quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

TEMAS QUE AQUECEM OS DIAS MAIS FRIOS...

A geada chegou em força. Pinceladas de branco predominam nos campos, e quem agradece são as couves. A geada torna-as mais tenras e dá-lhes sabor. Estou certo, Alice Pereira?
Está o caminho aberto para as nossas Couves com Feijões. Qual queijo com marmelada, qual quê! A melhor combinação é couve-galega com feijão amarelo. As carnes de suíno são a cereja no topo do bolo, ou melhor, do cozido. A energia dispara. Cozinhado, ou não, num pote de ferro, é sempre um prato de excelência, que resiste no tempo e vence a gastronomia molecular!
Já os cogumelos silvestres começam a escassear, nas áreas que exploro e, assim, resta-me ir ao congelador e desviar a pescada que está na terceira prateleira. Estou certo que, sob a pescada, e aconchegado por um frango criado no campo da minha sogra, encontrarei os boletos que colhi, no dia 6 de Novembro. Ou seja, estou quase como os esquilos e as bolotas.
Movo o holofote! Nos últimos dias, somos informados que ofereceram um burro a Greta Thunberg, para fazer a viagem de Lisboa a Madrid. É uma ideia original e amiga do ambiente.
Não sei quantos dias são precisos, para completar a viagem, e pouco importa se opta por ir de burro de Lisboa a Badajoz, se, depois, vai de camelo de Badajoz a Madrid, terminando os últimos 100 metros ao pé-coxinho. O que sei é que é uma menina que diz, a alguns dos homens mais poderosos do mundo, o que poucos tiveram coragem de dizer (e tantos já tiveram essa oportunidade...).
Entrar numa espiral de comparar a acção de Greta com a de outros jovens activistas pelo clima, é seguir o mesmo caminho que as ovelhas, quando vão para mato.
Agora, sento-me no sofá, relembro o meu passado e anoto num bloco: nunca tive ligações à maçonaria. Fiz este registo, após o debate entre os três candidatos à liderança do PSD, onde o vencedor foi António Costa, e onde se falou mais da maçonaria do que do futuro do país.
A propósito destas supostas ligações à dita Ordem, gostava que Olga Tokarczuk visitasse Vieira do Minho, depois da ida a Estocolmo, para a cerimónia de entrega dos Prémios Nobel. Sentava-se à mesa e, antes da chegada da refeição principal (oportunidade para uma polaca avaliar as nossas Couves com Feijões), pedia-lhe que dissesse, em voz alta, uma pequena frase que a sua narradora fez referência, no livro “Conduz o Teu Arado sobre os Ossos dos Mortos”, e que se torna oportuna: “Gestos de domínio, insígnias de poder”.
Já agora, o mais perto que estive de pertencer ao trabalho maçónico, foi quando me tornei adulto. Passei a reunir, constantemente, à volta da mesa, com amigos, num espaço subterrâneo de 50 metros quadrados, de difícil acesso, razoavelmente iluminado, escassamente ventilado e sem rede móvel...!

Comentário na Rádio Alto Ave, no jornal Geresão e na Cidadania Vieirense (10/12/2019). Fotografia: Tommaso Rada/CAVA.