 100 quilómetros no ‘Ultra-Trail
Australia’. Era uma prova do circuito
mundial. Consegui!
Arrancaram cerca de 1275 atletas e terminei na posição 375, com um tempo
inferior às 16 horas.
No
"meu quartel-general", estavam mais três japoneses e um brasileiro. A
educação, a cortesia e a força mental do povo japonês são surpreendentes. Só
espero que, na próxima vez, o dedo indicador da mão direita "escolha"
o país de Murakami.
De regresso
a Sydney, tinha de cumprir um
"requisito obrigatório" para quem visita este país, e que é ir ver
coalas e cangurus. No jardim zoológico de Taronga,
fiquei a saber que as probabilidades de encontrar um coala a dormir são as
mesmas que o Ronaldo marcar uma grande penalidade.
Antes de
abandonar o país, visitei a famosa praia de Bondi.
Sem avistar tubarões, foram os surfistas que comandaram. De facto, este é um
país que tem uma ligação especial com o mar; que preserva a memória do seu
passado e das suas gentes.
Em termos
gastronómicos, a luminosidade é menor. Não há problema! Repete-se o prato com a
carne da raça Angus.
Num dos
países mais apaixonantes do mundo, é fácil aprender-se a amá-lo.
Na viagem
de regresso, "mergulho" em Singapura e emociono-me no
aeroporto de Frankfurt, depois de
terminar a leitura do livro «A Estrada», de Cormac
McCarthy.
Comentário na Rádio Alto Ave e jornal Geresão (12/06/2017).