segunda-feira, 26 de junho de 2017

UMA AVENTURA CHAMADA AUSTRÁLIA


Antes de iniciar uma espécie de relato de uma aventura no país de Nicole Kidman, não posso deixar de anotar o meu contentamento pela jogada de Theresa May ter corrido tão bem como o remate do francês Gignac, no minuto 91, no jogo contra Portugal.
Depois de agarrar no globo terrestre e colocá-lo a girar, fechei os olhos e o dedo indicador da mão direita fixou algures no Oceano Pacífico. "Simplifiquei", optando pela Austrália.
Passados uns meses, encontro-me no Porto. É segunda-feira! Faço escala em Frankfurt, Singapura e Kuala Lumpur, chegando, por fim, a Sydney. É quarta-feira!
Logo após de explicar a dois polícias australianos o que vinha fazer a um dos seis maiores países do mundo, coloquei os dois pés no exterior do aeroporto e, um pouco atordoado à procura do comboio, um homem com mais de 1,82 metros de altura vem ter comigo e pergunta-me se preciso de ajuda. Pensei: "Isto é a Austrália! Povo acolhedor".
Em pouco tempo, cheguei ao centro de Sydney. Não sentindo os efeitos do jet lag, pousei a mala no alojamento, coloquei uma mochila às costas e iniciei a minha viagem terrestre. Com a energia no máximo, fazendo-me lembrar o jogo Street of Fighter, dirijo-me à histórica Ponte da Baía de Sydney. Certamente recordada por todos, aquando da passagem de ano. Dei seis voltas a um dos pilares da ponte, para aproveitar uma vista deslumbrante da cidade.
Depois, passei no bairro histórico The Rocks e avancei até à Ópera de Sydney. Aproximo-me e as selfies de milhares de asiáticos quase que encobrem o edifício. Isto, dependendo da perspectiva. Mas o que interessa, realmente, é que fiquei estarrecido pela grandiosidade e beleza da Ópera de Sydney. Pardon, Torre Eiffel, mas passaste para número dois.
Com 10 quilómetros nas pernas, pensei em parar, mas fui ainda visitar a Torre de Sydney, que me permitiu ver a força nocturna da cidade. Aqui, conheci um indiano que me deu o primeiro sinal de que actualmente, na Ásia e Oceânia, Portugal é sinónimo de Cristiano Ronaldo.
No dia seguinte, desbravei vários espaços verdes e fui à Galeria de Arte de Nova Gales do Sul. Entrei, vi várias exposições de arte, nomeadamente, australiana, e, depois, para minha grande surpresa, vi obras de Cézanne, Monet, Vincent van Gogh e Picasso.
Estava na hora de partir para as Montanhas Azuis, que ficam a cerca de 60 quilómetros de Sydney. O que fui lá fazer? Explorar uma região de grande beleza, e, se possível, correr 100 quilómetros no ‘Ultra-Trail Australia’. Era uma prova do circuito mundial. Consegui! Arrancaram cerca de 1275 atletas e terminei na posição 375, com um tempo inferior às 16 horas.
No "meu quartel-general", estavam mais três japoneses e um brasileiro. A educação, a cortesia e a força mental do povo japonês são surpreendentes. Só espero que, na próxima vez, o dedo indicador da mão direita "escolha" o país de Murakami. 
De regresso a Sydney, tinha de cumprir um "requisito obrigatório" para quem visita este país, e que é ir ver coalas e cangurus. No jardim zoológico de Taronga, fiquei a saber que as probabilidades de encontrar um coala a dormir são as mesmas que o Ronaldo marcar uma grande penalidade.
Antes de abandonar o país, visitei a famosa praia de Bondi. Sem avistar tubarões, foram os surfistas que comandaram. De facto, este é um país que tem uma ligação especial com o mar; que preserva a memória do seu passado e das suas gentes.
Em termos gastronómicos, a luminosidade é menor. Não há problema! Repete-se o prato com a carne da raça Angus.
Num dos países mais apaixonantes do mundo, é fácil aprender-se a amá-lo.
Na viagem de regresso, "mergulho" em Singapura e emociono-me no aeroporto de Frankfurt, depois de terminar a leitura do livro «A Estrada», de Cormac McCarthy.

Comentário na Rádio Alto Ave e jornal Geresão (12/06/2017).